O presidente tem entrado em com�rcios em Bras�lia e estimulado aglomera��es de muitos seguidores, indo na contram�o da orienta��o de Mandetta, que refor�a diariamente a import�ncia do isolamento social. Em entrevista ao Fant�stico, da TV Globo, na noite deste domingo (12), o ministro afirmou que, em epis�dios assim, a popula��o brasileira fica sem saber em quem acreditar para seguir as recomenda��es. Na mesma entrevista, o ministro previu 'dias duros' de pico do coronav�rus para maio e junho.
“Ela preocupa (a rela��o), porque a popula��o olha e fala assim: mas, vem c�, ser� que o ministro da Sa�de � contra o presidente, n�? E n�o h� ningu�m contra nem a favor de nada. O que eu digo: o nosso inimigo, o nosso advers�rio, quem a gente tem que ter foco, para falar ‘esse aqui � o nosso problema’, � o coronav�rus, � ele que � o nosso principal advers�rio, nosso principal inimigo".
Mandetta refor�ou o vi�s cient�fico em lugar das decis�es de perfil pol�tico, como a quebra de isolamento defendida por Bolsonaro. "O presidente olha muito tamb�m pelo lado da economia, e chama muito aten��o o lado da economia. O Minist�rio da Sa�de entende a economia, entende a cultura, entende a educa��o, mas chama pelo lado de equil�brio de prote��o � vida. Eu espero essa valida��o dos diferentes modelos de enfrentamento dessa situa��o, possa ser comum e que a gente possa ter uma fala �nica, uma fala unificada, porque isso leva pro brasileiro uma dubiedade. Ele n�o sabe se escuta o ministro da Sa�de, se ele escuta o presidente, quem � que ele escuta, n�?”, declarou Mandetta.
Nesse s�bado (11), ao inaugurar o primeiro hospital de campanha da Uni�o, em �guas Lindas/GO, Bolsonaro cumprimentou populares, chegando at� a beijar a m�o de uma apoiadora. Al�m disso, o presidente tamb�m pegou uma caneta para assinar uma camiseta. H� poucos dias, ele se encontrou com v�rias pessoas em um centro comercial de Bras�lia, adentrando em uma padaria para comer, contrariando um decreto do governo do Distrito Federal, que pro�be o consumo de alimentos nos locais.
Mandetta, que � m�dico, criticou o comportamento de pessoas que t�m furado o isolamento social ou desrespeitado padr�es de seguran�a sanit�ria, sem citar diretamente Bolsonaro. "Quando voc� v� as pessoas entrando em padaria, supermercado, fazendo fila, piquenique, isso � claramente uma coisa equivocada", avaliou o ministro. Ele atribuiu parte desse comportamento � desinforma��o. "Tem muita gente que gosta da internet. Que v� fake news dizendo que � inven��o de pa�ses para ganhar vantagem econ�mica ou v� compl� mundial".
Durante a entrevista, o ministro da Sa�de voltou a pedir ‘foco’, ‘disciplina’ e ‘ci�ncia’ para combater o coronav�rus, algo que ele vem refor�ando em suas entrevistas coletivas.
“Infelizmente, n�o vai ser com um passe de m�gica que a gente vai passar por isso. A gente precisa de foco, disciplina, ci�ncia, e ficar muito firme nesse trip�, planejamento, para que a gente possa sair disso juntos”, concluiu.
Diverg�ncias
As diverg�ncias entre Bolsonaro e Mandetta, que j� causavam desconforto interno entre membros do governo, se tornaram p�blicas h� poucos dias. Bolsonaro chegou a dizer que faltava “humildade” a Mandetta. Apesar das cr�ticas, garantiu que n�o o demitiria “no meio da guerra”.
"O Mandetta j� sabe que a gente est� se bicando h� algum tempo. Eu n�o pretendo demitir o ministro no meio da guerra. Agora, ele � uma pessoa que em algum momento extrapolou. Eu sempre respeitei todos os ministros, o Mandetta tamb�m. Ele montou o minist�rio de acordo com sua vontade. Eu espero que ele d� conta do recado", disse Bolsonaro, em entrevista � r�dio Jovem Pan.
Em seguida, Bolsonaro frisou que “nenhum ministro � indemiss�vel”. "N�o � nenhuma amea�a ao Mandetta, n�o. Se ele sair bem, nenhum problema, mas nenhum ministro meu � indemiss�vel. Todo mundo pode ser demitido, como cinco j� foram embora. Eu acho que o Mandetta deveria ouvir um pouco mais o presidente da Rep�blica", disse.
Ap�s as cr�ticas, Mandetta preferiu n�o responder diretamente ao presidente. “Quem tem mandato fala, e quem n�o tem, como eu, trabalha”, disse. “N�o achei nada, n�o. N�o estou sabendo de nada, n�o. Estou trabalhando aqui. Vamos trabalhar. Lavoro, lavoro, lavoro [trabalho, em italiano]”, prosseguiu. No dia seguinte, refor�ou que n�o pediria demiss�o em meio � crise do coronav�rus: “M�dico n�o abandona paciente”.
Na �ltima segunda-feira (6), Bolsonaro e Mandetta se reuniram para decidir o futuro do ministro da Sa�de no cargo. O chefe da pasta permaneceu e pediu paz para executar os trabalhos.