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Estado de Minas

Foragido, m�dium Jo�o de Deus dever� se entregar � pol�cia neste domingo

Em virtude da idade e da natureza do crime de que � acusado, a expectativa � de que ele fique em uma cela individual


postado em 15/12/2018 19:00 / atualizado em 16/12/2018 15:08

A Polícia Civil suspeita que ele esteja fora de Goiás(foto: EVARISTO SA / AFP )
A Pol�cia Civil suspeita que ele esteja fora de Goi�s (foto: EVARISTO SA / AFP )

O m�dium Jo�o Teixeira de Faria, o Jo�o de Deus, foi considerado foragido pelo Minist�rio P�blico e pela Justi�a e teve seu nome inclu�do na lista de procurados da Interpol. O prazo para que ele se entregasse terminou �s 14h de ontem. Acusado de abuso sexual, o l�der religioso n�o � visto publicamente desde a �ltima Quarta-feira, 12. A expectativa � que ele se entregue hoje em Goi�s. O Estado apurou que a data foi definida numa negocia��o entre a pol�cia e a defesa do m�dium. Amanh� ser� apresentado um pedido de habeas corpus.

Integrantes do grupo destacado para fazer a investiga��o e as negocia��es ainda colocam em d�vida se o acerto ser� cumprido. Para eles, a defesa do acusado dever� aguardar o resultado do pedido de habeas corpus (HC). Se a medida for concedida antes de ele se apresentar, seria poss�vel evitar um desgaste maior para o m�dium, que atrai anualmente para a cidade goiana de Abadi�nia 120 mil fi�is - 40% deles estrangeiros. O advogado de defesa Alberto Zacharias Toron afirmou, por�m, que seu cliente vai se entregar antes da apresenta��o do HC.
Uma vez preso, Jo�o de Deus seria levado para Goi�nia, onde deve acontecer o interrogat�rio. "Ser� longo, detalhado. H� um grande n�mero de relatos e informa��es que precisam ser questionadas", afirmou o delegado-geral da Pol�cia Civil de Goi�s, Andr� Fernandes de Almeida. O MP de Goi�s tamb�m investiga eventual movimenta��o suspeita de recursos financeiros, como transfer�ncia de dinheiro das contas de Jo�o de Deus. Transa��es financeiras desse tipo poderiam indicar inten��o de ocultar valores e reduzir as chances de pagamento de indeniza��o �s v�timas. Segundo o jornal O Globo, Jo�o de Deus retirou R$ 35 milh�es ap�s as primeiras den�ncias.

Estrat�gias

A expectativa � que a defesa explore o que Toron classifica como "pequeno n�mero de depoimentos" usados pela Justi�a para fundamentar a decreta��o da pris�o preventiva, o que poderia indicar fragilidade de provas. 

H� a possibilidade, ainda, de que a espiritualidade atribu�da a Jo�o de Deus seja usada na argumenta��o. Para a defesa, a intoler�ncia religiosa poderia incentivar um grande n�mero de den�ncias, muitas das quais ainda n�o foram formalizadas.

A tend�ncia � que os advogados procurem mostrar o m�dium como um homem r�stico, simples, de personalidade multifacetada e que, muitas vezes, seria orientado por recomenda��es de guias espirituais. Em suma, viveria com uma l�gica pouco convencional.

O momento em que o Pa�s vive tamb�m dever� ser inclu�do. Para advogados, depois de quatro anos de opera��o que trouxe den�ncias contra uma s�rie de pessoas p�blicas, e de um crime contra um candidato � Presid�ncia, haveria um clima mais favor�vel ao que eles chamam de tend�ncia ao "denuncismo" e � "polariza��o". 

Den�ncias

O l�der espiritual � suspeito de ter abusado sexualmente de mulheres durante consultas particulares realizadas no centro onde presta atendimento espiritual, a Casa Dom In�cio de Loyola em Abadi�nia, no interior de Goi�s. Em sua apari��o nesse local na quarta-feira, 12, fez um r�pido pronunciamento em que se declarou inocente e disse que est� � disposi��o da Justi�a.

A for�a-tarefa do Minist�rio P�blico encarregada de investigar os casos j� coletou mais de 330 depoimentos em v�rios Estados e 6 pa�ses. Do total, 30 mulheres j� formalizaram as acusa��es. Elas relatam que, depois do atendimento em grupo, eram convidadas para uma consulta individual, onde os abusos seriam cometidos. O MP afirma ainda que quatro funcion�rios s�o suspeitos de ter envolvimento nos crimes.

Clima de tens�o

Esperada pela popula��o carente de Abadi�nia, a festa de entrega de presentes de Natal tradicionalmente promovida por Jo�o de Deus foi feita ontem sob clima de tens�o e alegria protocolar. Horas antes de o m�dium ser considerado foragido da pol�cia e procurado pela Interpol, sua mulher Ana Keila Teixeira pedia preces para o marido e alegria no cora��o. "Apesar das turbul�ncias, pe�o que todos continuem rezando para que a verdade prevale�a", disse.

Tendas foram montadas em frente da casa de Jo�o de Deus, na cidade goiana. Ali foram dispostos brinquedos que atra�ram cerca de 200 crian�as. Adultos ficaram na fila, aguardando a distribui��o de bolas e bonecas para seus filhos. 

Em anos anteriores, muitas vezes era o pr�prio Jo�o de Deus que se vestia de Papai Noel e fazia a entrega. Desta vez, ele foi lembrado pela mulher no discurso e tamb�m nas camisetas usadas por pessoas da organiza��o. A veste branca trazia um retrato do m�dium, de bra�os abertos, com um gorro de Papai Noel, e os dizeres: "Obrigado Jo�o de Deus."

N�o havia na festa um n�mero significativo de volunt�rios que atendem em seu centro. Os "filhos de Abadi�nia", como s�o conhecidos os habitantes que nasceram e cresceram na cidade, eram a maior parte dos frequentadores. Adultos procuravam ficar em sil�ncio e fugiam de perguntas sobre a pris�o preventiva, num sinal de respeito. A festa, ao contr�rio do que ocorreu em outros anos, acabou cedo. �s 14h, brinquedos haviam sido desmontados e pouco depois, a rua era lavada.

Dividida

Abadi�nia � dividia pela BR-60. Na parte onde ocorreu a festa, a dos "filhos de Abadi�nia", a expectativa � que as den�ncias contra Jo�o de Deus n�o provoquem grande impacto. "Aqui o com�rcio n�o depende dele. N�o vai ficar nem melhor, nem pior", disse um morador que n�o quis se identificar. Depois que as den�ncias de abuso sexual vieram � tona, na semana passada, o receio de ser identificado aumentou. A figura de Jo�o de Deus provoca n�o apenas adora��o, mas temor - sobretudo entre os mais pobres.

A apreens�o � evidente na parte oposta da cidade, onde pousadas e lojas floresceram com o turismo movimentado pela Casa Dom In�cio de Loyola. Anualmente, cerca de 120 mil pessoas visitavam o local em busca de tratamento com o m�dium. O receio � que o turismo religioso caia e leve junto seus empregos e a renda. Nesta semana, a primeira depois de o esc�ndalo surgir, o movimento j� foi abalado. V�rias reservas de hot�is foram canceladas e o n�mero de �nibus com fi�is se reduziu. 

� espera da poss�vel pris�o do m�dium, Abadi�nia vive um domingo (16) calmo, sem grandes movimenta��es. Apesar de toda a pol�mica envolvendo o l�der espiritual, a Casa Dom In�cio de Loyola, onde Jo�o de Deus fazia os atendimentos normalmente, permaneceu aberta at� o hor�rio do almo�o e encerrou as atividades em seguida. Agora ser� reaberta ao p�blico apenas amanh� (17).

Durante a manh�, aproximadamente uma dezena de pessoas permanecia no local, a maioria estrangeiros vestidos de branco. Enquanto alguns faziam ora��es, outros permaneciam em locais de medita��o da Casa. Quem circula pela cidade encontra poucos pontos de com�rcio abertos e moradores receosos de falar sobre as den�ncias que pesam contra Jo�o de Deus. Em condi��o de anonimato, algumas pessoas arriscam opinar sobre o assunto. Dizem, por exemplo, que o m�dium n�o era "flor que se cheire", mas evitam as entrevistas. Al�m disso, costumam mostrar preocupa��o sobre como a pris�o dele deve afetar a economia do munic�pio.


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