Testes com vacinas levam esperan�a � luta contra o coronav�rus
Brasil come�a a testar hoje vacina desenvolvida na China que ser� aplicada em 9 mil pessoas de Minas Gerais e outros tr�s estados, al�m do Distrito Federal, enquanto respostas de imunizante ingl�s s�o positivas
Vacina desenvolvida no Sinovac Biotech na China ser� testada em Minas Gerais, S�o Paulo, Rio Grande do Sul, Paran� e Distrito Federal (foto: Ludovic Ehret/AFP - 29/4/20)
O esfor�o da ci�ncia para encontrar uma vacina que livre o mundo da pandemia do novo coronav�rus rendeu, ontem, uma s�rie de boas not�cias. O Brasil recebeu as primeiras doses de uma vacina desenvolvida na China, que ser� testada em Minas Gerais e outros quatro estados. Enquanto isso, os resultados de fases iniciais de testes cl�nicos de outra vacina testada no pa�s, desenvolvida na Inglaterra, mostram que ela � segura e induz imunidade. Por�m, os especialistas destacam que ainda h� muito trabalho pela frente, e produzir e distribuir a vacina contra a COVID-19 em larga escala deve demorar.
Por volta das 4h20 da madrugada de ontem, o avi�o com as doses da vacina produzida pelo laborat�rio chin�s Sinovac Biotech pousou no aeroporto de Guarulhos, em S�o Paulo. O projeto � coordenado no Brasil pelo Instituo Butantan, que come�a a aplicar hoje o material em volunt�rios para a terceira fase de testes cl�nicos da vacina chinesa. Cerca de 9 mil pessoas foram recrutadas para receber a vacina em Minas Gerais, S�o Paulo, Rio Grande do Sul, Paran� e Distrito Federal.
A terceira fase de testes deve durar tr�s meses, e busca comprovar a seguran�a e efic�cia da vacina contra a COVID-19. Se tudo der certo, a produ��o deve come�ar no in�cio de 2021, segundo o governador de S�o Paulo, Jo�o D�ria (PSDB). De acordo com o governo paulista, o Instituto Butantan tem capacidade de produzir 100 milh�es de doses, que ser�o complementadas por mais 60 milh�es vindas da China. O Sistema �nico de Sa�de (SUS) distribuiria o produto em todo o pa�s.
Fiocruz � parceira no desenvolvimento de imunizante da Universidade de Oxford, que segue para �ltima fase de testes em humanos
(foto: Fiocruz/Divulga��o - 2/6/20)
Em Minas, o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de F�rmacos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) conduzir� os testes. A vacina � “uma das mais promissoras” no mundo, afirmou ontem o secret�rio de Estado de Sa�de, Carlos Eduardo Amaral. Por outro lado, ele apontou que vai demorar para que a vacina seja produzida e distribu�da em massa. “O fato � que a tend�ncia � de que tenhamos sim vacinas para o combate � COVID”, concluiu.
Outra candidata a vacina contra a COVID-19, que est� sendo testada no Brasil, desenvolvida pela Universidade de Oxford e o grupo farmac�utico AstraZeneca, apresentou resultados promissores. Os pesquisadores divulgaram ontem que a vacina � segura e induz imunidade, com base nas duas primeiras fases de testes cl�nicos. Segundo a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), essa � a iniciativa mais adiantada no momento.
De acordo com estudo publicado na revista cient�fica The Lancet, os 1.077 volunt�rios que receberam a vacina produziram anticorpos e gl�bulos brancos capazes de combater o coronav�rus. Por�m, ainda h� muito trabalho pela frente. Nas primeiras fases, os pesquisadores n�o conseguiram determinar se a imunidade � duradoura ou realmente protetora. Al�m disso, cerca de 70% dos testados apresentaram efeitos colaterais, como febre e dor de cabe�a.
O diretor de emerg�ncias da OMS, Michael Ryan, afirmou que os resultados divulgados pela Universidade de Oxford s�o positivos, mas refor�ou que h� um “longo caminho a percorrer” no esfor�o global para o desenvolvimento de uma vacina. J� o diretor-geral da organiza��o, Tedros Adhanon, disse que os pa�ses precisam rastrear as pessoas que tiveram contato com infectados, para localizar novos casos e isol�-los rapidamente. “N�o precisamos esperar por uma vacina, podemos salvar vidas agora”, disse.
Iniciativas A vacina inglesa est� sendo aplicada em profissionais de sa�de na linha de frente de combate � pandemia em S�o Paulo e Rio de Janeiro desde junho, como parte da terceira fase de testes. A Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp) coordena a pesquisa no Brasil. A reitora Soraia Smaili prev� que a vacina pode ter o registro liberado em junho de 2021, se os testes forem bem-sucedidos. A Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) fechou um acordo para produzir mais de 30 milh�es de doses, antes do encerramento dos testes cl�nicos. Depois de comprovada a efic�cia, uma segunda etapa do acordo prev� a produ��o de mais 70 milh�es de doses.
Ontem, outro grupo de pesquisadores, da empresa chinesa CanSino Biologics, divulgaram resultados similares aos da vacina de Oxford. Tamb�m publicados na revista The Lancet, a segunda fase de testes cl�nicos indica que a vacina � segura e induz imunidade. Essa parte do estudo envolveu 500 volunt�rios em Wuhan, o epicentro original da pandemia do novo coronav�rus. Agora, a pesquisa segue para a terceira e �ltima fase de testes em pacientes humanos, que deve confirmar ou n�o se a vacina protege um grupo mais amplo de pessoas da COVID-19.
No momento, h� 166 iniciativas de pesquisa para encontrar uma vacina eficaz contra a COVID-19 no mundo, segundo dados da OMS atualizados at� ontem. Desse total, 142 est�o em fase pr�-cl�nica, sem testes em humanos. Outras 24 est�o em uma das tr�s fases de testes cl�nicos. Al�m das duas vacinas que est�o sendo testadas no Brasil e daquela desenvolvida em Wuhan, outras pesquisas est�o nesse grupo. � o caso da que est� sendo desenvolvida pela farmac�utica Moderna, dos Estados Unidos. * Estagi�rio sob a supervis�o da subeditora Marta Vieira
Receita para salvar vidas
A ci�ncia tamb�m avan�a nos estudos sobre o combate � COVID-19 com as ferramentas de que a humanidade disp�e no momento, enquanto as s not�cias definitivas sobre o desenvolvimento de uma vacina ainda devem demorar. Estudo publicado pela Universidade de Oxford indica que o distanciamento social e o uso de m�scaras podem n�o apenas desacelerar a transmiss�o do novo coronav�rus como tamb�m diminuir a gravidade dos sintomas de COVID-19 em pessoas infectados.
Para o bi�logo Atila Iamarino, pesquisa sobre efetividade do uso da m�scara e do isolamento indica novo curso da doen�a
(foto: TV Cultura/Divulga��o - 1/4/20)
Os pesquisadores estudaram um surto da doen�a entre 508 soldados na Su��a – a maioria homens de 21 anos. Eles foram divididos em dois grupos: um que foi infectado antes de fazer distanciamento e outro que contraiu o coronav�rus durante o isolamento. Do primeiro grupo, de 341 soldados, 30% ficaram doentes. No segundo, com 154 integrantes, nenhum desenvolveu COVID-19, apesar da presen�a de anticorpos espec�ficos para o SARS-CoV-2.
Na conclus�o da pesquisa, os autores afirmam que o distanciamento social retarda a propaga��o do v�rus em um grupo de adultos jovens e saud�veis, impede um surto de COVID-19, e tamb�m induz uma resposta imune. “O in�culo viral durante a infec��o ou o modo de transmiss�o pode ser um fator-chave na determina��o do curso cl�nico da COVID-19”, escrevem.
O bi�logo Atila Iamarino, em uma postagem no Twitter, afirmou que o resultado da pesquisa � “fant�stico”, e que se for replicado, “pode mudar o curso da COVID-19”. O divulgador cient�fico explica que a conclus�o do estudo sustenta a ideia de que a gravidade da doen�a depende da quantidade de v�rus com a qual a pessoa entra em contato. “Quem tem contato com uma dose maior do coronav�rus deve desenvolver uma inflama��o mais r�pida e mais s�ria. A�, com a m�scara e com distanciamento social, a dose � menor e a doen�a mais leve”, escreveu.
Segundo o bi�logo, essa caracter�stica ajuda a explicar por que o aumento recente de casos n�o vem acompanhado de alta correspondente nas mortes. “Al�m de mais testes e tratamentos melhores, se quem contraiu o v�rus estava se protegendo, poderia ser uma COVID mais leve”, argumenta. Iamarino afirma que se isso for confirmado, � poss�vel diminuir a letalidade da doen�a. “No m�nino diminuir interna��es j� seria fant�stico. Mas se diminuirmos a letalidade tamb�m, o n�mero de vidas em risco seria muito menor”. Por fim, o cientista recomenda: “Fica em casa e usa a m�scara”. (FQ)
Estudo atesta que rem�dio tem efic�cia
Medicamento chamado SNG001 reduz em 79% o risco de desenvolvimento de uma forma grave da COVID-19, de acordo com resultados preliminares divulgados ontem pelo laborat�rio brit�nico que o produziu, Synairgen. Esse tratamento inalado usa interferon beta, uma prote�na natural que est� envolvida na resposta do organismo aos v�rus.
O estudo realizado pela Universidade de Southampton em 101 pacientes concluiu que aquelas pessoas tratadas com esse medicamento t�m 79% menos chances do que quem recebeu placebo de desenvolver formas graves da doen�a, ou seja, que precisaria de respirador artificial.
Os pacientes tratados com SNG001 t�m duas vezes mais chances de se recuperar do que aqueles que receberam um placebo. Tr�s dos pacientes (6%) tratados com placebo morreram, enquanto n�o houve mortes entre aqueles que foram tratados com SNG001.
O estudo foi realizado em amostra relativamente pequena de pacientes e ainda n�o teve revis�o por pares, mas poderia revolucionar a maneira como a COVID-19 � tratada. Segundo o diretor-geral da Synairgen, Richard Marsden, pode representar um “grande passo adiante”. “Os resultados confirmam nossa cren�a de que o interferon beta (...) tem um enorme potencial como tratamento inalat�rio para restaurar a resposta imune dos pulm�es, melhorando a prote��o, acelerando a recupera��o e combatendo o impacto do v�rus SARS-CoV-2”, declarou o professor Tom Wilkinson, professor de medicina respirat�ria da Universidade de Southampton, que liderou o estudo.
O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte. V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.