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Estado de Minas

Coronav�rus pode causar mais uma doen�a em crian�as

Infec��o pelo Sars-CoV-2 provoca s�ndrome inflamat�ria multissist�mica, cujos sintomas agudos se equiparam a casos graves da COVID-19 em adultos


25/08/2020 06:00 - atualizado 25/08/2020 07:48

Pesquisas ajudam a esclarecer melhor os efeitos do coronavírus em pacientes infantis e, com o entendimento do mecanismo da doença, intensificar medidas de prevenção(foto: Ander Gillenea/AFP)
Pesquisas ajudam a esclarecer melhor os efeitos do coronav�rus em pacientes infantis e, com o entendimento do mecanismo da doen�a, intensificar medidas de preven��o (foto: Ander Gillenea/AFP)


Aos poucos, especialistas da �rea m�dica conseguem entender melhor os efeitos do novo coronav�rus no organismo humano, principalmente em perfis distintos de pacientes. Em um estudo publicado na revista Nature Medicine, cientistas ingleses mostram dados que apontam para a ocorr�ncia da s�ndrome inflamat�ria multissist�mica (MIS-C) em crian�as infectadas pelo Sars-CoV-2. Os pesquisadores explicam que o problema de sa�de difere da s�ndrome de Kawasaki, outra enfermidade apontada como poss�vel consequ�ncia da infec��o pelo novo coronav�rus em indiv�duos mais jovens, que, aparentemente, s�o menos acometidos pela COVID-19.

No estudo, os cientistas destacam que pesquisas recentes t�m apontado uma nova s�ndrome cl�nica em crian�as infectadas pelo Sars-CoV-2, respons�vel por sintomas como erup��o cut�nea, dor abdominal e febre, tamb�m sinais da COVID-19. “Antes, pensava-se que essas caracter�sticas seriam apenas um agravamento da infec��o. Mas vimos que ela pode ser considerada uma enfermidade j� conhecida, definida como s�ndrome inflamat�ria multissist�mica em crian�as (MIS-C)”, destacaram os autores do artigo, liderados por Manu Shankar-Hari, pesquisador do Kings College London.
 
No trabalho, os pesquisadores mostraram o perfil imunol�gico e a caracteriza��o cl�nica detalhada de 25 pacientes (15 meninos e 10 meninas), com idade entre 7 e 14 anos e o diagn�stico de MIS-C. Os autores descobriram que 17 crian�as eram soropositivas para os anticorpos do Sars-CoV-2. Das oito com teste soronegativo, seis haviam tido sintomas da infec��o por COVID-19, estiveram em contato pr�ximo com algu�m que teve a nova doen�a ou tinham um dos pais trabalhando na �rea da sa�de. “Os resultados sugerem que a MIS-C, que � uma doen�a imunopatog�nica distinta da COVID-19, pode estar associada � infec��o anterior pelo Sars-CoV-2”, afirmam os especialistas.
 
Os pesquisadores tamb�m observaram que 18 crian�as apresentaram sintomas gastrointestinais e sete tinham evid�ncias radiol�gicas de pneumonia. Outras sete sofreram dilata��o da art�ria coron�ria ou aneurisma. “Um ponto importante visto � que a soropositividade para a COVID-19 estava associada � maior preval�ncia de sintomas gastrointestinais e dilata��o da art�ria coron�ria”, enfatizam.
 
Os cientistas constataram ainda que, na fase aguda da doen�a, os pacientes apresentaram n�veis elevados de citocinas (prote�nas liberadas pelas c�lulas do sistema imunol�gico), uma atividade tamb�m vista em adultos com COVID-19. Durante o est�gio agudo da MIS-C, o n�mero total de c�lulas B e tipos diferentes de c�lulas T, ambas mol�culas de defesa do corpo, diminu�ram. “Decl�nios semelhantes foram observados nas respostas imunes de adultos com o novo coronav�rus. Esses dados sugerem que as respostas imunol�gicas em pacientes com MIS-C e em pacientes adultos com o Sars-CoV-2 compartilham algumas semelhan�as.”

Diferenciando


Natasha Slhessarenko, pediatra e patologista cl�nica do laborat�rio Exame, em Bras�lia, destaca que o estudo ingl�s tamb�m ajuda a entender melhor o comportamento do coronav�rus em crian�as. “No come�o, ach�vamos que elas n�o tinham casos graves da doen�a, mas, em abril, come�amos a ver sinais de um problema inflamat�rio pedi�trico, a s�ndrome de Kawasaki, e tivemos a suspeita de que essa enfermidade poderia estar relacionada ao novo coronav�rus”, detalhou. “Por�m, novos estudos mostram que os sintomas que essas crian�as infectadas apresentam s�o mais semelhantes aos da MIS-C.”
 
A m�dica explica que o estudo ingl�s, apesar de ter sido feito em um grupo de pacientes pequenos, mostra dados que ajudam a entender melhor essa diferencia��o. “Eles viram, por exemplo, que esses sintomas atingiram crian�as maiores. Na Kawasaki, temos crian�as bem menores. Outro ponto foi a dor abdominal, que � um sintoma da MIS-C apenas”, comparou. No artigo, os autores do estudo indicam que o pico da incid�ncia da s�ndrome de Kawasaki foi entre 1 e 3 anos, a de MIS-C, entre 7 e 14 anos, e indicam outras diferencia��es entre as doen�as. “Sintomas gastrointestinais e disfun��o mioc�rdica s�o incomuns na doen�a de Kawasaki, sendo que ambos foram mais prevalentes em nossos casos de MIS-C soropositivos”, escreveram.
 
Segundo Slhessarenko, as semelhan�as relacionadas ao comportamento do sistema imune das crian�as e dos adultos em rela��o ao Sars-CoV-2 observadas no estudo tamb�m corroboram outra suspeita levantada por especialistas. “Essas similaridades nos mostram que essa s�ndrome nas crian�as seria semelhante � fase tr�s da COVID-19 em adultos, chamada de resposta hiperinflamat�ria, quando ocorre a chamada tempestade de citocinas, algo de que j� se tinham desconfian�as”, detalhou.
 
Para a m�dica, pesquisas maiores ajudar�o a esclarecer melhor os efeitos do coronav�rus em pacientes infantis. “S� poderemos esclarecer melhor esse tema com mais pesquisa, e, como os autores desse estudo tamb�m ressaltam, com testes gen�ticos, que podem ser a chave para definir por que algumas pessoas t�m rea��es mais graves � enfermidade e outras n�o.”
 

Carga viral dos pequenos � maior

 
(foto: Fernando Frazão/Agência Brasil )
(foto: Fernando Fraz�o/Ag�ncia Brasil )
Os casos raros de crian�as com COVID-19 fizeram os m�dicos acreditarem,  por um bom tempo, que elas seriam pouco suscet�veis ao Sars-CoV-2. Contudo, o maior estudo j� realizado sobre o tema, publicado no Journal of Pediatrics, mostra que, embora adoe�am menos do que os mais velhos, elas s�o infectadas igualmente. O mais grave � que a pesquisa identificou em pacientes pedi�tricos e jovens – inclusive os assintom�ticos –, carga viral significativamente  maior do que a detectada em adultos internados nas unidades de terapia intensiva (UTIs), em estado cr�tico.
 
De acordo com os pesquisadores, que disseram ter ficado surpreendidos com o resultado, isso faz com que as crian�as e os jovens adultos sejam “transmissores silenciosos” da COVID-19. Embora desde o in�cio da pandemia tenha sido alertado que eles poderiam espalhar o v�rus sem adoecer, Lael Yonker, do Hospital Geral de Massachusetts e principal autora do estudo, explica que esse potencial � muito maior do que se poderia imaginar devido � carga viral detectada nos pacientes com menos idade.
 
A pesquisa foi realizada com 192 crian�as, adolescentes e jovens adultos de at� 22 anos. Desses, 49 testaram positivo para a doen�a em exames realizados no Hospital Geral de Massachusetts e no Hospital Geral Pedi�trico de Massachusetts. Tamb�m entraram no estudo 18 pessoas, da mesma faixa et�ria, que apresentaram condi��es associadas � infec��o pr�via por Sars-CoV-2. Os resultados mostraram que aquelas com o v�rus ativo tinham quantidade muito grande do micro-organismo circulando.
 
“Eu n�o imaginaria que seria uma carga viral t�o alta; significativamente maior do que a dos adultos graves, internados nas UTIs”, diz Yonker. Essa caracter�stica foi observada especialmente nos dois primeiros dias de infec��o. “Voc� pensa em um hospital e em todos os protocolos e precau��es tomados para tratar os adultos gravemente enfermos, mas as cargas virais desses pacientes hospitalizados s�o significativamente mais baixas do que as de uma crian�a ou de um jovem aparentemente saud�veis e que est�o circulando por a� com uma grande quantidade de Sars-CoV-2”, afirma a m�dica.
 
Yonker esclarece que o potencial de transmitir o v�rus para outras pessoas est� diretamente relacionado � carga viral – quanto maior, mais elevado o risco. Mesmo com uma quantidade alta de Sars-CoV-2 no organismo, pacientes mais jovens, especialmente as crian�as, costumam apresentar sintomas leves de condi��es t�picas dessa fase da vida, como febre, tosse e coriza, que podem ser facilmente confundidos com um resfriado.

Menos receptores 


Al�m da quantidade de v�rus circulante, os pesquisadores estudaram como os receptores virais nas c�lulas reagem ao Sars-CoV-2 e tamb�m � resposta do sistema imunol�gico de crian�as e jovens infectados. At� agora, a cren�a mais comum � de que os pacientes mais jovens tenham menos receptores, reduzindo os riscos de o micro-organismo conseguir entrar nas c�lulas e, dentro do n�cleo, se reproduzir. Isso explicaria por que eles seriam menos propensos a se infectar e ficar doentes.
 
Contudo, segundo Alessio Fasano, diretor do Centro de Pesquisa de Biologia e Imunologia Mucosal do Hospital Geral de Massachusetts e coautor do estudo, apesar de as crian�as mais novas realmente apresentarem menos receptores virais, se comparadas �s mais velhas, aos jovens e aos adultos, quando infectadas elas apresentar�o uma carga ainda maior. “Isso quer dizer que as crian�as pequenas s�o mais contagiosas, independentemente de desenvolverem ou n�o a infec��o por Sars-CoV-2”, afirma Fasano.
 
“As crian�as n�o est�o imunes � COVID-19 e seus sintomas n�o se correlacionam com a exposi��o e a infec��o”, refor�a o m�dico. “Durante boa parte da pandemia, rastreamos principalmente indiv�duos sintom�ticos. Ent�o, chegamos � conclus�o err�nea de que a maioria das pessoas infectadas � adulta. No entanto, nossos resultados mostram que as crian�as n�o est�o protegidas contra esse v�rus. N�o devemos descartar as crian�as como potenciais propagadores do Sars-CoV-2.”

Inflama��o dos vasos


� uma doen�a pedi�trica que causa febre, l�bios ressecados e manchas na pele. Esses problemas s�o provocados por uma inflama��o dos vasos, chamada vasculite. A causa dessa enfermidade ainda n�o foi descoberta. Com o surgimento da COVID-19, os pesquisadores come�aram a notar um aumento de casos da s�ndrome, que � considerada rara, em crian�as infectadas pelos Sars-CoV-2. Com isso, especialistas passaram a suspeitar que poderia existir liga��o entre as duas doen�as. 

O que � o coronav�rus


Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?


Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'

Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia

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