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Estado de Minas

Massacre em escola de Suzano alerta para 'desajustes sociais' e 'clima de intoler�ncia'

Para criminalista, Brasil est� longe da cultura norte-americana, em que os assassinatos em escolas s�o frequentes, mas aumento de casos preocupa


postado em 14/03/2019 06:00 / atualizado em 14/03/2019 08:46

'É muito triste. Temos de chegar à conclusão de por que isso está acontecendo. Essas coisas não aconteciam no Brasil' - Hamilton Mourão, vice-presidente (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press 5/12/18)
'� muito triste. Temos de chegar � conclus�o de por que isso est� acontecendo. Essas coisas n�o aconteciam no Brasil' - Hamilton Mour�o, vice-presidente (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press 5/12/18)

“Essas coisas n�o aconteciam no Brasil.” A fala do vice-presidente, general Hamilton Mour�o, horas depois do massacre na escola de Suzano, demonstrou a preocupa��o de autoridades brasileiras de que casos de atiradores em escolas, comuns nos Estados Unidos, estejam se tornando cada vez mais frequentes por aqui.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, manifestou o mesmo receio e disse que esse tipo de viol�ncia “n�o faz parte de nossa cultura”.

Para criminalista ouvido pelo Estado de Minas, o Brasil est� longe da cultura de libera��o de armas dos norte-americanos, que, para ele, contribuem para a ocorr�ncia de assassinatos nas escolas. O aumento dos “desajustes sociais” e o clima de intoler�ncia explicam em parte o aumento dos casos no pa�s, avalia Edson Luiz Knippel, advogado criminalista e professor de direito na Universidade Mackenzie.

Nas �ltimas duas d�cadas, foram nove casos de alunos, ex-alunos ou funcion�rios que invadiram escolas com armas e atacaram colegas no Brasil. Em compara��o com os Estados Unidos, o n�mero � pequeno. De acordo com levantamento do Escola Naval dos EUA, que funciona como centro de pesquisa sobre temas de seguran�a interna no pa�s, somente em 2018 foram registrados 94 incidentes com armas de fogo nas escolas norte-americanas, com 55 mortes.

“Vivemos um per�odo em que se fala muito a respeito das armas de fogo no Brasil. E isso � um fator que agu�a o interesse de muitas pessoas para as armas.

Al�m disso, atravessamos um momento de grande intoler�ncia e muita viol�ncia. Mas, em casos como esse de Suzano, � preciso entender as situa��es espec�ficas das pessoas que cometeram o crime.

Em compara��o com os casos dos EUA,  temos grande diferen�a. Por l�, a libera��o da compra de armas � total, se encontra armas nos supermercados. N�o creio que vamos chegar a esse ponto no Brasil”, explica Knippel.

O criminalista ressalta, por�m, que j� existem semelhan�a significativas nos casos de viol�ncia nas escolas brasileiras. “Em todos esses casos dos �ltimos anos, vimos atiradores do sexo masculino, com comportamentos parecidos, que passavam por problemas e sofriam com uma esp�cie de falta de papel social. Al�m da quest�o das armas, temos que entender as quest�es sociais e motiva��es que envolvem aqueles que cometeram os crimes”, diz.

O vice-presidente Hamilton Mour�o, avaliou que a flexibiliza��o da posse de armas, autorizada pelo presidente Jair Bolsonaro no in�cio do ano, n�o tem rela��o com a trag�dia no interior paulista, uma vez que o armamento dificilmente seria legalizado. “Vai dizer que a arma que eles estavam usando era legal? N�o tem nada a ver”, disse Mour�o, negando que o caso influencia no debate em rela��o ao porte de armas.

O general se disse preocupado com o aumento desse tipo de casos no Brasil e que o acesso de jovens e adolescentes a jogos de videogame com conte�dos violentos pode explicar tais epis�dios. “� muito triste. Temos de chegar � conclus�o por que isso est� acontecendo. Essas coisas n�o aconteciam no Brasil. A minha opini�o � que hoje a gente v� essa garotada viciada em videogame. E videogames violentos. � s� isso que fazem”, disse Mour�o.

O presidente do STF, ministro Dias Toffoli, lamentou o crime que tirou a vida de estudantes e funcion�rios da Escola Estadual Raul Brasil. “Viol�ncias como essa n�o fazem parte da nossa cultura. A juventude traduz futuro e esperan�a. N�o podemos aceitar que o �dio entre em nossa sociedade”, disse Toffoli em mensagem no in�cio da sess�o do tribunal na tarde de ontem.

Outros casos no Brasil


Medianeira, Paran� (2018)
n No final do ano passado, um adolescente de 15 anos atirou em seus colegas de classe do Col�gio Estadual Jo�o Manoel Mondrone. Dois alunos ficaram feridos. O adolescente afirmou � pol�cia que sofria bullying na escola e tinha objetivo de atirar em pelo menos nove colegas.

Jana�ba, Minas Gerais (2017)
n O vigia do Centro Municipal Infantil Gente Inocente (foto), Dami�o Soares dos Santos, de 50 anos, jogou �lcool e ateou fogo em dezenas de crian�as e nele mesmo. O massacre na creche do Norte de Minas chocou o pa�s e deixou oito crian�as e uma professora mortas. Dami�o era funcion�rio da escola desde 2008 e estava de f�rias. Ele chegou a ser internado, mas morreu horas depois.

Goi�nia, Goi�s (2017)
n Um estudante de 14 anos disparou contra colegas dentro do Col�gio Goyases (foto), escola particular de ensino fundamental e m�dio. Dois estudantes morreram e quatro ficaram feridos. O adolescente, filho de policiais militares, usou uma arma da m�e para assassinar os colegas. Ele relatou � pol�cia que o motivo do crime foi o bullying de outros estudantes.

Jo�o Pessoa, Para�ba (2012)
n Um adolescente de 16 anos atirou em tr�s alunos da Escola Estadual En�as de Carvalho. Elas estavam pr�ximas do alvo, um outro aluno de 15 anos com quem o atirador havia discutido dias antes. As v�timas atingidas sobreviveram aos ferimentos.

S�o Caetano do Sul, S�o Paulo (2011)
n Um aluno de 10 anos atirou contra a professora na Escola Municipal Alcina Dantas Feij�o e depois se matou com um tiro na cabe�a. Filho de um guarda-civil municipal, o aluno era considerado calmo e n�o tinha hist�rico de viol�ncia na escola at� ent�o. A professora sobreviveu.

Rio de Janeiro (2011)
n Um homem de 23 anos matou 11 crian�as e feriu outras 13 que estavam em sala de aula na Escola Municipal Tasso da Silveira (foto), em Realengo. Wellington Menezes de Oliveira usou dois rev�lveres, que chegou a recarregar v�rias vezes, para atirar nos alunos antes de se matar. Ex-aluno da escola, entrou no local dizendo que faria uma palestra.

Tai�va, S�o Paulo (2003)
n Outro ex-aluno foi autor de um ataque a tiros na Escola Estadual Coronel Benedito Ortiz. Edmar Aparecido Freitas, com 18 anos na �poca do crime, disparou contra cinco alunos, o caseiro, a zeladora e uma professora da escola. O atirador se matou em seguida. Um dos estudantes, atingido com um tiro na coluna, ficou parapl�gico.

Salvador, Bahia (2002)
n Um jovem de 17 anos matou duas colegas de sala na Escola Sigma, institui��o particular da capital baiana. Ele usou um rev�lver calibre 38 que pertencia a seu pai, perito policial. Colegas contaram que ele tinha ficado inconformado por causa de uma gincana e teria prometido vingan�a.

 

 


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