Goi�nia, Rio e S�o Paulo, 21 - O adolescente de 14 anos que atirou e matou dois alunos e feriu outros quatro no Col�gio Goyases, em Goi�nia, era estudioso, segundo colegas. Mas, de acordo com eles, o menino tem comportamento estranho e perde a paci�ncia com provoca��es. Jo�o Pedro, um dos dois mortos, era o que mais irritava o atirador.
“Essa informa��o que est�o dando sobre meu filho ser o desafeto dele � falsa”, disse o publicit�rio Leonardo Calembo, pai de Jo�o Pedro, seu primog�nito e uma das v�timas. “Acordei, fiz um carinho nele e fiz uma ora��o antes dele descer e disse que o amava. Eu falei isso pra ele hoje, costumava falar todos os dias. Ele me mandou um beijo e disse que me amava. Tenho certeza que ele se foi sabendo que o pai o amava.”
Na avalia��o de Calembo, houve falha dos pais do autor do crime, que eram policiais militares e tinham armas guardadas em casa. “Cabe ver com os pais [do atirador] porque ele teve esse acesso [a uma arma]. Isso foi uma falha dos pais. A arma deveria estar em um cofre.”
O atirador era constantemente chamado de “fedorento”, e colegas chegaram at� a levar um desodorante � escola para provoc�-lo. Procurado nesta sexta-feira, 20, por telefone, um diretor da escola, abalado, preferiu n�o se manifestar.
“Numa prova de �tica, ele desenhou o s�mbolo nazista e, em uma roda liter�ria, levou um livro sat�nico”, relatou uma menina da turma. O epis�dio, disse, foi em 2016. O rapaz era “estranho e frio”, contou outra estudante. “Se voc� fizesse uma brincadeira, ele falava que ia te levar para o inferno, que ia matar sua fam�lia e te matar.”
Segundo a Pol�cia Civil, o crime foi premeditado. “Ele pensava em se vingar h� aproximadamente dois meses”, disse o delegado Luiz Gonzaga, da Delegacia de Pol�cia de Apura��o de Atos Infracionais, para onde o garoto foi levado. A motiva��o principal foi um garoto que o “amolava muito”, que seria Jo�o Pedro.
O atirador admitiu ter feito pesquisas no Google e no YouTube para aprender a carregar a arma da m�e, que estava em um m�vel da casa da fam�lia. Ele n�o pediu desculpas, disse a pol�cia, mas se mostrou arrependido.
Uma coordenadora do col�gio foi respons�vel por convencer o atirador a parar, quando ele recarregava a pistola .40 da m�e. Diante dela, com quem o adolescente tem um bom relacionamento, ele reagiu apontando a arma para a pr�pria cabe�a, em sinal de amea�a de suic�dio.
Em seguida, baixou a pistola, deu um tiro no ch�o e gritou: "Chamem a pol�cia". Nesta hora, ele travou a arma e aceitou ir com a coordenadora � biblioteca. De l�, foi conduzido para a delegacia. A coordenadora, que teve o nome preservado na investiga��o, prestou depoimento.
Havia buracos de tiros, segundo a pol�cia, pelas paredes e manchas de sangue desde o terceiro andar, onde fica a sala em que aconteceu o tiroteio, at� o t�rreo. A per�cia identificou preliminarmente ao menos 11 c�psulas de balas.