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Estado de Minas 'VIOL�NCIA PSICOL�GICA'

MP � acionado ap�s p�blico denunciar m�e youtuber do canal 'Bel para meninas'

Termo #SalvemBelparaMeninas exp�s suposta viol�ncia psicol�gica contra menina de 13 anos e den�ncias s�o averiguadas pelo Conselho Tutelar


postado em 21/05/2020 15:24 / atualizado em 21/05/2020 15:51

Fran (centro) com as filhas Nina e Bel (dir), em canal oficial que exibe fotos da família de youtubers(foto: Reprodução/Instagram)
Fran (centro) com as filhas Nina e Bel (dir), em canal oficial que exibe fotos da fam�lia de youtubers (foto: Reprodu��o/Instagram)
M�e e filha brincam com uma mistura escura caseira quando a m�e pede para a crian�a lamber. Trata-se de bacalhau com leite. "M�e, eu vou passar mal", diz a menina, que encontra insist�ncia da genitora diante das c�meras e cede. Lambe a colher, faz careta, � surpreendida por um banho da subst�ncia derramada sobre sua cabe�a e acaba vomitando brevemente. Tudo isso para uma audi�ncia de 50 milh�es de visualiza��es mensais no canal Bel para meninas.

Nos �ltimos dias, internautas, influenciadores e "internautas-investigadores" usaram esses e outros v�deos para colocar em evid�ncia a tag #SalvemBelparaMeninas, denunciando um suposto comportamento abusivo da youtuber Francinete Peres, conhecida como Fran, que aparece sempre ao lado da filha, Isabel Magdalena, a Bel, de 13 anos, em v�deos produzidos em casa, desde 2013. Em algumas postagens, a mulher aparece aborrecida com a resist�ncia da menina em embarcar no que est� sendo proposto, por vezes, constrangida, em situa��es do cotidiano.

O assunto mobilizou a aten��o de milhares de pessoas e de conselhos tutelares do Rio de Janeiro, estado onde a fam�lia reside. O �rg�o est� recebendo den�ncias de todas as partes do pa�s. Com a press�o de internautas e programas de TV, o caso passou a ser oficialmente verificado pelo setor de defesa dos direitos da crian�a do munic�pio de Maric�.

Entre os denunciantes mais ativos est� o grupo Treta das Blogueiras, que compilou cenas de v�deos de diversos anos da intera��o de m�e e filha e ainda publicou o depoimento de outra influ�ncia mirim, conhecida como Vicky Vlog, que narra o suposto encontro de uma amiga com a menina Bel na escola. "Ela foi conversar com a Bel na escola e a resposta da Bel foi que ela n�o ia poder conversar porque tinha que falar com a m�e antes, porque a m�e tinha que aprovar todo mundo que ela falava", contou, ainda opinando: "O ambiente escolar da Bel deveria ser onde ela podia ser a Bel, n�o a menina do YouTube (...) a menina vive basicamente pra fazer as vontades da m�e e do p�blico, n�?".


Art. 232. Submeter crian�a ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigil�ncia a vexame ou a constrangimento: Pena - deten��o de seis meses a dois anos. (Estatuto da Crian�a e do Adolescente)

De acordo com o conselheiro tutelar � frente da averigua��o em Maric� (RJ), Jorge M�rcio Freitas Lobo, uma equipe esteve nesta ter�a-feira (19/5) na resid�ncia da fam�lia Peres para averiguar den�ncia de viol�ncia psicol�gica, ainda sem posse de qualquer v�deo. "A fam�lia se mostrou surpresa, mas receptiva; apenas no dia seguinte, recebemos um volume grande de v�deos e outros teores de den�ncia e outra equipe foi � resid�ncia", conta.

Na quarta-feira (20/5), a garota teve indica��o de encaminhamento para psic�logos do CREAS local, para escuta ativa, e o Minist�rio P�blico do Rio de Janeiro foi notificado para passar a atuar no caso.

Art. 18. � dever de todos velar pela dignidade da crian�a e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexat�rio ou constrangedor. (Estatuto da Crian�a e do Adolescente)

"Nessa segunda visita, os pais j� estavam com argumentos de defesa. Mostramos o que poderia ser entendido de certas imagens e eles seguiram a linha 'fiz e n�o tive maldade', mas n�s explicamos como a exposi��o est� l�, as poss�veis infra��es ao ECA e o que poderia acontecer, que pode chegar a deten��o de seis meses a 2 anos", discorre Freitas Lobo. Segundo o profissional, um colegiado do conselho tutelar foi reunido para discutir o caso, que ser� acompanhado at� a garota atingir a maioridade e pode parar na esfera judicial.

Longa e pol�mica estrada


Francinete come�ou no YouTube h� oito anos, com um canal pr�prio. Em 2013, deu in�cio a um canal com o nome da filha, em que sempre aparece interagindo, brincando, discutindo banalidades do dia a dia e fazendo propagandas, de itens de vestu�rio a brinquedos. A filha mais nova, Nina, j� tem um canal conjunto com a fam�lia youtuber tamb�m. Juntas, as p�ginas t�m impressionantes 18 milh�es de inscritos e 4,6 bilh�es de visualiza��es, sendo a "Bel", a mais famosa e assistida.

Em 2016, o Minist�rio P�blico de Minas Gerais chegou a abrir uma investiga��o sobre o canal, mas a condu��o do procurador Fernando Martins apenas focava em verificar se havia abusos e eventuais irregularidades quanto �s publicidades e o car�ter mercadol�gico do conte�do veiculado, j� que o p�blico em quest�o � infantil. O inqu�rito civil 1.22.000.000752/2016-23, que se voltou at� contra a Google no Brasil para que as pe�as publicit�rias fossem identificadas ou removidas em caso de den�ncias, teve como �ltima movimenta��o o encaminhamento para o Tribunal Reginal Federal da 1ª regi�o, desde fevereiro de 2019.

Os nomes Bel e Fran dispararam nas buscas do Google nesta segunda quinzena de maio. Dezenas de v�deos foram publicados no YouTube sobre a pol�mica apenas nas �ltimas 48h, um deles com mais de 1,5 milh�o de visualiza��es.

Nas redes sociais, desde que o assunto ganhou for�a, a conta oficial da fam�lia s� se posicionou uma vez publicamente, tangenciando o assunto com a declara��o: "Enquanto algumas pessoas espalham o �dio gratuito n�s seguimos acreditando na fam�lia e no amor. Que nossa felicidade chegue ao cora��o de voc�s!".

Resposta


Procurada pela reportagem, Francinete Magdalena Peres classificou o epis�dio como uma sequ�ncia de cal�nias e difama��es, num movimento "muitas das vezes baseado em inveja, �dio e preconceito". A youtuber ressalta ainda que os canais administrados pela fam�lia publicam apenas conte�dos controlados, j� que n�o se prop�em a uma exposi��o ininterrupta de reality show. "Muitas das est�rias s�o de fic��o criadas por n�s dentro da tem�tica que abordamos. N�o se trata de expor a nossa rela��o interpessoal e familiar, mas se trata de expor certos acontecimentos nas hipot�ticas rela��es interpessoais familiares em geral, nas quais eventualmente nos inclu�mos", declara.

A produtora de conte�do n�o fez declara��es sobre o impacto gerado na fam�lia ou sobre como se encontra a menina Bel, centro da discuss�o. No entanto, menciona a visita recebida pelo Conselho Tutelar e classifica de sensacionalista as publica��es que contribu�ram para a pol�mica em torno de seus canais, prometendo processar judicialmente os disseminadores da quest�o.

Confira a resposta de Francinete Peres, a Fran para meninas, na �ntegra:


"Um dos maiores problemas discutidos na internet versa exatamente sobre danos contra a honra, que s�o entendidos como inj�ria, cal�nia e difama��o, principalmente por meio das redes sociais. Circunst�ncias nas quais a veracidade de determinados fatos veiculados nas redes acabam tendo menos import�ncia do que as cren�as pessoais, cren�as nas quais as pessoas fundamentam suas a��es e manifesta��es, especialmente de cr�ticas, den�ncias e acusa��es, que t�m por base a sua pr�pria vis�o de mundo, pelo que tentam impor o seu discurso ao outro, muitas das vezes baseado em inveja, �dio e preconceito.

O sensacionalismo � praticado por alguns ve�culos de comunica��o com o intuito de aumentar a sua audi�ncia atrav�s do exagero ou distor��es na cobertura de determinado acontecimento. Em uma sociedade extremamente din�mica e concorrente, reina a m�xima do “tempo � dinheiro”, sendo a informa��o repassada ao p�blico, muitas vezes, de forma descuidada e descompromissada com a verdade e a seriedade. Parece que a verdade n�o mais norteia as rela��es com o telespectador, leitor ou ouvinte, importando, para alguns, a not�cia a qualquer pre�o, mesmo que ela seja falsa.

Hoje em dia a informa��o � comprada e vendida com o principal objetivo de se obter lucros, sendo movimentada em fun��o das exig�ncias do mercado e da concorr�ncia, onde o ganho � o princ�pio norteador da m�dia sensacionalista. Ou seja, para parte da m�dia, o mais importante n�o � a verdade da informa��o, mas a possibilidade de renda a partir da informa��o, seja ela verdadeira ou falsa.

Tendo isso em mente, cumpre ressaltar que a nossa fam�lia � respons�vel por diversos canais de comunica��o, que somam cerca de 14 milh�es de seguidores. Dito isso, por meio de nossos canais passamos a publicar conte�dos controlados, vez que n�o se trata de um reality show onde estar�amos 100% expostos. Pelo contr�rio, n�s escolhemos os conte�dos que publicamos, muitas das est�rias s�o de fic��o criadas por n�s dentro da tem�tica que abordamos. N�o se trata de expor a nossa rela��o interpessoal e familiar, mas se trata de expor certos acontecimentos nas hipot�ticas rela��es interpessoais familiares em geral, nas quais eventualmente nos incluimos.

No meio de uma situa��o de calamidade p�blica, onde nossa fam�lia estava em quarentena em casa, hoje fomos obrigados a receber quatro pessoas dentro de nossa casa com o intuito de tratar das reportagens sensacionalistas divulgadas nas emissoras Record e SBT. Nosso local de moradia foi maculado por parte da m�dia, que se postou em frente � nossa resid�ncia. Sa�mos de nossa situa��o de paz em fam�lia e estamos sendo obrigados a tomar atitudes contra falsas acusa��es que est�o ocorrendo contra nosso nome.

S�o cerca de OITO ANOS de conte�do. Dentro desse contexto, s�o milhares v�deos e intera��es que escolhemos expor ao nosso p�blico. Optamos, portanto, em proteger os nossos filhos, fundamentando nossas a��es no Estatuto da Crian�a e do Adolescente e n�o vamos participar de programas sensacionalistas - como estamos sendo pressionados a fazer. Na realidade, esse � o objetivo desses canais, e a nossa participa��o nesses programas faria com que tais ve�culos aumentassem ainda mais a sua audi�ncia, � custa de nosso sofrimento.

Vamos continuar expondo nosso conte�do controlado como sempre fizemos, respeitando nossos seguidores. O que for inerente � intimidade de nossa fam�lia, como o que est� sendo nesse momento exposto por determinada parte da impressa de forma descuidada e irrespons�vel, ser� tratado pelos meios adequados, judiciais e administrativos, responsabilizando aqueles que est�o usando nossos nomes e colocando em risco a seguran�a de nossa fam�lia para objetivos pessoais e profissionais menos nobres, tal como para aumentar sua audi�ncia em programas jornal�sticos, tudo em detrimento e as custas de nossa paz familiar."


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