
Em seis a��es, a Justi�a j� julgou procedente a reclama��o das v�timas, que cobram ao todo um preju�zo de R$ 4,5 milh�es. L�der nas pesquisas de inten��o de voto divulgadas recentemente, Russomanno entrou na pol�tica ap�s se tornar conhecido como apresentador de TV e ativista em defesa do consumidor.
A reportagem procurou tanto a campanha do candidato do Republicanos, como os tr�s advogados que representam sua filha e genro na Justi�a. O candidato respondeu com um v�deo em que diz ser alvo de "ataque pessoal" e diz que o genro tem "problemas financeiros assim como milhares de outros brasileiros". Os advogados n�o responderam.
Nas a��es, v�timas afirmaram que confiaram no casal especialmente pelo fato de Luara Torres Queiroz Russomanno ser filha do candidato. "N�o imaginava que o autor (da a��o) teria maiores problemas, pois o r�u sempre foi sol�cito no in�cio dos investimentos, al�m de que � genro de um famoso pol�tico paulista, que trabalha em defesa do consumidor", diz trecho de um dos processos, movido por um engenheiro de 30 anos que cobra R$ 23 mil do casal.
Em outra a��o h� c�pias de mensagens de corretores de investimentos atestando que o neg�cio era leg�timo por causa do parentesco do casal com o deputado. "O dono � genro do Celso Russomanno, sabe? Ele n�o vai querer um esc�ndalo desse pra cima dele e manchar o nome da fam�lia", disse uma corretora, por WhatsApp, a uma vendedora de cosm�ticos de 29 anos, - moradora da zona sul, que perdeu R$ 20 mil - quando ela questionava o come�o dos atrasos nos pagamentos.
As v�timas s�o donas de casa, engenheiros, pilotos, psic�logas, m�dicos, comerciantes e funcion�rios p�blicos, que transferiram valores entre R$ 10 mil e R$ 1 milh�o, a partir de 2017, em troca de retornos fixos entre 1,5% e 4% ao m�s. Segundo as a��es, os rendimentos n�o foram pagos e o valor investido n�o foi devolvido ap�s a "pir�mide" estourar.
A reportagem teve acesso � �ntegra das 18 a��es civis que citam Luara e seu marido, Bruno Neri Queiroz, e conversou com alguns dos advogados e autores das processos. Todos confirmaram as informa��es dos documentos. Ao todo, s�o 110 a��es contra a empresa que era do casal, a NQZ Participa��es. Em novembro de 2019, eles deixaram essa empresa e constitu�ram uma nova, a Alternative Assets NQZ Consultoria.
De acordo com as a��es, a empresa de Luara e Queiroz informava que investia os recursos captados na expans�o de franquias de redes de alimentos e de sal�es de beleza. Mas na pr�tica os lucros s� foram pagos � medida que mais pessoas fizeram investimentos. Quando os pagamentos se encerraram, o casal se retirou da empresa, que ficou no nome de outros s�cios.
O neg�cio proposto pelo casal era ilegal, uma vez que eles n�o tinham autoriza��o para oferecer as cotas de investimento, segundo a Comiss�o de Valores Mobili�rio (CVM). Em fevereiro de 2019, a CVM, autarquia do Minist�rio da Economia que fiscaliza o mercado de a��es e investimentos, publicou uma delibera��o para alertar o mercado que a "NQZ Participa��es e Investimentos Ltda e Bruno Neri Queiroz n�o est�o autorizados a ofertar publicamente t�tulos ou contratos de investimento". O texto dizia que a CVM verificou ind�cios de que o site da empresa "oferecia esses servi�os sem os devidos registros" e determinou a suspens�o do neg�cio.
A��es
Um dos advogados de v�timas afirmou que a sa�da do casal da empresa se deu para evitar que as d�vidas cobradas na Justi�a resultassem no confisco de bens. Segundo este advogado, por este motivo as a��es judiciais foram propostas n�o s� contra a empresa deles, a NQZ Participa��es, mas tamb�m contra o casal como pessoa f�sica.
Outro defensor afirmou que, embora haja boletim de ocorr�ncia de estelionato registrado contra o casal, as v�timas preferem o ingresso de a��es civis, pedindo distrato do contrato, indeniza��o por dano moral e outros, porque t�m interesse mais na recupera��o do dinheiro perdido do que na puni��o criminal do casal.
Inqu�ritos
Luara e Queiroz figuraram como investigados em um inqu�rito policial do 27.º Distrito Policial (Campo Belo), fruto de uma queixa prestada por um cabeleireiro de 35 anos que trabalha no Shopping JK e alegou ter perdido R$ 50 mil. A investiga��o foi arquivada sem que os acusados fossem ouvidos.
Em outro inqu�rito policial, ainda em andamento, que corre sob sigilo, a ju�za Gabriela Marques da Silva Bertoli, do Departamento de Inqu�ritos Policiais (Dipo), determinou a quebra de sigilo de uma conta da NQZ no Bradesco ap�s pedido do Minist�rio P�blico, no per�odo entre outubro de 2018 e agosto de 2019. O inqu�rito foi aberto depois da representa��o de uma professora de 35 anos, que alega ter perdido R$ 200 mil.
Em uma das a��es, a Justi�a recusou a inclus�o da dupla no polo passivo, com o entendimento de que quem causou o eventual preju�zo havia sido a empresa, n�o as pessoas f�sicas. Mas em seis a��es, que ainda s�o pass�veis de recursos, os processos foram julgados procedentes, dando raz�o aos autores. Russomanno n�o tem liga��es diretas com a NQZ, mas tem bens compartilhados com a filha. Segundo dados da Junta Comercial de S�o Paulo (Jucesp), eles s�o s�cios em uma empresa de r�dio e TV em Leme, no interior do Estado.
N�o tem nada a ver comigo, diz candidato
Depois troca de mensagens via WhatsApp com a reportagem, o candidato a prefeito de S�o Paulo Celso Russomanno (Republicanos) enviou um v�deo em que se refere �s a��es das quais sua filha e seu genro s�o alvo. Na grava��o, Russomanno afirma que "j� come�aram os ataques".
"J� se iniciaram os ataques. Ataques contra minha pessoa e a minha fam�lia. Isso j� aconteceu em 2012 e em 2016, na tentativa de desconstruir a minha imagem para diminuir a inten��o de voto em minha pessoa", afirmou o candidato, no v�deo.
"Meu genro tem problemas financeiros, assim como milhares de outros brasileiros, e vai responder pelos seus problemas, at� porque isso n�o tem nada a ver comigo", complementou o candidato, sem citar sua filha ou comentar o uso de seu nome para dar seguran�a ao esquema denunciado nos processos judiciais.
"N�o sou s�cio da empresa e n�o conhe�o os neg�cios do meu genro", continuou Russomanno, no v�deo. "Agora, trazer isso para a minha campanha e tirar o foco da discuss�o, que � a cidade de S�o Paulo, � uma atitude covarde, para n�o dizer outra coisa", afirmou. O candidato disse ainda que pretende discutir os problemas da cidade.
A reportagem havia questionado Russomanno sobre a avalia��o dele em rela��o ao caso envolvendo a filha e o genro, e que preocupa��o esse problema pessoal trazia para o deputado, que tenta a elei��o. No mesmo dia, Russomanno disse que iria checar as informa��es com o genro e que daria uma resposta. E enviou o v�deo dois dias depois.
Os advogados de Luara e Queiroz, filha e genro do candidato, n�o retornaram o contato feito pela reportagem com seu escrit�rio.
Os advogados de Luara e Queiroz, filha e genro do candidato, n�o retornaram o contato feito pela reportagem com seu escrit�rio.