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Estado de Minas COVID-19

Embaixada da R�ssia diz negociar acordo sobre vacina com governo da Bahia

Integrante do governo russo disse estar negociando parcerias com institui��es de pesquisa, empresas e produtores brasileiros


12/08/2020 12:17 - atualizado 12/08/2020 15:13

Vacina anunciada pela Rússia ainda não teve resultado de testes analisado por agências de saúde(foto: AFP)
Vacina anunciada pela R�ssia ainda n�o teve resultado de testes analisado por ag�ncias de sa�de (foto: AFP)
A Embaixada da R�ssia no Brasil afirmou que est� negociando um acordo sobre a vacina rec�m-registrada contra a COVID-19 com o governo do Estado da Bahia. Em nota, a Embaixada informou que, no dia 30 de julho, o chanceler russo, Sergey Akopov, participou de uma videoconfer�ncia com o governador baiano e presidente do Cons�rcio do Nordeste, Rui Costa, e o secret�rio de Sa�de do Estado, F�bio Vilas-Boas. O tema da conversa foi uma poss�vel parceria entre as institui��es de pesquisa baianas e os centros cient�ficos russos nos testes e produ��o do imunizante. Foi discutida tamb�m a possibilidade de outros estados da regi�o se juntarem � negocia��o.

De acordo com o CEO do Fundo de Investimentos Diretos da R�ssia (RDIF, na sigla em russo), Kirill Dmitriev, o RDIF est� negociando diretamente com outras institui��es de pesquisa, empresas e produtores brasileiros para estabelecer parcerias na distribui��o de testes e medicamentos, bem como no desenvolvimento e produ��o da vacina contra o novo coronav�rus. "Esperamos que daqui a pouco vejamos os frutos concretos desta coopera��o. Pelo menos, por parte da Embaixada da R�ssia no Brasil, garantimos que empenharemos todos os esfor�os para facilit�-lo", diz a nota.

Em entrevista � TV Bahia no �ltimo dia 3, Rui Costa confirmou a reuni�o com as autoridades russas para garantir o interesse do estado e da regi�o nordestina na vacina que est� sendo produzida. "N�s tivemos, uma reuni�o pela internet com o embaixador da R�ssia, demonstrando interesse da Bahia e dos estados do Nordeste em ter essa parceria, tanto para ajudar a fazer os testes da vacina, como eventualmente participar do processo de vacina��o", disse Rui.

Sobre a desconfian�a da comunidade cient�fica, devido � rapidez de produ��o e falta de transpar�ncia no processo da R�ssia, o governador afirmou que todas as institui��es que est�o produzindo a vacina est�o seguindo normas severas de controle, que n�o permitiriam a aplica��o de uma subst�ncia que n�o fosse segura. Rui reiterou que ainda n�o h� prazo para o in�cio da aplica��o das vacinas contra a covid-19, mas demonstrou confian�a para 2021.

No fim de julho, o governador da Bahia j� havia anunciado o apoio do Estado � testagem da vacina chinesa contra a covid-19, em parceria com o laborat�rio americano Pfizer. Os testes s�o feitos pelas Obras Sociais Irm� Dulce e pelo pesquisador Edson Moreira, respons�vel por um centro de pesquisa que est� funcionando nas instala��es da entidade, no bairro Dendezeiros, em Salvador.

De acordo com o governo, ser�o realizados 1 mil testes, sendo 500 com placebo e 500 com carga antiviral, para o in�cio da fase 3 de testagem. Rui ainda garantiu que "� de interesse da gest�o estadual inserir a Bahia nesse cen�rio de testes de vacina contra a covid, sejam vacinas desenvolvidas por organismos p�blicos ou por laborat�rios privados, como o da Pfizer". "� importante que n�s estejamos inseridos nos diversos fabricantes, para que possamos ter, em breve, a disponibilidade dessas vacinas aqui no Nordeste e na Bahia."

Al�m da Bahia, na ter�a-feira, 11, o governo do Paran� tamb�m demonstrou interesse na vacina russa e anunciou que vai assinar, nesta quarta, 12, um acordo com o Minist�rio de Sa�de da R�ssia para a produ��o do imunizante. O acordo prev� que o Estado realize testes, produza e distribua a vacina ap�s a valida��o da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), que vai analisar os resultados das pesquisas russas.

No entanto, a Anvisa afirmou na ter�a, 11, que n�o recebeu ainda pedidos de autoriza��o para pesquisa ou de registro de vacina elaborada pela R�ssia. "Desta forma, n�o � poss�vel para a Ag�ncia fazer qualquer avalia��o ou pronunciamento em rela��o a seguran�a e efic�cia deste produto antes que tenha acesso a dados oficiais apresentados pelo laborat�rio", disse o �rg�o em nota.

Ap�s a assinatura do acordo, segundo o governo do Paran�, o pr�ximo passo � o compartilhamento do protocolo russo com a Anvisa no Brasil para a libera��o das pr�ximas etapas. O Instituto de Tecnologia do Paran� (Tecpar) deve ser um dos polos de produ��o e distribui��o da imuniza��o para a Am�rica Latina e representante t�cnico na parceria. O governo do Paran� discute parceria para desenvolver tanto a vacina da R�ssia como da chinesa Sinopharm por meio do Tecpar.

Vacina rec�m-registrada e desconfian�a da comunidade cient�fica

O presidente Vladimir Putin disse, na ter�a-feira, 11, que a R�ssia se tornou o primeiro pa�s do mundo a aprovar a regulamenta��o para uma vacina contra a covid-19, ap�s menos de dois meses de testes em humanos. A aprova��o abre caminho para a imuniza��o em massa da popula��o russa, ainda que o est�gio final de ensaios cl�nicos para testar a seguran�a e efic�cia n�o tenha sido conclu�do.

A velocidade com que a R�ssia est� se movimentando para lan�ar sua vacina destaca a determina��o em vencer a corrida global por um produto eficaz, mas despertou preocupa��es de que pode estar colocando o prest�gio nacional acima da ci�ncia e seguran�a s�lidas. Moscou, no entanto, afirmou que a aprova��o � sin�nimo da sua "proeza cient�fica". ""Sei que funciona de maneira bastante eficaz, forma uma forte imunidade e, repito, passou em todos os testes necess�rios", disse Putin.

O governo russo anunciou que o nome da vacina aprovada � "Sputnik V". Essa � uma refer�ncia ao primeiro sat�lite orbital, lan�ado pela Uni�o Sovi�tica em 1957, no contexto da Guerra Fria, e que deu in�cio � corrida espacial. O nome tamb�m evocou como o governo de Putin viu a busca pela vacina - um motivo de orgulho nacional e competi��o em escala global, com laborat�rios nos Estados Unidos, Europa, China e outros lugares tamb�m em busca de uma vacina em potencial.

De acordo com Kirill Dmitriev, CEO do Fundo Russo de Investimentos Diretos, Moscou v� o sucesso da R�ssia em se tornar o primeiro pa�s a aprovar uma vacina. Dmitriev informou ainda que o pa�s j� recebeu pedidos de mais de 20 pa�ses para 1 bilh�o de doses do seu imunizante rec�m-registrado.

A principal vacina candidata russa at� agora foi testada em pequenos ensaios cl�nicos iniciais projetados para encontrar a dose certa e avaliar a seguran�a. O imunizante foi administrado em cientistas que o desenvolveram, em autoexperimenta��o que � incomum na ci�ncia moderna, em 50 membros do ex�rcito russo e alguns outros volunt�rios.

A maior parte do que os cientistas externos sabem sobre a vacina experimental vem de fontes indiretas e n�o de estudos m�dicos publicados pelos pesquisadores russos. Dmitriev reconheceu que, embora isso possa ser incomum em outros lugares, a R�ssia � tradicionalmente reservada em seus esfor�os cient�ficos. Mas, segundo ele, os resultados das fases 1 e 2 ser�o divulgados at� ao final deste m�s.

"Voc� tem que pensar um pouco sobre o sistema russo; depois que o Sputnik estava voando por cinco dias, apenas no dia cinco a R�ssia reconheceu que havia um sat�lite voando", comparou.

Dmitriev disse que sua confian�a pessoal na vacina da R�ssia era t�o alta que ele, sua esposa e seus pais, ambos com mais de 70 anos, foram cobaias. Ele informou que apenas sua esposa relatou uma febre leve na primeira noite ap�s a imuniza��o. Uma das filhas de Vladimir Putin tamb�m foi vacinada, segundo ele.

Ap�s o an�ncio do presidente russo, o diretor-assistente da Organiza��o Pan-Americana de Sa�de (Opas), Jarbas Barbosa, afirmou que a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) est� em contato com autoridades russas para obter e checar os dados de efic�cia e seguran�a da vacina contra a covid-19.

"A princ�pio, o produtor da vacina tem de realizar ensaios cl�nicos de fase 1, 2 e 3. Isso � padr�o no mundo todo. N�o se pode utilizar uma vacina ou medicamento sem que essas etapas todas estejam cumpridas", afirmou o diretor durante coletiva da Opas, o bra�o da OMS nas Am�ricas. Barbosa acrescentou que a entidade s� pode recomendar uma imuniza��o depois de passar pela pr�-qualifica��o, que demanda analisar os resultados do teste.

Minist�rio da Sa�de do Brasil mostrou postura cautelosa
O Minist�rio da Sa�de tamb�m teve uma postura cautelosa em rela��o � vacina russa. A pasta considera que ainda n�o h� provas de seguran�a e efic�cia da vacina contra a covid-19 que justifiquem abrir negocia��es para a compra do produto com recursos do governo federal. De acordo com integrantes, uma nova reuni�o com fabricantes do imunizante russo deve ser realizada nos pr�ximos dias.

A expectativa � que representantes da embaixada da R�ssia participem do novo encontro, previsto para acontecer at� a pr�xima semana. Na primeira conversa sobre a vacina, realizada h� uma semana, t�cnicos do minist�rio questionaram sobre as caracter�sticas e estimativas de pre�o, al�m de demosntrar interesse em manter di�logo sobre o desenvolvimento dos imunizantes. As conversas iniciais foram feitas com representantes do Fundo de Investimento Direto da R�ssia.

Na mesma data, o minist�rio recebeu representantes da farmac�utica chinesa Sinopharm, que tem um imunizante em fase 3 de estudos, a �ltima etapa antes de a vacina poder ser registrada. Presente nas reuni�es, a Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) demonstrou interesse em apoiar a pesquisa cl�nica das empresas da R�ssia e da China.

Acordos j� assinados no Brasil

Em seu relat�rio mais recente, divulgado no �ltimo dia 31, a OMS informou que h� 165 vacinas sendo desenvolvidas para combater o novo coronav�rus. Dessas, 26 est�o em avalia��o cl�nica, ou seja, iniciaram os testes em seres humanos. S�o cerca de 90 mil volunt�rios, por enquanto, que v�o receber as doses. Seis das vacinas est�o na fase 3, a �ltima antes da conclus�o. As outras 139 est�o em um momento inicial, de identificar o agente causador e realizar testes em animais, como camundongos, por exemplo.

Duas das vacinas em est�gio mais avan�ado tem participa��o de institui��es brasileiras. O Instituto Butant� trabalha no desenvolvimento junto � farmac�utica chinesa Sinovac para produ��o e testes. Ao todo, nove mil volunt�rios v�o receber a vacina em 12 centros de pesquisa. O governo estima que o estudo dever� ser conclu�do em 90 dias. Os testes come�aram no Hospital das Cl�nicas no dia 21 de julho e j� est�o acontecendo tamb�m em outros centros, como o Em�lio Ribas. Se os testes forem bem-sucedidos, a vacina pode come�ar a ser produzida no in�cio de 2021.

Ap�s o an�ncio de que a R�ssia se tornou o primeiro pa�s do mundo a aprovar a regulamenta��o para uma vacina contra a covid-19, o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB), disse que o Instituto Butant� n�o vai produzir a vacina registrada pelo governo russo.

Outro imunizante produzido no Brasil � o da Univesidade de Oxford, do Reino Unido. O acordo entre a f�brica Bio-Manguinhos, na Funda��o Oswaldo Cruz, e a AstraZeneca, farmac�utica que adquiriu a vacina inglesa, foi anunciado no fim de junho.

Na �ltima quinta-feira, 6, o governo federal liberou cerca de R$ 2 bilh�es, via medida provis�ria, para viabilizar o processamento e distribui��o de 100 milh�es de doses da vacina inglesa pela Fiocruz. A pasta n�o descarta investir em mais de um modelo, mas ainda v� a droga da Oxford como a mais promissora.


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