
A informa��o estava embargada at� ter�a-feira (17/12), quando ser� distribu�da a revista, mas vazou mais cedo. Procurado pelo jornal O Estado de S. Paulo, Galv�o confirmou a homenagem e se disse "surpreso". "Fui procurado pela Nature h� mais de tr�s semanas para uma longa entrevista e fiquei surpreso com a escolha", afirmou. "Essa lista geralmente � feita com personalidades que possuem publica��es com resultados cient�ficos importantes. Eu n�o tenho uma publica��o, mas eles consideraram importante a minha posi��o de defesa da ci�ncia perante a comunidade internacional em um momento de obscurantismo", disse.
Galv�o chamou a aten��o de todo o mundo depois de responder �s acusa��es sem prova do presidente Jair Bolsonaro, que disse que dados do Inpe que apontavam para um pico de desmatamento em julho eram mentirosos e acusou o cientista de estar "a servi�o de alguma ONG" em um caf� da manh� com a imprensa estrangeira.
Galv�o decidiu no dia seguinte se manifestar. Deu sua primeira entrevista ao Estado, quando afirmou a atitude do presidente tinha sido "pusil�nime e covarde".
Ricardo Galv�o foi exonerado do cargo no come�o de agosto. Em novembro, o sistema Prodes, que aponta a taxa oficial de desmatamento da Amaz�nia, confirmou que houve um aumento de quase 30% na perda da floresta entre agosto do ano passado e julho deste ano, na compara��o com os 12 meses anteriores.
Ricardo Galv�o estava no Inpe desde 1970. Ele, que dirigiu o �rg�o por tr�s anos, desde 2016, teria um mandato � frente do �rg�o at� 2020. Galv�o fez doutorado em F�sica de Plasmas Aplicada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e � livre-docente em F�sica Experimental na USP desde 1983. Depois de sair da dire��o do Inpe, voltou pra USP, para o Instituto de Estudos Avan�ados.
Ap�s a exonera��o, Galv�o come�ou a dar palestras e participar de eventos no Brasil e no exterior. Em meados de agosto, ao voltar para a USP, Galv�o deu um depoimento emocionado. "Sempre que a ci�ncia for atacada temos de nos levantar. As autoridades sempre se incomodam quando escutam o que n�o querem", disse. "Mas ser� que esse seria um momento de volta �s trevas?", questionou em refer�ncia � ditadura. Ele mesmo sentenciou: "N�o. Porque a comunidade acad�mica e cient�fica e o povo brasileiro n�o se calar�o."
Galv�o, por�m, rejeitou a ideia de ser her�i. "N�o usem a palavra her�i ou mito. N�o existe salvador da p�tria", disse. Em setembro, foi homenageado pela Academia Brasileira de Ci�ncias (ABC).