
Pistolas, rev�lveres e fuzis fabricados para a pr�tica esportiva e id�nticos a armas de fogo v�m sendo usados em larga escala por assaltantes, traficantes de drogas e milicianos no Rio.
C�lculos feitos pelo Minist�rio P�blico, com base em flagrantes registrados na capital e na Baixada Fluminense, indicam que quatro em cada dez assaltos j� s�o cometidos com esses simulacros.
Essas armas falsas s�o vendidas livremente em lojas f�sicas e online. � imposs�vel diferenci�-las de armamento real, mesmo se observadas a uma dist�ncia curta, de acordo com policiais ouvidos pela reportagem.
A op��o dos criminosos pelas r�plicas � f�cil de explicar. Pistolas de calibres 9 mm, ponto 45 e ponto 40 custam em torno de R$ 5 mil no mercado negro, a depender do fabricante. Uma "arma" do tipo Airsoft tem pre�o m�dio entre R$ 250 e R$ 500. Um fuzil sai entre R$ 50 mil e R$ 70 mil na ilegalidade. J� uma r�plica, muito parecida com arma verdadeira, custa R$ 2 mil ou menos.
Venda permitida
Al�m do pre�o mais baixo, h� tamb�m a aus�ncia do risco, uma vez que a venda dos simulacros � regular. Um assalto com Airsoft � qualificado como roubo simples. A senten�a pode ser cumprida em regime aberto. Em um caso de condena��o por roubo � m�o armada, a pena � agravada, e o regime de pris�o come�a no semiaberto (quando o detento deixa a pris�o para trabalhar e volta � noite para dormir na cadeia).
O que os criminosos v�m fazendo, segundo o promotor Jorge Luis Furquim, da Promotoria Criminal de Itagua� e com 15 anos de atua��o, � misturar armas de fogo ao armamento do tipo Airsoft para impor medo.
Nos assaltos, as v�timas, que n�o desconfiam que est�o diante de armas falsas, n�o reagem, com medo de serem baleadas e at� mortas. S�o situa��es em que os bandidos preferem n�o arriscar perder armas caras, j� que o ganho ser� limitado.
J� os traficantes ostentam as r�plicas para dissuadir investidas policiais em favelas. O mesmo fazem milicianos. Com os Airsofts, eles transmitem uma falsa impress�o de poderio b�lico.
Ponta colorida
Fabricadas em pa�ses como China e Taiwan, as armas desse tipo disparam esferas pl�sticas de seis mil�metros por meio de molas, g�s comprimido ou est�mulo el�trico (com bateria). Na apar�ncia, as �nicas diferen�as para o armamento real s�o a coronha e a ponteira colorida (nas cores laranja ou vermelho). A marca��o, estabelecida em lei em 2010, serve para que seja poss�vel distinguir uma Airsoft das armas de fogo. Mas a ponta � facilmente retirada, ou chega a ser pintada de preto pelas quadrilhas.
Lojas especializadas
A presen�a desses simulacros no Brasil � "uma aberra��o", considera o promotor Furquim. "Essa inunda��o de Airsoft tem cinco anos. O neg�cio floresceu, e j� existe loja s� disso. Mas a lei n�o permite importa��o de simulacros s� para brincadeira, ent�o o Ex�rcito tinha de vetar a entrada no Pa�s. A d�vida se � arma real ou n�o � extremamente perniciosa" diz.
O promotor conta que, junto com a arma, vem um folder explicando que � proibido tirar a ponta. O material tamb�m diz que � crime entregar armamento desse tipo a menores de 18 anos. "Mas isso � uma fal�cia. J� tem 20 anos que o governo proibiu a ind�stria de brinquedos de fabricar armas para crian�as, e na �poca, nem se pensou no uso por criminosos, at� por que as armas n�o eram id�nticas", explica Furquim.
(Roberta Pennafort)