
O maior salto da doen�a aconteceu no Paran�, onde os casos sa�ram de 13.662 para 54.629 - quatro vezes mais - e as mortes aumentaram de 428 para 1.327 - mais que o triplo. O governo paranaense confirmou mais 1.062 casos e 19 mortes neste domingo. S� na capital, Curitiba, j� s�o 13.398 casos e 350 mortes. No domingo, foram registrados 307 casos novos e 14 �bitos. Desde meados de abril, o com�rcio vem abrindo e fechando conforme a evolu��o dos casos.
No �ltimo dia 14, um decreto do prefeito Rafael Greca (DEM) liberou atividades n�o essenciais, mas manteve proibidos missas e cultos presenciais na capital. O com�rcio, incluindo shoppings, s� podem funcionar de segunda a sexta, com hor�rio restrito. Nesta segunda, Curitiba tinha 2.206 pacientes internados com sintomas ou resultado positivo para a doen�a, dos quais 964 em UTI.
O novo coronav�rus avan�a tamb�m no interior. Dos 399 munic�pios paranaenses, apenas 11 n�o tinham casos confirmados de covid-19. Em 201 j� houve mortes. Em Sarandi, com 97 mil habitantes, no noroeste do estado, em um m�s, o n�mero de casos subiu de 34 para 297 e de um �bito para cinco. "Antes, t�nhamos o com�rcio funcionando de segunda � sexta, das 9 �s 17, e aos s�bados das 9 �s 13 horas. Agora, estamos fechando o com�rcio aos s�bados e domingos", disse o assessor de comunica��o do munic�pio, Roberto Lima. Nesta segunda, quatro moradores estavam internados com a covid-19, tr�s delas em hospitais de Maring�, cidade polo da regi�o.
Alto risco
No Rio Grande do Sul, de 20 de junho para c�, o n�mero de casos passou de 19.138 para 47.113, enquanto as mortes subiram 430 para 1.252. A capital, Porto Alegre, j� luta contra a falta de leitos. Na noite de domingo, 270 pacientes estavam em UTIs, 24% a mais que no domingo anterior. Incluindo outras doen�as, havia 671 pessoas internadas, com 92% de ocupa��o dos leitos hospitalares. A maioria dos munic�pios ga�chos est� na fase mais restritiva do distanciamento controlado, plano de reabertura gradual que funciona desde 10 de maio no Estado, mas muitas prefeituras pressionam o governo para ficar em fase de menor restri��o.
O governador Eduardo Leite (PSDB) disse que a situa��o atual � preocupante e que o isolamento social se imp�e. "Estamos acompanhando este momento mais cr�tico na demanda pelas UTIs, mas o nosso grande esfor�o � para garantir o atendimento. No entanto, � imposs�vel fazer a amplia��o para atender uma demanda que n�o para de crescer. H� limita��o f�sica, h� limita��o de estrutura e de recursos humanos", afirmou. Ele fez um apelo aos prefeitos para uma pol�tica de cogest�o do modelo de distanciamento. "Esse sistema precisa de um pacto entre as partes para que seja efetivo."
O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Junior (PSDB) chegou a cogitar a ado��o de um lockdown na capital. Ele disse que a demanda por leitos de UTI vem acelerando desde a primeira semana de julho, por isso foram adotadas restri��es de forma gradual, mas n�o houve o isolamento necess�rio. "N�o consigo impor (o lockdown) sozinho se n�o houver uma parte da cidade trabalhando em unidade. Essa tem de ser uma decis�o de consci�ncia da nossa sociedade. � uma op��o que parece hoje recomendada, mas se for apenas no decreto, n�o vai surtir efeito", disse.
Nesta segunda, o novo mapa do distanciamento controlado no estado colocou 18 das 20 regi�es na fase vermelha, considerada de alto risco. � o maior n�mero de regi�es na fase mais cr�tica desde o in�cio do plano. Apenas duas - as regi�es de Bag� e Pelotas - est�o com a bandeira laranja. No interior ga�cho, prefeituras se rebelam contra as restri��es. Dos 497 munic�pios, 59 entraram com pedidos de mudan�a para faixa menos restrita.
A prefeitura de Uruguaiana, no extremo oeste, vai entrar com recurso contra a inclus�o na fase vermelha. De acordo com o secret�rio de administra��o, Ricardo San Pedro, a cidade tem autossufici�ncia hospitalar, baixa incid�ncia de �bitos e elevado n�mero de pessoas curadas, al�m de alta testagem. "Estamos com barreiras sanit�rias em quatro pontos da cidade e at� o momento n�o temos um �nico �bito confirmado", disse.
Sem praia
Em Santa Catarina, os casos de coronav�rus evolu�ram de 17.108 h� um m�s para 53.336 na manh� desta segunda. As mortes cresceram de 237 para 685. Al�m da capital Florian�polis, cidades do interior j� enfrentam satura��o nos hospitais. Em todo o estado, dos 1.376 leitos, 1.042 estavam ocupados, taxa de 75,7%, a maior desde o in�cio da pandemia. Nesta segunda, o governo usou escolta policial para enviar respiradores e monitores para hospitais de Blumenau, Timb� e Curitibanos.
A doen�a se espalhou em 284 dos 295 munic�pios. Joinville lidera com 4.517, seguida por Blumenau (3.366) e Balne�rio Cambori� (3.144). Na capital s�o 2.495 pessoas infectadas. Nesta segunda-feira, entraram em vigor novas medidas decretadas pelo governador Carlos Mois�s (PSL) para aumentar o isolamento em sete regi�es classificadas como "em situa��o grav�ssima". Nos 111 munic�pios, o transporte coletivo urbano foi suspenso por 14 dias. A suspens�o das aulas presenciais foi adiada at� 7 de setembro.
A proibi��o da frequ�ncia �s praias entrou em vigor neste fim de semana e atinge todas as cidades da Grande Florian�polis, al�m de Balne�rio Cambori� e cidades praianas da regi�o de Joinville. J� o fechamento de parques e pra�as vale para todo o Estado. "Como j� hav�amos falado, a primeira quinzena de julho foi um das mais dif�ceis. Ampliamos os leitos de UTI, contratamos profissionais e aumentamos a testagem, mas o esfor�o do governo em proteger o cidad�o tem que ser aliado ao esfor�o da popula��o em manter o distanciamento social", disse o governador.
Em Blumenau, ap�s a cidade atingir 96% de ocupa��o dos leitos de UTI e registrar o 28.o �bito nesta segunda, a prefeitura suspendeu a circula��o dos �nibus urbanos e de ve�culos de fretamento e turismo. Tamb�m pararam as academias, shopping centers e o com�rcio em geral. Restaurantes s� podem funcionar em delivery. O decreto suspendeu a entrada de novos h�spedes em hot�is e mot�is. Todas as atividades coletivas, inclusive em clubes sociais, foram suspensas. Com 358 mil habitantes, a cidade tur�stica do interior catarinense chegou a 5.585 infectados pelo novo coronav�rus.
Neste fim de semana, a Pol�cia Militar atendeu quase 7 mil ocorr�ncias ligadas ao novo coronav�rus no estado. Destas, 3,4 mil se converteram em autua��es, sendo 583 pelo n�o uso de m�scara, 615 em estabelecimento sem �lcool gel e 312 interdi��es por funcionamento irregular de com�rcio. Foram lavrados 1.089 registros de infra��o de medida sanit�ria, incluindo aglomera��es em festas e bailes, al�m de 51 pris�es por crime de desobedi�ncia. "Infelizmente, a sociedade catarinense n�o est� acreditando na necessidade de manuten��o do distanciamento social", disse o comandante geral, coronel Dionei Tonet.
Para o infectologista Alexandre Vargas Schwarzbold, pesquisador da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, n�o h� d�vida que o agravamento da pandemia se deve ao isolamento social ineficaz. "A popula��o n�o respeitou as medidas de distanciamento, que foi controlado, permitindo at� que a vida econ�mica, de algum modo, com restri��es, prosseguisse. A circula��o viral veio para regi�o sul e, com o relaxamento social, ela explodiu. A velocidade de transmiss�o se deve esse isolamento social inefetivo, o que exige agora do poder p�blico uma acentua��o do isolamento. No cen�rio atual, no m�ximo 25% das atividades poderiam estar presentes."
No �ltimo dia 17, a Sociedade Riograndense de Infectologia, presidida por Schwarzbold, divulgou nota de alerta sobre o avan�o do novo coronav�rus e a grave situa��o epidemiol�gica vivida pelo estado. "Na regi�o metropolitana de Porto Alegre, estamos na imin�ncia de um lockdown, que entendemos necess�rio, mas de uma forma que o governante possa ter o respaldo da popula��o. Claro que, se o isolamento social tivesse sido respeitado, n�o precisar�amos disso hoje."
O ge�grafo Eduardo Augusto Werneck Ribeiro, professor do Instituto Federal Catarinense (IFC) e especialista em geografia da sa�de, v� a explos�o de casos nos estados do Sul como uma segunda onda da covid-19. "A mobilidade foi a respons�vel por essa maior contamina��o. Houve o bloqueio, a ades�o por cerca de 8 dias, quando o �ndice de isolamento social chegou a 70%, e depois o relaxamento. Quando houve a flexibiliza��o, as pessoas j� estavam na rua."
Uma pesquisa feita por Ribeiro pela internet em Cambori�, litoral catarinense, deu a medida de como as pessoas, mesmo com mais instru��o, relativizam a import�ncia do isolamento social frente � pandemia. "Ouvimos 129 pessoas com curso superior e 30% disseram que n�o correriam risco de cont�gio indo � praia. � um porcentual elevado." Ele observou tamb�m que, nos dias de sol, muitos moradores de Blumenau deixavam o isolamento para passear e ir � praia. "O que estamos vendo agora � o resultado da irresponsabilidade associada � mobilidade".