O corpo da gr�vida Maria Eduarda Silva, soterrada pela barreira que deslizou em Caet�s I, Abreu e Lima, em Itamarac�, na Grande Recife, Pernambuco, foi localizado pelo Corpo de Bombeiros por volta das 23h59 dessa quarta-feira (24/7). Ela era a �ltima pessoa desaparecida na trag�dia ocorrida em virtude das fortes chuvas que castigaram a Regi�o Metropolitana do Recife (PE), na madrugada de ter�a (23/7) para quarta.
O desastre resultou em cento e quarenta mil�metros de �gua, 12 mortos, uma pessoa hospitalizada em estado grave, muita lama e uma fam�lia em peda�os. Na vizinhan�a do desastre, muitos foram obrigados a deixar suas casas, por orienta��o da Defesa Civil.
Dentre os rostos que testemunharam as buscas no C�rrego da Areia estava Breno Jos� da Silva, 28, companheiro de Maria Eduarda. Estava para fazer dois anos que os dois estavam juntos. “Eu falei com ela �s 23h43 de ontem. Ela me perguntou se eu estava bem, disse que estava chovendo muito e me mandou beijo. Da� umas 7h30, amigo, primo, tia dela, todos ligando para mim, avisando que tinha acontecido uma trag�dia, mas eu n�o sabia que tinha sido t�o grave assim”, relata.
Maria Eduarda morava com Breno em Itamarac�, tamb�m na Grande Recife, mas decidiu passar o final de sua gravidez em Abreu e Lima, na casa dos pais, Ariana Teresa Xavier, 39, e Silvano da Silva, 49. “Agora estou aqui, na esperan�a de encontr�-la viva. Com muita dor no cora��o, mas enfim”, desabafou o companheiro, antes da mulher ser localizada sem vida.
O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 6h52 de quarta. A primeira pessoa a ser socorrida foi Ariana, que segue internada em estado grave no Hospital Miguel Arraes, em Paulista. Al�m de Maria Eduarda, Ariana tinha outros dois filhos: Mariana Xavier da Silva, 18, e Lu�s Henrique da Silva, 15. A primeira chegou a ser resgatada viva, mas morreu a caminho do hospital. J� Lu�s foi encontrado sem vida na lama. Outra pessoa morta no deslizamento foi Adalmir Ferreira dos Santos, 53. Ele morava s� e era vizinho da fam�lia atingida pela chuva.
Respons�vel pela equipe de resgate, composta por mais de 10 bombeiros, o major Kl�ber Dallas fazia quest�o de frisar que a gr�vida estava desaparecida, e n�o morta. Uma torre de luz foi instalada para ajudar nos trabalhos, que viraram a madrugada. “Continuamos at� ela ser localizada”, pontuou.
Vizinhan�a solid�ria
Diante do desastre, reinou a solidariedade. Muitos moradores do bairro de Caet�s I foram at� o local ajudar nas buscas. Um deles era o servidor p�blico Jo�o Vitor Amaral da Silva, 34. “J� teve outros deslizamentos, mas esse vai ficar na hist�ria. Foi o mais valente. E isso s� acontece porque n�o existe preven��o nas barreiras do munic�pio. A popula��o sofre, a cidade sangra, e os gestores n�o se antenam a isso”, disse.
Perto do resgate, o mec�nico L�cio Oliveira, 35, observava estarrecido da varanda de sua resid�ncia. “Conhecia todo mundo que foi afetado. Eram todos pessoas muito boas. Quando vim morar aqui, h� 22 anos, eles j� estavam aqui. J� tinha visto barreira cair em outros lugares, mas desse jeito, nunca”, disse. Com a casa condenada pela Defesa Civil, ele foi pernoitar na casa dos pais.
Quem tamb�m precisou ir embora foi o operador de m�quinas Leandro Antonio, 34: “Minha casa sofreu uma rachadura na barreira, mas a Defesa Civil n�o me deu lona. Eu que tive que comprar para poder colocar”. Casado e pai de um filho, vai passar um tempo com a sogra. “Eles falam que � melhor sair para n�o acontecer coisa pior. Mas falar � f�cil. Eu tenho a casa da minha sogra, mas se eu n�o tivesse, e a�? Ia ter que procurar um abrigo”, apontou.
Para esta quinta-feira, a Ag�ncia Pernambucana de �guas e Clima (Apac) prev� que vai continuar chovendo - mas com intensidade fraca a moderada. A Prefeitura de Abreu e Lima decretou estado de emerg�ncia. Em nota, o executivo abreu-limense alega que instaurou uma opera��o para atender desabrigados e que as equipes de Defesa Civil mantiveram o trabalho de monitoramento das �reas de risco e instala��o de lonas pl�sticas. Mas, em s�ntese, o sentimento da popula��o de Caet�s I foi dito pela l�der comunit�ria Salom� Ara�jo, 49: “Caet�s nunca mais ser� a mesma. O que aconteceu aqui, n�o tem conserto”.