
Reitor da Universidade Zumbi dos Palmares e membro da Comiss�o de Defesa dos Direitos Humanos Dom Evaristo Arns, Jos� Vicente, disse que o assassinato de Jo�o Alberto na unidade do Carrefour de Porto Alegre � mais um exemplo do racismo estrutural que existe no Brasil.
Na opini�o dele, o problema ficou claro pelo posicionamento inicial da rede de supermercados e pela declara��o do vice-presidente da rep�blica Hamilton Mour�o.
"� esse racismo estrutural que precisamos compreender e que se manifesta em cima de boas inten��o, de voluntarismo e em cima da nega��o tamb�m. As notas de rep�dio sempre dizem 'n�o tenho nada a ver com isso, quem tem a ver com isso � o sujeito que est� l� na ponta e por isso foi demitido. Desculpa e at� a pr�xima'."
Para o reitor, as institui��es brasileiras precisam fazer cumprir a lei. "Racismo � crime inafian��vel e prescritivo. Mas quantos racistas est�o atr�s das grades? Nenhum. Dif�cil combater se a lei n�o for cumprida. Temos Minist�rio P�blico, Defensoria P�blica, Pol�cia Federal, AGU (Advocacia-Geral da Uni�o), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).... Todos t�m que mostrar servi�o. S� assim come�aremos a combater o racismo."
Na quinta-feira, 19, Jo�o Alberto, homem negro de 40 anos, foi espancado e morto por dois seguran�as do Carrefour, em Porto Alegre. Jos� Vicente pede que n�o s� os seguran�as sejam punidos.
"Colocam a culpa apenas no seguran�a, ou tamb�m na v�tima: dizem que reagiu ou insultou os seguran�as e por isso foi esmurrado at� a morte. Empresas e investidores, conselho de administra��o, os l�deres dessas empresas e �rg�os que fiscalizam essas empresas. Todos t�m que ser responsabilizados. A empresa de seguran�a tem que ir para o banco dos r�us. O crime de racismo n�o pode ficar s� no seguran�a. A cadeia � vertical e por isso acontece e se repete".
O primeiro passo para acabar com esse tipo de crime, para Jos� Vicente, � acabar com as salas de seguran�a. "Extingam essas salas. Que o seguran�a fique dentro da sala da ger�ncia, da diretoria. Porque se for agredir uma pessoa o gerente vai junto para impedir."
Sobre o vice-presidente, o reitor disse que a tentativa de negar o racismo � "um m�todo de desqualificar, desconstruir e diminuir a realidade para fazer prevalecer o discurso de seu interesse. S� ele olhar pela janela que vai ver como est� o Pa�s e o mundo e tirar conclus�o se existe ou n�o. Padece de esclarecimento."
A primeira nota divulgada pelo Carrefour lamentava o ocorrido informava que a empresa "adotar� as medidas cab�veis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso. Tamb�m romper� o contrato com a empresa que responde pelos seguran�as que cometeram a agress�o. O funcion�rio que estava no comando da loja no momento do incidente ser� desligado. Em respeito � v�tima, a loja ser� fechada. Entraremos em contato com a fam�lia do senhor Jo�o Alberto para dar o suporte necess�rio."
Horas depois a rede de supermercados soltou outra nota dizendo que o faturamento da sexta-feira seria revertido para projetos de combate ao racismo no pa�s. E tamb�m que todas as lojas do grupo abririam duas horas mais tarde neste s�bado "para que neste tempo possamos refor�ar o cumprimento das normas de atua��o exigidas pela empresa a seus funcion�rios e empresas terceirizadas de seguran�a."
O CEO global do Carrefour, o franc�s Alexandre Bompard, afirmou na sesta sexta-feira que a empresa "n�o compactua com racismo e viol�ncia" e que pediu ao Grupo Carrefour Brasil que "seja realizada uma revis�o completa das a��es de treinamento dos colaboradores e de terceiros no que diz respeito � seguran�a, respeito � diversidade e dos valores de respeito e rep�dio � intoler�ncia".
Em uma s�rie de mensagens em portugu�s em sua conta no Twitter, o executivo afirmou que as imagens que mostram seguran�as do Carrefour espancando at� a morte Jo�o Alberto Silveira Freitas em Porto Alegre "s�o insuport�veis".