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Estado de Minas

J�ri estava contaminado ao condenar casal Nardoni, afirma defesa

Advogado do casal tenta reduzir a pena dos dois, condenados em 2010 pela morte de Isabella Nardoni. Veja a entrevista com Roberto Podval


postado em 24/03/2018 11:36 / atualizado em 24/03/2018 12:26

Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foram considerados culpados durante o julgamento ocorrido em 2010(foto: Grizar Junior/Futura Press)
Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatob� foram considerados culpados durante o julgamento ocorrido em 2010 (foto: Grizar Junior/Futura Press)
S�o Paulo, 24 - O j�ri estava contaminado ao condenar Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatob�. A repercuss�o do caso fez com que os r�us virassem culpados antes do julgamento. � o que prop�e o advogado de defesa do casal, Roberto Podval, que recorre ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reduzir a pena dos dois e j� prepara o pr�ximo habeas corpus pedindo um novo j�ri que, em tese, poderia acontecer em 2019. "Os jurados foram para l� tendo de condenar, ou seriam condenados pela sociedade", defende.

Na pris�o, Nardoni e Jatob� trabalham e t�m comportamento "exemplar", diz Podval. Apesar de estarem em unidades diferentes, os dois continuam juntos. Ela, no regime semiaberto, pode deixar o pres�dio em datas comemorativas - a primeira foi no Dia das Crian�as. O benef�cio pode ser concedido a Nardoni pela Justi�a at� o fim do ano, estima a defesa.

No j�ri, a estrat�gia da defesa foi apontar falhas na investiga��o e sugerir a tese de que outra pessoa matou Isabella?

Eu tinha uma limita��o, absoluta e indiscut�vel: a negativa de autoria do casal. N�o tenho o direito de pedir para contarem uma hist�ria que n�o � a que me dizem ser a verdadeira. Como estrat�gia, poderia pensar que se um deles assumisse a responsabilidade, o outro estaria solto. Mas os dois, at� hoje, negam categoricamente. Isso � forte e coloca uma d�vida: eles n�o podem estar falando a verdade? Ent�o s� podem ter acontecido duas coisas. Ou a menina cortou a tela, foi olhar pela janela e caiu - o que, embora poss�vel, n�o era prov�vel. Ou algu�m pode ter feito isso, uma terceira pessoa.

E como seria a cena do crime?

N�o sei o que aconteceu, mas posso assegurar que a acusa��o, montada daquela forma, n�o � verdadeira. Fizeram maquete, laudo, descri��o do crime. E n�o bate. O grande problema � que n�o t�nhamos ambiente para contestar. As pessoas estavam fechadas. Se a gente tivesse colhido os votos antes do j�ri, o resultado seria o mesmo. Esse � o peso que vamos trazer no pr�ximo habeas corpus: � poss�vel validar um j�ri feito nessas condi��es? Nos Estados Unidos, pessoas conseguiram anular o j�ri por for�a da press�o midi�tica. No Brasil, esse assunto nunca foi questionado no tribunal.

Tecnicamente, quais seriam as falhas de investiga��o?

Os peritos partiram do convencimento de que o casal cometeu o crime e foram buscar as provas criminais. N�o partiram do fato para buscar o que aconteceu.

O senhor chegou a ser agredido no f�rum por defender os Nardoni. Foi amea�ado depois?

A gente era muito mal visto. Tenho uma filha que era da idade dela (Isabella). Era duro chegar em casa e tentar explicar, com o col�gio inteiro falando que o pai dela defendia algu�m que jogou uma crian�a pela janela. Imagina eu, que sou pai separado, e minha filha pedir para um amiguinho dormir l� em casa. Eu ia pedir autoriza��o, me olhavam torto. Ia ao supermercado, as pessoas batiam o carrinho em mim. Clientes n�o entendiam. Muitos advogados negaram a causa.

A ida de Anna Jatob� para o semiaberto causou repercuss�o negativa. O senhor credita a qu�?

A sociedade ainda n�o est� preparada para viver em uma democracia. Um caso muito parecido com esse � o de Madeleine (crian�a inglesa que desapareceu quando passava f�rias com os pais em Portugal, em 2007). A pol�cia acusa os pais de terem matado a filha e os pais negam. E a sociedade inglesa abriu uma conta para depositar dinheiro e ajudar com advogado. Todos entendiam que eles deveriam ser considerados inocentes porque ningu�m sabia o que aconteceu. Essa � uma sociedade mais madura. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo. (Felipe Resk)


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