
"A SBI fortemente recomenda que sejam aguardados os resultados dos estudos randomizados multic�ntricos em andamento, incluindo o estudo coordenado pela OMS (Organiza��o Mundial da Sa�de), para obter uma melhor conclus�o quanto � real efic�cia da hidroxicloroquina e suas associa��es para o tratamento da COVID-19", diz o parecer.
A entidade ressalta que s�o necess�rios estudos com maior abrang�ncia amostral e feitos de forma rand�mica (em que os pacientes s�o escolhidos aleatoriamente e apenas metade recebe o tratamento, a fim de compara��o). "A escolha desta terapia, ou mesmo a conota��o que a COVID-19 � uma doen�a de f�cil tratamento, vem na contram�o de toda a experi�ncia mundial e cient�fica com esta pandemia."
O parecer cient�fico diz, ainda, que o posicionamento em defesa do amplo uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da COVID-19 � "perigoso" e "tomou um aspecto pol�tico inesperado". "Nenhum cientista � contra qualquer tipo de tratamento, somos todos a favor de encontrar o melhor tratamento poss�vel, mas sempre com bases em evid�ncias cient�ficas s�lidas."
O texto foi divulgado ap�s o comit� cient�fico da SBI analisar os estudos sobre os efeitos dos dois medicamentos para a COVID-19. Ele lembra, por exemplo, que uma das primeiras pesquisas com essa proposta terap�utica - que envolvia o uso associado da hidroxicloroquina � azitromicina - era focada em 36 pacientes, o que seria uma "amostragem pequena e sem grupo de controle para comprovar qualquer resultado definitivo".
Al�m disso, s�o lembrados outros estudos mais abrangentes, como um que avaliou 1.438 casos confirmados da doen�a em 25 hospitais, divididos em quatro grupos de tratamento. Nessa pesquisa, foi identificada uma "maior incid�ncia de fal�ncia card�aca" entre as pessoas que tomaram hidroxicloroquina e azitromicina, al�m de n�o ter sido identifica "nenhuma melhora significativa quanto � mortalidade" entre aqueles que receberam os dois f�rmacos associados ou separadamente.
Outro estudo destacado pelo parecer avaliou 1.376 pacientes, mas tamb�m n�o identificou diferen�as entre os dois grupos (divididos entre os que tiveram e os que n�o tiveram acesso � hidroxicloroquina). "Entretanto os autores ressaltam que estudos randomizados s�o necess�rios para uma melhor conclus�o quanto a efic�cia dessa terapia", ressalta o texto.
Al�m disso, a entidade lembra de estudos voltados a pacientes em estado moderado da doen�a. Um deles envolveu 150 pacientes, divididos em grupos que tomaram e n�o tomaram hidroxicloroquina, que n�o tiverem diferen�a quanto � evolu��o da COVID-19, embora parte tenha enfrentado efeitos adversos do f�rmaco. Situa��o semelhante se repetiu em uma pesquisa com 90 pacientes.
Investimentos
O parecer tamb�m ressalta a necessidade de investimento em pesquisas que procuram outras possibilidades terap�uticas e que, at� o momento, o isolamento social � a melhor forma de conter a dissemina��o da doen�a. "Dados colhidos em v�rios pa�ses do mundo mostram que esta � a �nica medida efetiva para desacelerar as curvas de crescimento dessa infec��o.""A avalia��o de poss�veis novas terapias, assim como o reposicionamento de f�rmacos, t�m sido alvo de intensa investiga��o cient�fica, sendo uma das principais prioridades da comunidade cient�fica mundial. Entretanto, deve ser ressaltado que at� o momento n�o foi descrita nenhuma terapia efetiva para o tratamento da COVID-19 que tenha bases s�lidas com resultados cientificamente comprovados."
A entidade ainda cita o recente editorial da revista m�dica Lancet, que diz que o presidente Jair Bolsonaro � a principal amea�a ao combate � pandemia do novo coronav�rus no Brasil. "Refor�amos que o engajamento da sociedade brasileira � fundamental para superar a grande crise sanit�ria que estamos vivendo e que a condu��o para as solu��es devem ser fundamentadas em bases cient�ficas multidisciplinares s�lidas, como uma pol�tica de Estado."
O parecer cient�fico � assinado pelos 17 integrantes do comit� cient�fico e pelos cinco diretores da SBI, presidida pelo cientista Ricardo Gazzinelli, pesquisador da Fiocruz e professor da UFMG.
Os medicamentos, usados originalmente contra mal�ria e l�pus, foram aplicados no come�o da pandemia em alguns poucos pacientes na China com resultado promissor, foram defendidos por um controverso cientista franc�s e pelos presidentes Donald Trump (que mudou de posicionamento posteriormente) e Jair Bolsonaro.