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Estado de Minas CORONAV�RUS

COVID-19: A dura rotina dos auxiliares de limpeza em hospitais durante pandemia

"J� lidei com CTI pedi�trico de emerg�ncia, CTI coronariano, CTI adulto, mas nunca passei por essa situa��o de um v�rus invis�vel fazer tudo que fez em pouco tempo"


05/08/2020 08:48 - atualizado 05/08/2020 10:00

(foto: Rogério Rocha de Souza/Agência Brasil)
(foto: Rog�rio Rocha de Souza/Ag�ncia Brasil)

Maria Berenice da Silva tem 39 anos e em 12 deles trabalha como auxiliar de limpeza hospitalar no Hospital Universit�rio Pedro Ernesto (Hupe), em Vila Isabel, na zona norte do Rio. Em toda a sua vida profissional sempre procurou fazer o servi�o pensando que a pessoa atendida podia ser de sua fam�lia. Ficar na linha de frente no combate � pandemia de COVID-19 significou ver de perto o sofrimento das pessoas, e a� o cuidado com a limpeza aumentou.

“J� lidei com CTI pedi�trico de emerg�ncia, CTI coronariano, CTI adulto, mas nunca passei por essa situa��o de um v�rus invis�vel fazer tudo que fez em pouco tempo. Por mais que a gente tome cuidado de fazer o procedimento normal, agora dobrou com rela��o � aten��o”, disse Maria Berenice em entrevista � Ag�ncia Brasil. “Sempre que estou fazendo uma desinfec��o, penso que poderia ser um familiar meu”.

A auxiliar de limpeza contou que no come�o da pandemia, a situa��o foi muito tensa. Atualmente, at� ficou um pouco mais calma com a redu��o dos casos, mas, ainda assim, tudo inspira cuidado. “Agora deu uma acalmada, a situa��o amenizou, mas no come�o da pandemia foi tudo muito dif�cil. Um servi�o muito cauteloso e com muito cuidado que fazemos. � paciente que entra, paciente que sai. Os profissionais da sa�de tamb�m est�o com a gente”.

O drama dos pacientes e das fam�lias que passou a assistir ao acompanhar quadros no hospital chegou bem perto. Em maio, depois de tr�s dias sem paladar, sem olfato, com febre e falta de ar, fez o teste e deu positivo. Maria Berenice ficou 18 dias afastada do trabalho. “Tudo muito novo, voc� se p�e no lugar da pessoa que estava ali hospitalizada e teve que passar pelo processo de intuba��o. Gra�as a Deus n�o passei por isso, mas tive todos os sintomas”, afirmou.

“Teve um fim de semana em que passei t�o mal que achei que naquele dia n�o voltaria mais. Dor no corpo, dor no pulm�o, queria respirar, fiquei com o rosto de frente para o ventilador, com falta de ar. Foi um desespero”.

A profissional n�o ficou internada em hospital, mas precisou fazer isolamento em casa, per�odo que passou na companhia dos filhos Gabriel, de 22 anos, e David Juan, de 20 anos. Se p�de ficar ao lado deles, isso trouxe tamb�m muita preocupa��o de que fossem infectados. “Sempre pedia que n�o ficassem muito pr�ximos a mim, porque o medo era contaminar meus filhos. Evitei qualquer tipo de aproxima��o com colegas, porque perdi v�rias pessoas conhecidas tamb�m e foi tudo muito complicado. At� voc� entender que tudo aquilo que estava acontecendo chegou at� voc� tamb�m e se colocar novamente no lugar das outras pessoas, � muito dif�cil”, revelou. 

Outro momento dif�cil foi ver o olhar de medo do filho Gabriel de perder a m�e. “Eu chorava horrores quando meu filho sa�a de perto de mim. Eu vi o medo dele de me perder naquele momento. As pessoas conhecidas que a gente perdeu eram pai, m�e e colegas dele. Quando aconteceu na minha casa, eles ficaram muito assustados. Os meus filhos ficaram praticamente isolados comigo. Evitaram ir para a rua. Eles s�o jovens, mas o medo que tinham era o de perder a m�e. Quando testei positivo, o desespero foi maior”, contou.

Aglomera��o

Quem teve a doen�a, sente muita tristeza ao ver tantas pessoas que n�o d�o a devida import�ncia ao novo coronav�rus se aglomerar nas ruas, n�o usar m�scara, nem �lcool em gel e n�o pensar no pr�ximo. “� um sentimento de tristeza e, ao mesmo tempo, de perceber que n�o valorizam o nosso trabalho. Muitos n�o est�o ligando, porque acham que isso n�o acontece dentro da sua casa. Esse sentimento a gente tem porque enquanto est� ali se dedicando, tem gente l� fora n�o dando a m�nima. At� que acontece dentro de casa, para entender que esse v�rus n�o � brincadeira. Foi preciso perder a pessoa do seu lado para saber o quanto � s�ria a situa��o”, observou.

Vacina

Maria Berenice, que h� mais de uma d�cada est� acostumada a higienizar unidades de terapia intensiva de diversas especialidades, espera o surgimento de uma vacina contra a covid-19, com a certeza de que, a partir da pandemia, a vida n�o ser� mais a mesma para ningu�m. As medidas de prote��o v�o ter de continuar, ainda que a contamina��o tenha diminu�do. “Esse nosso costume de usar m�scara e �lcool em gel vai ficar para sempre. A vacina pode ser positiva, mas antes da vacina n�o acredito muito n�o”.

Al�vio

Para Fabiano Paulino de Souza Nunes, de 44 anos, colega de Maria Berenice h� dois anos e seis meses, foi radical a mudan�a no trabalho antes e ap�s o surgimento da pandemia. Embora n�o tenha se infectado, apesar de terem aparecido alguns sintomas, como febre, dor de cabe�a e tosse, o sentimento de estar diante de uma doen�a desconhecida causa temor, principalmente porque mora com a mulher Carla e os tr�s filhos, Jo�o Vitor de 17 anos, Kauan, de 13, e Rebeca, de 6 anos. “Quando veio o resultado foi um al�vio. Ningu�m quer pegar isso na verdade. Ningu�m sabe o que pode acontecer, como a doen�a se comporta no nosso corpo”, afirmou.

Fabiano lembrou que a sua categoria � essencial, como os m�dicos e enfermeiros, no combate ao novo coronav�rus. O trabalho, que j� era conjunto, se transformou em uni�o desses profissionais. “Sentimento agora de total uni�o, temos que estar mais pr�ximos. Tanto m�dicos, quanto enfermeiros, a gente da limpeza � que entra primeiro quando ocorre algum �bito. A gente est� diretamente junto”.

Mortes

De acordo com o auxiliar de limpeza, � muito dif�cil acompanhar a evolu��o de um paciente que n�o resiste ao v�rus e morre. “Quando a gente v� um paciente morrendo, pensa logo nos nossos familiares, nossos amigos e no pr�ximo. � muito dif�cil. � choque para n�s. A verdade � que a gente faz de tudo para salvar essas vidas. Tem que fazer a higieniza��o total do ambiente”.

Empresa

A empresa de limpeza hospitalar Mais Verde, em que Maria Berenice e Fabiano s�o contratados, informou que o trabalho di�rio � acompanhado por supervisores que organizam as tarefas, tiram d�vidas e conversam com os auxiliares sobre os procedimentos que devem ser seguidos e sobre suas demandas pessoais. Os profissionais tamb�m t�m equipamentos de prote��o e a assist�ncia di�ria de um t�cnico de seguran�a do trabalho e de um enfermeiro especializado em desinfec��o hospitalar, que tamb�m acompanha o quadro de sa�de dos funcion�rios.

“Os funcion�rios seguem as diretrizes de a��o da Coordenadoria de Controle de Infec��o Hospitalar do pr�prio hospital, que determinam como a limpeza deve ser feita, os produtos a serem usados, entre outros aspectos”, completou a empresa.

Com o in�cio da pandemia, os profissionais fizeram treinamento espec�fico para o trabalho na linha de frente. “Tivemos que refor�ar o uso de EPI, os cuidados com os uniformes, o protocolo a seguir quando chegam e quando saem do hospital. Antes da pandemia, por exemplo, o uso do capote n�o era obrigat�rio para todos os funcion�rios em todos os setores do hospital, e agora passou a ser”, explicou.

No caso de empregados infectados, a orienta��o, ap�s a avalia��o da m�dica que faz o atendimento inicial, dependendo da gravidade, � ficar em casa. O afastamento dos profissionais levou a empresa a fazer remanejamento de equipes reservas e providenciar novas contrata��es. “Tivemos casos de pessoas que desistiram do trabalho ao saber que atuariam em hospitais, pelo receio de se contaminar, completou a empresa que tem cerca de 370 funcion�rios no Hupe e em outras unidades de sa�de do Rio.

Recomenda��es

O conselheiro T�cnico da Associa��o Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp), Alessandro Fernandes Ara�jo, disse que a entidade recomendou ao setor as normas que deveriam ser seguidas pela categoria, uma delas com rela��o aos equipamentos de prote��o que devem ser usados. “O mais importante neste momento n�o � s� a paramenta��o, mas tamb�m a desparamenta��o, que � tirar o uniforme. Isso pode ter um risco maior de contamina��o das pessoas. Por isso, intensificar treinamento � uma parte importante”, disse, destacando que a pandemia causou surpresa e todos os processos de seguran�a dos profissionais foram intensificados conforme os padr�es da Organiza��o Mundial da Sa�de e da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria.

Ara�jo acrescentou que todos os profissionais foram orientados a informar quando notassem alguma possibilidade de contamina��o. “Hoje, estamos cada vez mais especialistas em higieniza��o, em desinfec��o. Isso vai ficar p�s-pandemia”, completou.

A Abralimp informou que � a �nica entidade que representa toda a cadeia produtiva do setor de limpeza profissional, formada por fabricantes e distribuidores de m�quinas, equipamentos, qu�micos, descart�veis e EPI, al�m dos prestadores de servi�os especializados de limpeza profissional.

A associa��o tem mais de 230 associados e representatividade nacional. O mercado de limpeza profissional movimenta atualmente mais de R$ 18 bilh�es ao ano e gera mais de 760 mil empregos.

(Por Cristina �ndio do Brasil - Rep�rter da Ag�ncia Brasil - Rio de Janeiro)

O que � o coronav�rus


Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?


Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'

Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia

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