
Na Amaz�nia, nesses 18 anos, desapareceram 269,8 mil km² de vegeta��o nativa, uma extens�o pouco superior � do estado de S�o Paulo. No cerrado, 152,7 mil km² foram perdidos, �rea maior que a do Cear�.
Os dados constam da primeira edi��o da pesquisa Contas de Ecossistemas: Uso da Terra nos Biomas Brasileiros (2000-2018), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), divulgada nesta quinta-feira (24/9). O levantamento tamb�m apurou que a principal transforma��o no uso da terra foi a expans�o das fronteiras agropecu�rias.
De acordo com Maria Luisa Pimenta, gerente de Contas e Estat�sticas Ambientais do IBGE, todos os biomas tiveram saldo negativo na extens�o dos ecossistemas naturais no per�odo analisado, somando 500 mil km². “Por�m houve desacelera��o ao longo dos anos. A perda proporcional do bioma Pampa foi a maior. Ao longo da s�rie, o bioma teve 16,8% da �rea convertidos para usos antr�picos (ocupa��o de zonas terrestres pelo homem, decorrente de explora��o). Apesar de sua pequena extens�o, a perda relativa � consideravelmente superior � dos demais biomas”, explicou.
O Pantanal teve as menores perdas, tanto absolutas, quanto percentuais, com decr�scimo de 2 mil km ou 1,57% do territ�rio, segundo a especialista. Vale lembrar que a pesquisa foi realizada entre 2000 e 2018 e n�o pega, portanto, 2019 e 2020, dois anos nos quais o bioma sofreu com inc�ndios acima da m�dia. As queimadas, apenas neste ano, comprometeram mais de 20% da cobertura vegetal do Pantanal.
Vetores
A pesquisa do IBGE tamb�m apontou, para cada bioma, quais os vetores que causaram o desmatamento. Na Amaz�nia, a convers�o para o uso agropecu�rio foi o principal motivo da destrui��o, segundo Pimenta. As �reas de pastagem com manejo passaram de 248,8 mil km², em 2000, para 426,4 mil km² em 2018. “Houve aumento de 71,4% para pastagem e crescimento gradual e cont�nuo de 300% para agricultura”, disse a gerente do IBGE.
No Cerrado, a expans�o acelerada de �reas agr�colas atingiu 102,6 mil km², com a atividade avan�ando sobre a vegeta��o campestre ou antigas pastagens. Em 2018, 44,61% das �reas agr�colas e 42,73% das �reas de silvicultura (cultivo de florestas atrav�s do manejo agr�cola) do Brasil encontravam-se no bioma.
Na Mata Atl�ntica, que tem lei espec�fica de prote��o, por ter sido o bioma mais devastado do pa�s, em 2018, 12,6% estava coberto e houve pouca altera��o disso, pois em 2000 a cobertura era de 13,3%. “A franca expans�o da silvicultura e �reas agr�colas representam 20% das modifica��es do bioma”, disse Pimenta.
A Caatinga teve redu��o cont�nua de 36 mil km², basicamente de mosaicos, ocupa��o t�pica da regi�o, de pequenas pastagens e cultivos de subsist�ncia. No Pampa, a convers�o das �reas naturais foi 80% para silvicultura. E, no Pantanal, a pastagem e o manejo s�o respons�veis por 60% das modifica��es do ecossistema.
Desacelera��o
A maior desacelera��o ocorreu no bioma Mata Atl�ntica: de uma perda de 8.793 km², entre 2000 e 2010, para menos 577 km², entre 2016 e 2018. Na Caatinga, nesses mesmos cortes temporais, as perdas foram de 17.165 km² e de 1.604 km², respectivamente. A Mata Atl�ntica, que sofre a ocupa��o mais antiga e intensa, conserva 16,6% de suas �reas naturais, o menor percentual entre os biomas. J� a Caatinga, o terceiro bioma mais preservado do pa�s, tem 36,2% de seu territ�rio sob influ�ncia antr�pica.