
Dois dias ap�s fragmentos do �leo que j� poluiu praias e mangues dos nove estados da Regi�o Nordeste ter atingido uma pequena �rea do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, o Instituto Chico Mendes de Conserva��o da Biodiversidade(ICMBio) decidiu suspender, temporariamente, as visitas de turistas � unidade de conserva��o.
Localizado a cerca de 70 quil�metros (km) da cidade de Caravelas (BA), o parque nacional, criado em 1983, tem uma das mais rica biodiversidade marinha do Brasil e do Atl�ntico Sul, com estruturas de recifes �nicas. Segundo o ICMBio, a regi�o � o principal ber��rio das baleias jubarte no Atl�ntico Sul e ref�gio de esp�cies de tartarugas marinhas amea�adas de extin��o, al�m de aves marinhas que aproveitam o fato de as �guas ao redor do arquip�lago serem fartas em peixes e outras esp�cies marinhas – o que faz da pesca fonte de subsist�ncia de milhares de moradores da regi�o.
Anunciada na tarde deste domingo (3), a suspens�o das visitas entrou em vigor hoje (4). Inicialmente, a medida deve vigorar por tr�s dias, mas pode ser prorrogada caso as a��es de remo��o do �leo n�o surta efeito at� esta quarta-feira (6) ou novas manchas de �leo atinjam a regi�o.
Visitas
As visitas foram suspensas para que a presen�a de turistas n�o atrapalhe o servi�o de limpeza e controle das �reas j� afetadas. Funcion�rios de empresas de turismo autorizadas a transportar os visitantes de Caravelas at� o arquip�lago dos Abrolhos entrevistados pela Ag�ncia Brasil disseram esperar que n�o seja necess�rio ampliar o per�odo de suspens�o das visitas.
Segundo Daniela Figueiredo, vendedora de uma das operadoras de passeios tur�sticos credenciadas, os “pequenos fragmentos de �leo” encontrados no s�bado estavam concentrados em um pequeno trecho da Ilha de Santa Barbara, n�o tendo, at� agora, sido avistados em outros pontos do arquip�lago, de 87.943 hectares distribu�dos por cinco ilhas. Um hectare corresponde a aproximadamente �s medidas de um campo de futebol oficial.
“O que chegou no arquip�lago, entre a Ilha de Santa Barbara e o Portinho Norte, foram pequenas bolotas de �leo. Para facilitar o recolhimento dos res�duos, o chefe do parque nacional [Fernando Pedro Marinho Repinaldo Filho] determinou a suspens�o das visitas por tr�s dias”, disse Daniela.
A empresa em que trabalha, a Horizonte Aberto, foi comunicada da decis�o na tarde deste domingo (3). “Embora n�o vejamos a necessidade disso, j� que, at� o momento, a �rea atingida � pequena, compreendemos que se trata de uma quest�o de precau��o”, disse Daniela, acrescentando que, no s�bado (2), a empresa levou um grupo de mergulhadores esportivos at� o local e “n�o vimos nada de alarmante, embora, de fato, estejamos torcendo para que nada de pior aconte�a”.
J� Gislene Amaro dos Santos, auxiliar administrativa de outra empresa de turismo, teme a repercuss�o negativa das not�cias de �leo na regi�o. “Segundo nos informaram, as visitas ser�o suspensas s� por tr�s dias, e apenas para facilitar a limpeza dos fragmentos de �leo que chegaram � regi�o. N�o sabemos ainda o impacto futuro que isso pode ter, se as pessoas, vendo as not�cias na TV, podem decidir adiar ou at� desistir de vir conhecer � regi�o, cancelar viagens que j� estavam programadas.”
De acordo com Gislene, como a temporada de observa��o de baleias jubarte j� est� chegando ao fim e a temporada de ver�o ainda n�o come�ou, a suspens�o tempor�ria das visitas tende a n�o causar um grande impacto imediato para as operadoras tur�sticas. “Mas temos que esperar e torcer para que o problema seja logo resolvido, que os locais j� afetados sejam limpos e que n�o voltem a ser atingidos”, disse Gislene, acrescentando que embarca��es locais e moradores da regi�o t�m ajudado na limpeza e monitoramento do �leo.
Prefeitura
Nas redes sociais, a prefeitura de Caravelas, em cujas praias o �leo come�ou a ser encontrado na sexta-feira (1), informou que a limpeza estava a cargo n�o s� de funcion�rios das secretarias municipais de Obras, Meio Ambiente e Sa�de, mas tamb�m de volunt�rios, que se organizaram para ajudar. A prefeitura tamb�m alerta os mun�cipes e turistas a evitarem o contato direto com a subst�ncia sem o uso de equipamentos adequados, tais como luva de borracha, m�scara, botas. O recomend�vel � que, caso necess�rio, utilize-se p�s ou algum objeto para remover o �leo, que deve ser armazenado em sacolas resistentes ou baldes.
Desde o fim de agosto, quando manchas de �leo cru come�aram a ser avistadas ao longo do litoral nordestino, a subst�ncia de origem desconhecida j� atingiu os estados de Alagoas, Bahia, Cear�, Maranh�o, Para�ba, Pernambuco, Piau�, Rio Grande do Norte e Sergipe. Segundo o Grupo de Acompanhamento e Avalia��o (GAA), formado pela Marinha, Ag�ncia Nacional de Petr�leo (ANP) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov�veis (Ibama), at� o �ltimo s�bado (2), mais de 3,8 mil toneladas de res�duos de �leo j� tinham sido recolhidas.
Segundo investiga��es da Pol�cia Federal, h� suspeitas de que o �leo tenha sido derramado por um navio de bandeira grega, o Bouboulina, a cerca de 700 km da costa brasileira. Estudos da Petrobras atestam que o �leo cru � proveniente de campos petrol�feros na Venezuela.