
Encontradas no lixo, 320 cartas escritas pela fam�lia ao l�der comunista Lu�s Carlos Prestes (1898-1990) nos anos 1930 e 1940 integram um leil�o a ser realizado quinta, 22, � noite, no Rio. O lance m�nimo para o lote � R$ 350 mil.
Mas a venda pode acabar suspensa caso seja bem-sucedida uma a��o judicial proposta pela filha de Prestes e Olga Ben�rio, a historiadora e escritora Anita Leoc�dia Ben�rio Prestes. Ela defende que a correspond�ncia fique num arquivo p�blico, aberta a consultas, e n�o seja comercializada.
O conjunto chegou a Prestes na cadeia, ap�s o fracasso do levante comunista durante o primeiro governo Get�lio Vargas. Partiu da mulher, da m�e, da pr�pria Anita Leoc�dia e de outros parentes. Prestes n�o leu os originais agora � venda; ele s� teve acesso a c�pias feitas pela pol�cia pol�tica do governo.
Em bom estado, o material tem marca de cataloga��o, o que indica que pertencia a um arquivo p�blico. Em parte, o conte�do j� � conhecido; foi publicado pela pr�pria Anita e na biografia Olga, de Fernando Morais, de 1985. A mais surpreendente talvez seja a missiva em que Olga, presa, conta ao marido estar gr�vida. "Enfim, n�s teremos uma express�o viva de todo o bom e doce que existe entre n�s", ela escreveu.
O caminho dos documentos at� aqui � uma inc�gnita. Um coletor as encontrou numa mala descartada numa rua de Copacabana. Sem saber do que se tratava, as ofereceu a um vendedor de antiguidades. Este pagou R$ 500 por elas; ao se dar conta do tesouro que tinha procurou a organizadora de leil�es Soraia Cals. As cartas teriam sido guardadas por causa dos selos antigos - o coletor n�o sabia da import�ncia de Prestes.
Publicada no jornal O Globo, a not�cia do leil�o desagradou a Anita, que falou ao Estado por interm�dio de seu advogado, Jo�o Tancredo, na ter�a. Segundo ele, existe uma "quase certeza" de que as cartas s�o do Arquivo P�blico do Estado do Rio.
"Anita n�o quer nada para si. Esse � um patrim�nio da sociedade, n�o � para ficar com uma pessoa s�. Quem acha algo na rua n�o � propriet�rio. A hist�ria est� mal contada", acredita Tancredo. O Arquivo P�blico tamb�m dever� recorrer � Justi�a para tentar barrar a venda.
Soraia Cals disse que o leil�o acontecer� "sob reserva de direitos". O dono das cartas ter� 60 dias para se manifestar e provar que o material lhe pertence. "Ainda vamos clarear quem � o verdadeiro propriet�rio. As cartas s� ser�o entregues depois disso. Esperamos que alguma institui��o compre, ou que algu�m compre e doe para uma. � um arquivo riqu�ssimo, valioso, todo original."
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.