
No enfrentamento da pandemia da COVID-19, a ci�ncia precisa ser a principal aliada. Com o intuito de fornecer instrumentos para balizar gestores na tomada de decis�es, pesquisadores da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) se debru�am na avalia��o de indicadores epidemiol�gicos e de servi�os de sa�de.
“� muito preocupante a disson�ncia entre os cen�rios epidemiol�gicos e as medidas adotadas. O que tem acontecido no Brasil, de um modo geral, � um descompasso”, analisa o coordenador do Observat�rio COVID-19, Carlos Machado. Ele � o respons�vel pelo Boletim Observat�rio da Fiocruz, publica��o que tra�a um panorama geral da pandemia por meio de indicadores-chave para o monitoramento da situa��o nos estados e regi�es do pa�s.
“� muito preocupante a disson�ncia entre os cen�rios epidemiol�gicos e as medidas adotadas. O que tem acontecido no Brasil, de um modo geral, � um descompasso”, analisa o coordenador do Observat�rio COVID-19, Carlos Machado. Ele � o respons�vel pelo Boletim Observat�rio da Fiocruz, publica��o que tra�a um panorama geral da pandemia por meio de indicadores-chave para o monitoramento da situa��o nos estados e regi�es do pa�s.
As tend�ncias s�o avaliadas pelo crescimento m�dio di�rio nas �ltimas duas semanas. Em entrevista ao correio, Machado destrincha o novo boletim e contextualiza o panorama atual.
Quais s�o as tend�ncias mostradas no �ltimo Boletim Observat�rio?
Pegamos o per�odo que compreende de 12 a 25 de julho, das semanas epidemiol�gicas 29 e 30. Em termos de incid�ncia, a gente v� claramente as maiores taxas em Rond�nia, Roraima, Amap�, o que causou bastante preocupa��o. Tamb�m Sergipe, no Nordeste; Mato Grosso e Distrito Federal, na Regi�o Centro-Oeste. S�o unidades em que se tem as maiores taxas de incid�ncia. De qualquer modo, observamos a perman�ncia da transmiss�o do v�rus na Amaz�nia como um todo, principalmente nesses estados (do Norte) que eu chamei a aten��o e que vinham apresentando uma tend�ncia de queda. Vale ressaltar, tamb�m, que s�o eles que possuem as maiores taxas de mortalidade, causando grande preocupa��o.
E as taxas de mortalidade?
Sobre taxas de mortalidade, podemos acrescentar o Mato Grosso do Sul, na Regi�o Centro-Oeste; e um destaque em Santa Catarina, que � uma mudan�a de quadro. Os estados do Rio de Janeiro e de S�o Paulo, que vinham apresentando uma tend�ncia de queda de casos, chamam aten��o. Muito provavelmente, (os n�veis) est�o relacionados �s medidas de flexibiliza��o adotadas nesses estados, come�am a parecer maiores taxas. N�s subimos uma montanha, estamos no alto dela, inexistindo ainda indicadores de que estamos descendo a mesma.
Falando sobre as S�ndromes Respirat�rias Agudas Graves (SRAGs), dados do Infogripe, da Fiocruz, d�o conta de que, dos casos confirmados, mais de 96% s�o covid. Por que, ent�o, elas entrariam como um fator a parte a ser analisado?
H� um subregistro muito grande de casos. Quando tenho a S�ndrome e fa�o o teste, a maior parte que tem confirma��o � de covid. Ent�o, o que � o mais importante � que aparecem outros estados, que n�o tiveram destaque nas incid�ncias de covid, mas t�m indicadores altos de SRAG com n�veis muitos altos e que indicam ainda situa��o de alerta. As taxas de incid�ncia de S�ndrome continuam muito altas. Principalmente em Sergipe e tamb�m no DF, que j� tinham um indicador alto tamb�m para covid; mas tamb�m para Alagoas, Minas Gerais, S�o Paulo, Mato Grosso do Sul e Paran�, que n�o apareciam com as taxas de incid�ncia de covid muito altas. S�o estados que t�m munic�pios com altas taxas de SRAG. Ao notar esse descompasso, pensaria nesses estados que exigem o monitoramento mais pr�ximo em termos de testes, diagn�sticos, como tamb�m um alerta para esse conjunto de munic�pios que pode estar com grande subnotifica��o. Por isso, trabalhamos com os dois indicadores, tanto a taxa de incid�ncia, relacionada aos casos de covid, quanto �s de s�ndrome respirat�ria aguda grave, que tem funcionado como um sistema de alerta muito importante.
� poss�vel afirmar, ent�o, que nesses estados com altas taxas de SRAG e que n�o apresentaram compatibilidade com as taxas de covid h� falta de testagem?
Nunca � t�o preciso assim, apesar de haver essa rela��o de que a grande maioria dos casos de SRAG que foram confirmados, seja por testes ou diagn�stico cl�nico, � de covid. O que se pode tirar disso � que, quando junto esses dois indicadores, isso me fornece um conjunto de estados que requer uma amplitude maior para monitoramento e alerta.
E os leitos de UTI. Quais s�o os estados mais cr�ticos?
� um �ltimo indicador, de servi�os de sa�de, e que � muito importante, tamb�m, ser pesado na balan�a. Tomando como refer�ncia de crit�rios da OMS, uma taxa de ocupa��o de leitos acima de 80% acende um alerta; significa que o sistema de sa�de, principalmente os leitos de UTI, que � o �ltimo recurso para que os casos graves possam ter tratamento, est� trabalhando no limite. Para n�s, nesse �ltimo boletim, v�o aparecer os estados de Santa Catarina, Mato Grosso, Goi�s e Distrito Federal, com taxa de ocupa��o de leitos de UTI acima de 80%. Isso acende o alerta at� porque Mato Grosso e Distrito Federal j� apareceram nas taxas de incid�ncia e SRAGs, mas Goi�s n�o tinha aparecido. No in�cio do ano, em uma Nota T�cnica, identificamos pouco mais de 400 munic�pios no pa�s com disponibilidade de leitos de UTI e dos equipamentos necess�rios para cuidados hospitalares mais complexos, compat�veis com os demandados por pacientes graves com covid-19. Esta grande concentra��o significa que devemos olhar os munic�pios de um estado conjuntamente, pois se os indicadores podem estar caindo em algumas capitais, h� ao mesmo tempo o processo de interioriza��o da covid-19, que acabar� representando uma maior demanda de leitos nas capitais e regi�es que possuem mais recursos hospitalares e leitos UTI.
Somar todos esses fatores indica uma necessidade de maior aten��o para aqueles que t�m um ac�mulo de alertas?
O que se pode observar aqui � em rela��o �s semanas 29 e 30. Tivemos uma situa��o muito cr�tica, por exemplo, no DF, a tomar de exemplo pela proximidade dos leitores do Correio Braziliense. (A unidade federativa) passou por uma situa��o com demanda de medidas mais restritivas naquele per�odo. Se consideramos que o crescimento de casos tende a aparecer cerca de 15 dias ap�s medidas de flexibiliza��o, podemos ver como estas medidas podem ter influenciado o crescimento nas taxas de incid�ncia de covid e SRAG cerca de 15 dias depois de adotar as mesmas.
Foi justamente nesse per�odo que o Distrito Federal, na contram�o, adotava medidas de flexibiliza��o, com abertura e bares, academias, por xemplo. Isso � preocupante?
� muito preocupante a disson�ncia entre as atividades de vigil�ncia e os cen�rios epidemiol�gicos e as medidas adotadas. O que tem acontecido no Brasil, de um modo geral, � um descompasso entre os indicadores epidemiol�gicos que deveriam guiar a tomada de decis�o e as efetivas tomadas de decis�es realizadas por prefeitos e governadores.
A flexibiliza��o, ent�o, corre cedo demais?
Dou uma posi��o pessoal, minha, embasado em estudos. Voc� n�o tem como mandar manter medidas restritivas por meses seguidos. Gera um desgaste o impacto sobre a sociedade. N�o defendo que as medidas restritivas sejam cont�nuas por meses seguidos. Para que elas n�o fiquem no cont�nuo, no entanto, � necess�rio fazer o monitoramento epidemiol�gico e da capacidade de servi�os de sa�de de forma cont�nua. E seguir esses indicadores para o afrouxamento como tamb�m para restri��o das medidas de circula��o. O que a gente tem assistido, de modo geral, principalmente nos munic�pios, de n�vel local, onde as decis�es t�m um impacto mais direto, � que as escolhas de abertura n�o necessariamente est�o em sintonia com os indicadores epidemiol�gicos e de servi�o. Essa � a quest�o mais preocupante que a gente vivencia hoje no Brasil, de modo geral.
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
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O que � o coronav�rus
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Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?
Como se prevenir?
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
Em casos graves, as v�timas apresentam:
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
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Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia
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