(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas RACISMO

Ex-jogadora de v�lei Ana Paula associa negros a n�meros de crimes nos EUA

Durante onda de protestos no pa�s, ex-atleta brasileira negou exist�ncia de racismo sist�mico


postado em 04/06/2020 23:31 / atualizado em 05/06/2020 00:31

Ana Paula 'do vôlei' fez uma série de posts minimizando a importância dos protestos contra o racismo nos EUA(foto: Reprodução Instagram @anapaulavolei)
Ana Paula 'do v�lei' fez uma s�rie de posts minimizando a import�ncia dos protestos contra o racismo nos EUA (foto: Reprodu��o Instagram @anapaulavolei)

Em meio a uma das maiores ondas de protestos contra o racismo nos Estados Unidos, a ex-jogadora de v�lei Ana Paula Henkel fez uma associa��o � popula��o negra e estat�sticas de crimes no pa�s.

A partir de uma s�rie de posts no Twitter, a ex-atleta (branca), que atualmente mora nos EUA, defendia que a pol�cia mata mais brancos do que negros no pa�s e negava a exist�ncia de um racismo sist�mico.

Uma de suas �ltimas postagens, que n�o � bem clara, associa os negros a dados de crimes no territ�rio americano.

12% negros. 62% dos roubos. 56% dos assassinatos. Do your math (Fa�a suas contas)", escreveu Ana Paula pela rede social.

Os n�meros foram extra�dos do livro The war on cops: How the new attack on law and order makes everyone less safe (A guerra contra a pol�cia: Como o novo ataque � lei e � ordem torna todos menos seguros), de 2017, da autora (tamb�m branca) Heather Mac Donald.

Uma das teses defendidas na obra citada por Ana Paula � a de que desde o homic�dio do jovem negro Michael Brown, de 18 anos, em Ferguson, em 2014, pela pol�cia, os policiais est�o se afastando do policiamento proativo, e os criminosos est�o se encorajando.

No Twitter, Ana Paula seguiu. “A pol�cia mata mais negros que brancos” � uma fal�cia. Pesquise. A brutalidade policial existe e tem que ser exposta, mas N�O � a regra e n�o mata mais negros. Veja as estat�sticas. H� um pesquisa gde do Washington Post (vi�s esquerdista) sobre isso. Vc encontra nesse livro.


E tamb�m: “Sim, h� racismo, mas n�o � sist�mico como querem empurrar”.

De acordo com a brasileira, em dez milh�es de pris�es, 19 pessoas brancas foram mortas pela pol�cia, contra 9 mortes de negros.

Questionada na rede pelo jornalista Anselmo Caparica, da Rede Globo, ela n�o esclareceu o que quis dizer com os percentuais publicados e preferiu atacar.
“O tu�te vem de uma thread longa, Anselmo. Bem longa. Vc me conhece e n�o precisa pagar ped�gio ideol�gico. Lament�vel � a sua falta de honestidade”, declarou a ex-jogadora.

E completou: “N�o h� absolutamente nada racista na thread, muito pelo contr�rio, eu concordo com o rapaz e mostro apenas as estat�sticas que ajudam a entender uma abordagem maior dos policias, tentando trazer o debate para o campo social, onde mora (sic) muitos dos problemas dessas comunidades”.

Mineira de Lavras, Ana Paula defendeu o Minas e o Mackenzie, dois dos principais clubes de Belo Horizonte. Pela Sele��o Brasileira, ganhou medalha de bronze nos Jogos Ol�mpicos de Atlanta, em 1996.

Ana Paula est� certa?

Analisando apenas n�meros absolutos citados por Ana Paula, as mortes de brancos em a��es policiais foram maiores – 19 – contra nove de negros. A fonte dos dados n�o � informada pela brasileira.

Contudo, Ana Paula desconsidera um dado importante, apesar de cit�-lo. A popula��o negra nos Estados Unidos � de apenas 12,8%. Brancos somam 79,8% (hisp�nicos: 15,4%; asi�ticos: 4,5%; nativos: 1,2%; e multirraciais 1,7%, segundo o Censo americano de 2008).

Ou seja, proporcionalmente, os assassinatos de negros pela pol�cia superam os de brancos.
(foto: Reprodução Twitter @anapaulavolei)
(foto: Reprodu��o Twitter @anapaulavolei)

Outras fontes tamb�m podem ser utilizadas para ampliar a vis�o sugerida por Ana Paula, de que n�o h� um olhar de preconceito por parte da pol�cia contra pessoas negras.

Tamb�m � necess�rio destacar que, felizmente, nem toda abordagem policial resulta em morte.

De acordo com a obra As pris�es da Mis�ria (1999), do franc�s Lo�c Wacquant (tamb�m branco), aproximadamente 80% dos jovens homens negros e latinos da cidade foram detidos e revistados pelo menos uma vez pelas for�as da ordem em Nova York naquele ano.

� �poca da publica��o do livro, 60% da popula��o carcer�ria era de negros e latinos. O artigo The Color of Justice: Racial and Etnic Disparity in State Prisons (A Cor da Justi�a: Disparidade �tnica e Racial nas Pris�es Estaduais), publicado em 2016 pela Organiza��o n�o Governamental The Sentencing Project, demonstra que o n�mero de afro-americanos encarcerados em pris�es estaduais � 5,1 vezes maior que o de brancos.

Esta propor��o pode alcan�ar uma taxa acima de 10 para 1, em cinco Estados (Iowa, Minnesota, New Jersey, Vermont e Wiscosin). No Estado de Maryland, 72% da popula��o carcer�ria � constitu�da de negros.

Significa que pessoas dessas etninas cometem mais crimes, como quis fazer crer Ana Paula? N�o necessariamente.
(foto: Reprodução Twitter @anapaulavolei)
(foto: Reprodu��o Twitter @anapaulavolei)

Deve-se considerar, tamb�m, que eles s�o mais frequentes no 'radar' dos policiais durante as abordagens.

“A grande maioria das queixas de ‘incidentes com a pol�cia’ diz respeito a ‘incidentes por ocasi�o de patrulhas de rotina’ – em oposi��o �s opera��es de pol�cia judici�ria –, cujas v�timas s�o residentes negros e latinos em tr�s quartos dos casos. S� os afro-americanos realizaram 53% das queixas, ao passo que representam apenas 20% da popula��o da cidade (Nova York). E 80% dos requerimentos contra viol�ncias e abusos por parte dos policiais foram registrados em apenas 21 dos 76 distritos entre os mais pobres da cidade”, afirma Wacquant em sua publica��o”.

O pr�prio livro utilizado pela ex-jogadora brasileira cont�m trecho que cita levantamento realizado pelo jornal Washington Post em 2015, demonstrando que � �poca, pessoas negras desarmadas tinham sete vezes mais chances de morrer pelas m�os da pol�cia do que brancas.

Georde Floyd, morto pelo policial branco Derek Chauvin – fato que desencadeou toda a onda recente de protestos – estava desarmado e pediu clem�ncia durante os oito minutos em que foi asfixiado. Em v�o.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)