
Investiga��es conduzidas pelo Minist�rio P�blico de Goi�s apontam que a Associa��o Filhos do Pai Eterno (Afipe), com sede em Trindade (GO), conduzida pelo padre Robson de Oliveira, acusado de lavagem de dinheiro, movimentou R$ 2 bilh�es em 10 anos. As dilig�ncias mostraram o recebimento de R$ 20 milh�es em doa��es por m�s e descobriram que parte dos recursos foi empregada na compra de fazendas e de uma casa de praia.
Em setembro do ano passado, dois representantes do Vaticano estiveram em Trindade para investigar a Afipe. A movimenta��o financeira em larga escala chamou aten��o da C�pula da Igreja Cat�lica. Fontes informaram ao Correio que a entidade continua em contato com representantes da igreja no Brasil, e pode aplicar puni��es a depender do desfecho do caso. Uma das medidas estudadas � o afastamento do padre a vida eclesi�stica.
Na semana passada, o l�der religioso foi alvo da Opera��o Vendilh�es, que investiga o uso de pelo menos R$ 120 milh�es para a compra de artigos de luxo. Acatando o pedido do MP, a ju�za Placidina Pires, da Vara de Feitos Relativos a Organiza��es Criminosas e Lavagem de Capitais, determinou a busca e apreens�o em 16 endere�os ligados ao padre Robson, inclusive na TV Pai Eterno, que transmite missas lideradas por ele em todo o pa�s. A magistrada n�o atendeu ao pedido de pris�o do padre.
Durante apura��o do caso, o Minist�rio P�blico descobriu que a Afipe, respons�vel pela administra��o do Santu�rio Bas�lica de Trindade, negociava com empresas que tinham os mesmos donos e estavam localizadas no mesmo endere�o da associa��o.
Entre as movimenta��es suspeitas com uso do dinheiro de fi�is est� a compra de uma fazenda, em Abadi�nia, por R$ 6 milh�es, e de uma casa de praia, avaliada em R$ 2 milh�es. Parte dos recursos recebidos seria para a constru��o de uma segunda bas�lica, obra or�ada em R$ 100 milh�es, que deveria ficar pronta em 2022, mas foi adiada para 2026.
Entre as movimenta��es suspeitas com uso do dinheiro de fi�is est� a compra de uma fazenda, em Abadi�nia, por R$ 6 milh�es, e de uma casa de praia, avaliada em R$ 2 milh�es. Parte dos recursos recebidos seria para a constru��o de uma segunda bas�lica, obra or�ada em R$ 100 milh�es, que deveria ficar pronta em 2022, mas foi adiada para 2026.
As negocia��es envolveram as empresas WKS Empreendimentos Imobili�rios, Via Maia Administradora de Bens, KD Administradora de Bens e Terra Nobre Administradora de Bens, que tinham as mesmas pessoas em seu quadro de s�cios e todas se localizam em um pr�dio na Avenida Jamel Cec�lio, em Goi�nia. De acordo com o Minist�rio P�blico, a KD Administradoras de Bens recebeu dezenas de pagamentos da Afipe, por meio de im�veis. Em todas as negocia��es, a entidade ligada � igreja teve preju�zos.
Em uma das situa��es, a Afipe teria vendido uma resid�ncia por R$ 1,35 milh�o, mas o local estava avaliado em R$ 2 milh�es e chegou a ser hipotecado por R$ 7,35 milh�es. A Fazenda Serenata e Monjolinho, em Abadi�nia, teria sido comprada pelo valor de R$ 6,3 milh�es, em 17 de mar�o de 2016, e vendida, mais de tr�s anos depois, para a empresa Terra Nobre, pelo mesmo valor. “Forte nesses elementos, os promotores de Justi�a sustentaram a exist�ncia de ind�cios da pr�tica de crimes de apropria��o ind�bita, organiza��o criminosa e lavagem ou oculta��o de bens, direitos e valores pelos investigados”, descreve parte do despacho que autorizou a opera��o.
Afastamento
O padre Robson, de 46 anos, tem bastante influ�ncia entre os cat�licos nas redes sociais. No Facebook, a p�gina dele tem 3,9 milh�es de seguidores. Ele afastou-se da Afipe ap�s a opera��o do Minist�rio P�blico. O religioso nega as acusa��es de fraude e diz que vai provar sua inoc�ncia. O afastamento do padre Robson foi comunicado pela Arquidiocese de Goi�nia. Na nota, assinada pelo arcebispo de Goi�nia, Dom Washington Cruz, a arquidiocese informa que a associa��o ir� contratar uma “empresa id�nea de auditoria externa, no sentido de ser realizada ampla e profunda apura��o de documentos e dados relativos � Afipe”.
Em um v�deo publicado na internet, Robson afirmou que se afastou do comando da entidade para colaborar com as investiga��es. “Sempre estive e continuo � disposi��o do Minist�rio P�blico. Por isso, esse meu pedido de afastamento vai me permitir colaborar com as apura��es da melhor forma e com total transpar�ncia para que seja confirmado que toda doa��o que fazemos ao Pai Eterno — ter�os rezados, o dinheiro doado, tempo, carinho, trabalho empregado na evangeliza��o — foi toda, repito, toda empregada na pr�pria associa��o Afipe em favor da evangeliza��o”, disse.
O sacerdote alega que vem passando por uma “prova��o”. “O meu caminho nessa miss�o evangelizadora nunca foi f�cil. Desde o in�cio, como voc� bem sabe, sempre carreguei muitas cruzes”, completou. O advogado Pedro Paulo Medeiros, que atua na defesa do padre, afirmou que os im�veis citados na den�ncia do MP fazem parte das aplica��es da Afipe, cujo lucros foram destinados � constru��o da nova Bas�lica, � compra da TV Pai Eterno e de r�dios e � constru��o de igrejas.