
A pandemia pelo coronav�rus ocasiona uma corrida mundial para desenvolver formas adequadas de tratamento e maneiras de preven��o, dentre elas o que seria a melhor op��o para frear o cont�gio, a vacina. Algumas empresas est�o otimistas em rela��o ao caminho encontrado em diferentes pesquisas. � o caso do laborat�rio Pfizer, que pretende desenvolver a vacina contra a COVID-19, ainda que no come�o de forma mais t�mida. A companhia j� anuncia a realiza��o de testes cl�nicos. Na fase inicial, a perspectiva � produzir milh�es de doses at� outubro ou novembro. Conforme a diretora m�dica, M�rjori Dulcine, a produ��o em larga escala deve acontecer em 2021. N�o deixa de ser uma boa not�cia.
O trabalho � conjunto com a empresa alem� BioNTech, e come�ou a ser elaborado em fevereiro. Em mar�o, a primeira aplica��o da dose abarcou 12 participantes da pesquisa na Alemanha. No m�s passado, teve in�cio o emprego nos Estados Unidos. A vacina � chamada BNT162. Produtos desse tipo estimulam o organismo a produzir ant�genos que possibilitam ao sistema imunol�gico combater a doen�a. A farmac�utica avalia ainda o potencial do tofacitinibe (rem�dio indicado para artrite reumatoide, entre outras doen�as) e da azitromicina (antibi�tico) para o tratamento da COVID-19.
O estudo est� em fase avan�ada - j� acontecem testes experimentais em pequenos grupos de humanos. "Esse estudo tem o objetivo de determinar a seguran�a e imunogenicidade, o que significa a capacidade do organismo de reagir � vacina e produzir anticorpos. E tamb�m a dose ideal", explicou M�rjori Dulcine em entrevista ao site Poder 360. "N�s estamos falando de uma vacina poder ser produzida e estar dispon�vel em meses, em menos de 1 ano", acrescentou. A diretora pontua que este seria um tempo recorde, uma vez que, geralmente, estudos e trabalhos para se criar uma vacina podem durar at� 15 anos.
Ainda que a vacina seja disponibilizada, a busca por m�todos assertivos de tratamento n�o pode ser descartada - nenhuma vacina � completamente segura, conforme a diretora da Pfizer. "� preciso ter tratamentos eficazes, porque a vacina n�o � 100% de garantia. Nenhuma vacina vai ser. N�o existe. H� pessoas que n�o v�o conseguir imunidade a partir da vacina. Ent�o � importante que os tratamentos continuem sendo desenvolvidos. Os antivirais, os medicamentos que v�o agir em fase ainda muito precoce, quando a pessoa teve os primeiros contatos com o v�rus e come�a a ter uma febre, por exemplo. Antes de ir para o hospital, quando entra no hospital. S�o fases diferentes da doen�a que precisam ter tratamento", pontuou M�rjori Dulcine na declara��o ao portal.
A pesquisa da Pfizer est� entre os aproximadamente 120 projetos de desenvolvimento para uma vacina para a COVID-19 que est�o mais avan�ados no mundo. O epidemiologista Jos� Geraldo Leite Ribeiro � quem revela o dado. Segundo ele, o estudo est� pr�ximo de entrar na fase 3, uma parte mais demorada, quando s�o acompanhados dois grupos de pacientes, os que s�o vacinados e os que recebem rem�dio sem efeito nenhum, acreditando estarem vacinados. Pfizer e BioNTech divulgaram que dos ensaios iniciais participa um grupo de 200 pessoas saud�veis com idade entre 18 e 55 anos. Daqui para frente, no pr�ximo passo a companhia dever� submeter a vacina � aprova��o das ag�ncias reguladoras.
Ter seguran�a quanto � vacina vai depender de como evolui a circula��o do v�rus. "S�o quest�es imponder�veis. Ainda n�o h� como calcular se a vacina vai proteger ou n�o contra a doen�a, mas � uma pesquisa promissora. Pode acontecer, como com outros tipos de coronav�rus, que o v�rus simplesmente pare de circular, espontaneamente. Mas n�o podemos ser pegos de surpresa apostando nessa expectativa. Temos que estar preparados caso aconte�am uma segunda ou terceira onda de transmiss�o. � uma quest�o sobre a qual estamos aprendendo dia a dia", pontua o especialista.
Jos� Geraldo diz que a inten��o � que a vacina seja disponibilizada at� o in�cio de 2020, em uma previs�o otimista, mas, para ele, outro aspecto a considerar � a import�ncia de que seja elaborada e fabricada por mais de um produtor. "Devemos ter um volume grande que possa garantir a cobertura da popula��o em n�vel mundial."
O m�dico infectologista Guenael Freire lembra que estudos para cria��o de vacinas s�o demorados, muitas vezes podem levar d�cadas. S�o v�rias as fases importantes para avaliar sua efici�ncia. Na fase 1 , � considerada seguran�a e efeitos colaterais, se a vacina faz bem ou mal. Na fase 2, al�m desses pontos, tamb�m se observa a resposta imunol�gica e dosagens ideias para suprir a necessidade da imunidade e, na fase 3, a pesquisa � ampliada para se aplicar a um grande n�mero de pessoas que recebem a vacina para teste, entre pessoas expostas ao agente, ou de �reas end�micas, entre indiv�duos vacinados e outros grupos que recebem placebo.
Em rela��o ao coronav�rus, Guenael lembra que uma informa��o importante j� divulgada � que, ao que parece, uma pessoa infectada n�o contrai a doen�a por uma segunda vez, o que foi aferido em estudos com macacos. "Mas ainda h� v�rias perguntas no ar. Quanto tempo dura a imunidade, por exemplo? S�o questionamentos que vamos conseguir responder com o tempo", diz o m�dico. Ele tamb�m cita os modos de desenvolver uma vacina: seja a partir do v�rus vivo, enfraquecido, ou sintetizando componentes do v�rus, como prote�nas ou material gen�tico - em todo caso, o organismo deve ser induzido a reconhecer o agente invasor e apresentar uma resposta imune.
Um grande desafio, de fato. Guenael pondera que, diante da correria para desenvolver meios de preven��o para a COVID-19, pode acontecer, por exemplo, de chegar a fase 3 e ver que o rem�dio n�o funciona. Existe ainda a situa��o quando a vacina � retirada de circula��o. No caso da vacina da dengue, conta o infectologista, percebeu-se que aumentava o risco de febre hemorr�gica. Pode acontecer de, depois de um tempo j� no mercado, surgirem novas rea��es adversas.
Outra empreitada � conseguir produzir mais de 7 bilh�es de doses para imunizar toda a popula��o do planeta. "H� que se ter um esfor�o coletivo, a uni�o de na��es, de f�bricas de vacinas pelo mundo. V�o ter que focar na produ��o. � um trabalho grande", diz. Ainda assim, Guenael acredita que, mesmo diante de uma �rdua jornada, em 2021 deve estar dispon�vel a vacina para o coronav�rus, e de mais de um tipo.
Por outro ponto de vista, Fl�vio da Fonseca, virologista vinculado ao departamento de Microbiologia da UFMG e ao CTVacinas/UFMG, v� com olhar desconfiado a proje��o da pesquisa da Pfizer. "S�o estudos por muitas vezes com objetivos espec�ficos, ainda mais quando de trata de empresas. Muitas pretendem, com isso, potencializar a marca", critica.
Para o estudioso, � invi�vel realizar a fase 3 em poucos meses, para que seja completa e totalmente segura. "� necess�ria a participa��o de milhares de volunt�rios, que devem ser acompanhados por meses, sem que se saiba se ser�o de fato expostos ao coronav�rus, em que intervalo de tempo isso ocorreria e, assim, se ser�o ou n�o infectados, o que comprovaria a efic�cia da vacina. � um alto grau de incerteza. Para mim, essa proje��o � um pouco como um chute", avalia.