
Bel�m, 26 - Ap�s informar erroneamente o destino da embarca��o e dizer que transportava apenas dois passageiros, Alcimar Almeida da Silva, o propriet�rio do barco Capit�o Ribeiro, que afundou no Rio Xingu, ser� indiciado pela pol�cia do Par�. “O propriet�rio incorreu no crime de ter colocado em risco a vida das pessoas”, afirmou o delegado �lcio de Deus, de Porto de Moz, munic�pio onde morava a maioria das v�timas. A embarca��o naufragou com 52 pessoas na ter�a-feira, deixando 23 mortos e 2 desaparecidos, segundo as informa��es oficiais.
Uma possibilidade de indiciamento � pelo artigo 261 do C�digo Penal, que prev� pena de 4 a 12 anos de pris�o para quem “expor a perigo embarca��o ou aeronave, pr�pria ou alheia” e o fato resultar em “naufr�gio, submers�o ou encalhe”.
Na quarta-feira, a Ag�ncia Estadual de Regula��o e Controle de Servi�os P�blicos (Arcon-PA) revelou que o barco de Silva j� havia sido autuado em junho por n�o ter autoriza��o para transportar passageiros. Mesmo assim, continuava a fazer normalmente viagens uma vez por semana no trajeto entre Santar�m e Vit�ria do Xingu.
Silva disse em seu depoimento que h� cerca de tr�s anos viajava com autoriza��o da Marinha at� o munic�pio de Prainha, uma dist�ncia de 170 quil�metros. Ocorre que, no dia em que o barco afundou, a rota era outra, para Vit�ria do Xingu, um percurso de 380 quil�metros, sem aval oficial.
Segundo a Marinha, sempre que uma embarca��o se desloca deve ser feito um “despacho de sa�da”, informando o percurso. No caso da Capit�o Ribeiro, s� h� despacho com prazo at� 20 de outubro deste ano para o trajeto Santar�m-Prainha.
Al�m disso, antes da viagem que resultou no naufr�gio, Silva mentiu para a Capitania dos Portos ao declarar que transportava apenas 2 passageiros - e n�o os 52 que embarcaram em Santar�m. Ap�s o i�amento do barco naufragado do fundo do Rio Xingu, na manh� desta sexta-feira, 25, os bombeiros ficaram surpresos ao encontrarem um autom�vel dentro da embarca��o.
Segundo autoridades portu�rias, o ve�culo poderia ser transportado somente por balsa e n�o em uma embarca��o destinada exclusivamente a passageiros. “N�o � adequado transportar um carro nesse tipo de embarca��o, porque ele pesa toneladas e o centro de gravidade do barco sobe, sujeitando-o a ficar com menor estabilidade e emborcamento”, afirmou o engenheiro naval Hito Moraes.
Mortos e sobrevivente
Na manh� desta sexta-feira, os corpos de duas crian�as foram localizados. De acordo com o governo do Estado, as v�timas s�o uma menina com idade entre 8 e 10 anos e um menino, com idade aproximada entre 1 e 3 anos. As, crian�as estavam no por�o do barco e foram localizadas durante a retirada de mercadorias estocadas na �rea.
Os corpos foram levados para o munic�pio de Porto de Moz, onde est� concentrada a estrutura montada de per�cia m�dica. Com isso, o n�mero de mortos chega a 23. H� 27 sobreviventes e dois desaparecidos, segundo informa��es do Par�.
As buscas continuar�o at� que sejam localizadas todas as v�timas do naufr�gio. Ontem foi localizado mais um sobrevivente. Israel da Silva Souza passou por Vit�ria do Xingu, onde recebeu atendimento, e estava em Altamira. Todos os sobreviventes devem receber apoio psicol�gico do governo do Estado, considerando as possibilidades de trauma e depress�o.
Causas
Tamb�m continuam as investiga��es sobre as causas do acidente. Para especialistas em meteorologia � duvidoso que uma forte tromba d’�gua, assemelhada a um “tornado”, tenha feito a embarca��o virar, como apontaram inicialmente as testemunhas. � Rede Liberal, o coordenador do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Jos� Raimundo Abreu de Sousa, destacou a import�ncia de se observar a din�mica dos ventos no momento da trag�dia. “Ventos girando em torno de 60 km por hora seriam uma possibilidade.” Imagens por sat�lite feitas pelo Sistema de Prote��o da Amaz�nia apontam para forte temporal na hora do acidente, com vendavais pass�veis at� de destelhar casas.
(Carlos Mendes, rspecial para o Estado)