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Estado de Minas FEMINIC�DIO

'Ele n�o a deixava em paz', diz irm�o de mulher morta pelo ex na frente da filha

Mulher � assassinada a facadas pelo ex-companheiro enquanto levava a filha do casal, de 4 anos, para uma consulta m�dica; pai da crian�a, autor do crime, se matou


15/09/2020 08:49

Shirley Rúbia Gertrudes deixa dois filhos: uma menina de 4 anos e um adolescente de 17(foto: Redes Sociais/Reprodução)
Shirley R�bia Gertrudes deixa dois filhos: uma menina de 4 anos e um adolescente de 17 (foto: Redes Sociais/Reprodu��o)
Com apenas 4 anos, uma menina moradora de Taguatinga viveu momentos de desespero. Na tarde desta segunda-feira (14/9), em um hospital particular de Ceil�ndia, no Distrito Federal, a crian�a presenciou o assassinato da pr�pria m�e, Shirley R�bia Gertrudes, de 39 anos, cometido pelo pai, Rafael Rodrigues Manuel, 35, que, ap�s o feminic�dio, tirou a pr�pria vida.

Investigadores da Delegacia de Atendimento Especializado da Mulher (Deam II) analisam as imagens de seguran�a da unidade de sa�de para ajudar na elucida��o do crime. De acordo com a apura��o policial, Shirley agendou uma consulta pedi�trica para a filha no Hospital S�o Francisco, localizado na QNN 28, e Rafael acompanhou a ex-mulher.

Os dois permaneceram na sala de espera e, ap�s alguns minutos, foram chamados para entrar no consult�rio. “Quando os dois entraram, ele saiu rapidamente da sala e retornou em seguida. Tivemos o relato de que, l� dentro, a v�tima e o suspeito tiveram uma breve discuss�o, mas nada que chamasse aten��o”, detalhou a delegada-chefe da Deam II, Adriana Romana.

Segundo a investigadora, o acusado, que trabalhava como auxiliar de cinegrafista em uma emissora de TV, saiu em dire��o ao carro, onde, supostamente, teria pego a faca utilizada no crime. Ao entrar novamente na sala, ele efetuou diversos golpes contra a v�tima, sendo que um deles perfurou o cora��o. Shirley chegou a ser socorrida pela equipe do pr�prio hospital e encaminhada ao centro cir�rgico, mas n�o resistiu aos ferimentos e morreu.

No momento do crime, a filha do casal se pesava na balan�a corporal e estava acompanhada do pediatra. Os dois presenciaram o ocorrido. “O m�dico est� em estado de choque e, em breve, colheremos o depoimento dele. Mas, agora, ele n�o est� em condi��es”, explicou a delegada.

O Hospital S�o Francisco se posicionou por meio de nota oficial e esclareceu que, “ap�s ser atingida, Shirley foi conduzida at� o centro cir�rgico da unidade, onde recebeu todos os cuidados, por�m, n�o resistiu e evoluiu para �bito. Em raz�o do ocorrido, a Pol�cia Militar do Distrito Federal (PMDF) foi acionada e, junto � Pol�cia Civil do Distrito Federal (PCDF), iniciou processo de investiga��o dos fatos. A crian�a foi prontamente atendida pelo Departamento de Psicologia do hospital”, diz o documento.

Ap�s matar a ex-mulher, Rafael se dirigiu at� a casa onde mora com os pais, em Samambaia. No local, ele se matou com um disparo de arma de fogo. Agentes encontraram a arma debaixo do corpo do suspeito e encaminharam o armamento para a per�cia, bem como a faca utilizada no feminic�dio. Agora, a pol�cia colher� depoimentos de outras testemunhas e analisar� as c�meras de seguran�a do local para tra�ar a motiva��o do assassinato.

Relacionamento

Shirley chegou a trabalhar no Hospital S�o Francisco como recepcionista entre 2013 e 2017. Atualmente, ela atuava como seguran�a de uma outra unidade de sa�de, na Asa Norte. Al�m da crian�a, a mulher � m�e de um adolescente, de 17 anos, fruto de outro relacionamento.

O casal assumiu o namoro em 23 de fevereiro de 2014 e teve uma menina. Eles terminaram a rela��o havia tr�s meses, mas Rafael n�o aceitava a situa��o, como descreve Robson Eur�pides, 52, um dos cinco irm�os da v�tima. “Ele n�o a deixava em paz e sempre pedia para voltar. Minha irm� sempre reclamou do fato de ele sair demais para as festas e dormir fora de casa”, disse.

Segundo Robson, a irm� n�o chegou a relatar ter sofrido algum tipo de viol�ncia por parte do suspeito. Na delegacia, tamb�m n�o consta registro de ocorr�ncia ou alguma medida protetiva contra ele. Separados, a mulher passou a morar em uma casa, em Taguatinga, e Rafael, na casa dos pais, em Samambaia. “Eu estava em �guas Lindas (GO), quando soube dessa fatalidade. Vim correndo para c� e me deparo com isso. Me mandava �udio direto perguntando se eu estava bem. Era meu apoio, me dava for�as”, ressaltou o motorista.

O irm�o chegou a questionar a falta de seguran�a no hospital. “Como que deixam entrar uma pessoa armada aqui dentro?”, disse. A unidade de sa�de informou que h� revista pessoal em outras entradas do local, exceto no ambulat�rio.

O filho mais velho de Shirley prestou depoimento � pol�cia. De acordo com o adolescente, esse era o segundo rompimento entre a m�e e o padrasto. Uma das amigas da seguran�a, que preferiu n�o ter a identidade revelada, lamentou o ocorrido. “Ficarei com a lembran�a do sorriso dela. Era uma pessoa que estava sempre alegre, otimista, apaixonada pelos filhos e trabalhadora. Tudo isso � muito triste, que ela descanse em paz”, finalizou a colega.

Mem�ria
Casos recentes

20 de agosto: S�nia Miranda Luz, 35 anos, foi degolada pelo pr�prio companheiro, Izildo Neto Sim�o dos Santos, 34 anos, que, em seguida, publicou uma foto do corpo da v�tima e, ent�o, tentou se matar. O caso aconteceu no Setor Habitacional Sol Nascente. O sobrinho de S�nia acionou a Pol�cia Militar para prestar socorro, mas, ao chegar ao local, os militares encontraram a mulher j� sem vida, no sof� da sala. O agressor estava com um corte, feito por faca, no abd�men, e outro no pesco�o, mas ainda respirava.

31 de julho: O cirurgi�o dentista Fabr�cio David Jorge, 41 anos, esfaqueou a namorada, a enfermeira Pollyanna Pereira de Moura, 35, e depois tirou a pr�pria vida, em um condom�nio, em �guas Claras. A funcion�ria do Minist�rio da Sa�de e o servidor da Secretaria de Sa�de (SES) moravam juntos h� cerca de um ano. Como Fabr�cio tinha sido diagnosticado com covid-19, o casal estava isolado no apartamento, localizada no primeiro andar.

25 de julho: Uma mulher de 25 anos, moradora de Santa Maria, foi morta por estrangulamento pelo marido, de 23 anos. Inicialmente, o acusado apresentou-se � 33ª Delegacia de Pol�cia, alegando que a companheira havia sido enforcada durante um ataque. Contudo, em outro interrogat�rio, o homem alegou que a v�tima havia lhe atacado com uma faca e, por isso, aplicou o golpe mata-le�o na mulher.

6 de junho: Um policial militar assassinou a mulher, Adriana Val�ria, de 46 anos e, em seguida, se matou. O feminic�dio ocorreu em Ceil�ndia Sul. O militar, de 42 anos, teria utilizado a arma da corpora��o para cometer o crime. Os filhos do casal, de 4 e 9 anos, estavam na resid�ncia no momento dos disparos, mas n�o foram feridos, segundo informa��es da corpora��o.

DF registra 12 casos neste ano

O Distrito Federal registra, at� o momento, 12 casos de feminic�dio em 2020. Na avalia��o da advogada criminalista Ge�rgia Laranja, o feminic�dio e a viol�ncia contra a mulher, em geral, podem ser encarados como um problema de g�nero, consequ�ncia de uma sociedade patriarcal, em que o poder est� concentrado na figura do homem.

“Essa cultura incentiva a discrimina��o ao refor�ar ideias como a inferioridade das mulheres em rela��o aos homens. � necess�rio combater a desigualdade de g�nero como um fator evidente da viol�ncia contra as mulheres. Para isso, n�o basta endurecimento de Leis Penais, se n�o h� implementa��o de pol�ticas que garantam um ambiente de participa��o igualit�rio para as mulheres na sociedade”, argumentou.

Segundo a especialista, � essencial que a mulher v�tima de viol�ncia dom�stica conte com um rede de apoio, formada n�o s� por familiares e amigos, mas tamb�m por profissionais capacitados e, principalmente, especializados em lidar com crimes contra mulheres, sejam agentes de seguran�a p�blica, assistentes sociais ou psic�logos.


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