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Estado de Minas

Dez anos ap�s o assassinato, m�e de Isabella Nardoni refaz a vida

O assassinato de Isabella, em 29 de mar�o de 2008, atraiu holofotes do Brasil inteiro e at� houve pedido para a Justi�a transmitir ao vivo o julgamento


postado em 24/03/2018 11:24 / atualizado em 13/08/2019 15:12

Ana Carolina com a filha Isabella(foto: Reprodução)
Ana Carolina com a filha Isabella (foto: Reprodu��o)
"Eu realmente aprendi a lidar com a dor", responde Ana Carolina Oliveira, de 33 anos, com naturalidade, j� na primeira pergunta sobre os 10 anos sem a filha Isabella Nardoni. A m�e da menina diz que superou a trag�dia e refez a vida. Est� casada, tem outro filho de 1 ano e (quase) 10 meses, o Miguel, e faz planos de engravidar de novo. "A mem�ria dela, para mim, � eterna. Tenho saudade, � claro, mas hoje n�o � uma ferida t�o aberta."

O assassinato de Isabella, em 29 de mar�o de 2008, atraiu holofotes do Brasil inteiro e at� houve pedido para a Justi�a transmitir ao vivo o julgamento. Parte da repercuss�o se explica: o j�ri entendeu que os autores do crime foram o pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatob�, condenados a 30 e 26 anos de cadeia, respectivamente. Os dois alegam inoc�ncia, e a defesa recorre no Supremo Tribunal Federal (STF).

"Quem cometeu era quem deveria proteg�-la", afirma a m�e, que prefere mudar de assunto a falar do casal. Concorda com a Justi�a e acredita que os dois s�o culpados. "Uma pessoa que comete um crime desses deveria ficar presa o resto da vida dela", diz. "Deles, tenho d�."

Em duas horas de conversa, Ana Carolina mostra ser extrovertida. � mais f�cil v�-la fazer piada do que chorar. Emocionou-se uma vez, ao contar que Isabella, estirada no jardim, ainda estava viva quando ela chegou ao Edif�cio London, o pr�dio dos Nardoni. "Acredito que me esperou para se despedir."

"Isa, te amaremos eternamente"

Isabella sorri em dois porta-retratos na estante da sala. Na parte de baixo do m�vel, est�o um Fusca, uma Kombi e mais carrinhos de brinquedo do irm�o, Miguel, que n�o teve chance de conhec�-la. Outra foto da garota decora a geladeira. "Isa, te amaremos eternamente", diz a mensagem escrita nela. O apartamento fica a cerca de 1 quil�metro do London. "Meu marido trabalha ao lado do pr�dio", comenta Ana Carolina, sem dar import�ncia � coincid�ncia.

Evitar dramalh�o � um tra�o recorrente do perfil de Ana Carolina que, nesses dez anos, chegou a ser alvo de cr�ticas por desconhecidos que a julgavam "fria". "A Isa n�o gostava de me ver triste. Eu preciso seguir", ela dizia na �poca. J� os amigos a descrevem como uma mulher "forte" e que tem "dimens�o da trag�dia", mas optou por n�o se entregar. "N�o preciso aparecer chorando na TV para mostrar que sofri", afirma hoje.

No luto, ela ficou sem comer, ganhou olheiras e evitou entrar no quarto que dividia com Isabella na casa dos pais. Fez terapia por anos. Uma d�cada depois, segue no mesmo emprego de banc�ria. Tamb�m recebeu proposta para escrever um livro e, certa vez, negou aut�grafo a uma garota. "N�o sou celebridade", justifica. "� mais comum pedirem para dar um abra�o. A�, eu sempre dou."

O av� materno visita o t�mulo de Isabella todo domingo. A m�e, por sua vez, n�o costuma ir ao cemit�rio "A mem�ria dela � muito al�m de uma campa", diz Ana Carolina, que � esp�rita, doutrina que cr� em reencarna��o e n�o sacraliza o corpo. "Para um caso como o meu, � onde se encontra mais respostas."

"Tenho lembran�as boas, e n�o de sofrimento"

Conheceu o marido Vinicius Francomano, de 31 anos, �s v�speras de ir estudar seis meses na Calif�rnia, nos Estados Unidos. Eles se casaram em 2014: Miguel nasceu dois anos depois. "N�o houve men��o a Isabella at� o momento final, do beijo dos noivos", conta o reverendo Aldo Quint�o, que celebrou a cerim�nia na Catedral Anglicana de S�o Paulo. Nessa hora, tocou "Noites Trai�oeiras", do Padre Marcelo Rossi, em homenagem � menina: "O mundo pode at� fazer voc� chorar/mas Deus te quer sorrindo".

"Tenho lembran�as boas, e n�o de sofrimento", afirma Ana Carolina, que guarda roupas, cal�ados e brinquedos de Isabella. Entre eles, h� um coelhinho de pel�cia com o qual ficou abra�ada no vel�rio da filha. "Por coincid�ncia, Miguel estava brincado com ele outro dia."

As crian�as, por�m, n�o s�o t�o parecidas assim. Isabella era corintiana. Miguel, palmeirense. Ela, quietinha, preferia ficar em casa e assistir a "Monstros S.A." ou "Procurando Nemo", seus filmes favoritos. Ele, agitado (j� foi parar duas vezes na diretoria da creche), gosta mesmo de passear. "Sempre quis ter tr�s filhos. Quero engravidar, no m�ximo, at� o ano que vem, mas ainda preciso combinar com meu marido", ela ri.

Isabella morreu, aos 5, no ano que seria alfabetizada. Tinha o sonho de aprender a ler. Miguel est� na fase de falar sem parar, imitando at� propaganda. Outro dia, deixou todo mundo de boca aberta quando a campainha tocou. "�, pancainha", disse, trocando as s�labas. Isabella falava exatamente assim.


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