
O Minist�rio P�blico do Distrito Federal e Territ�rios (MPDFT) avalia se vai recorrer da senten�a que condenou a m�e e a madrasta do menino Rhuan a mais de 60 anos de pris�o, definida nesta quarta-feira (25/11).
A m�e de Rhuan Maycon da Silva Castro, 9 anos, Rosana Auri da Silva C�ndido, e a companheira dela, Kacyla Priscyla Santiago Damasceno Pessoa, foram condenadas a 65 e 64 anos de pris�o, respectivamente, pelo assassinato do garoto ocorrido em maio de 2019.
A m�e de Rhuan Maycon da Silva Castro, 9 anos, Rosana Auri da Silva C�ndido, e a companheira dela, Kacyla Priscyla Santiago Damasceno Pessoa, foram condenadas a 65 e 64 anos de pris�o, respectivamente, pelo assassinato do garoto ocorrido em maio de 2019.
Segundo consta no processo, ao ser questionada se havia comido a carne do filho, Rosana respondeu que n�o, "mas o cheiro estava bom". No dia do crime, ela e a companheira tentaram queimar partes do corpo da crian�a.
Em entrevista ao Correio, o promotor Alexandre Ferreira das Neves de Brito, da 2ª Promotoria de Justi�a do Tribunal do J�ri de Samambaia, diz que este foi o caso mais chocante de sua carreira e que ainda n�o est� satisfeito com o desfecho. Sobre a senten�a, o profisional afirma que foi uma decis�o longa, com julgamento de m�ltiplos crimes.
“Numa primeira avalia��o, foi muito t�cnica. N�o podemos dizer que estamos felizes com o resultado. Uma crian�a morreu e tem uma fam�lia arrasada. Esperamos que apazigue, minimamente o sofrimento das pessoas que amam o Rhuan”.
Ao t�rmino do julgamento, a defesa das r�s deixou registrado que deve recorrer da senten�a. Os advogados devem entregar � Justi�a os argumentos do recurso nos pr�ximos dias.

Entrevista
Numa longa conversa com o Correio, o promotor Alexandre de Brito concordou em comentar, com exclusividade, os detalhes e bastidores do julgamento desse assassinato, que chocou o pa�s. Para ele, o trabalho da pol�cia civil, tanto dos investigadores, quanto dos peritos criminais, foi crucial para a elucida��o r�pida do crime e, consequentemente, o julgamento.
Em 16 anos de atua��o no sistema de Justi�a, Alexandre diz que este foi o caso mais chocante de sua carreira, por envolver uma crian�a submetida a v�rios crimes e pela frieza das r�s. Abaixo, voc� confere os principais pontos comentados pelo promotor.
Promotoria
Como promotores de Justi�a, temos a incumb�ncia de fiscalizar a atividade policial. Tivemos uma aten��o especial neste caso desde o in�cio. Pelo fato de envolver uma crian�a, a determina��o � de que seja tratado como prioridade. Demos uma aten��o especial no sentido de proporcionar uma solu��o r�pida e justa.
O homem
Quando (um crime) envolve uma crian�a (...) � algo que nos abala muito. A gente repensa a pr�pria condi��o humana. N�o consigo imaginar tamanha maldade. Essa crian�a come�ou a morrer naquele instante em que foi raptada da casa da fam�lia paterna. O Rhuan n�o frequentava escola, n�o tinha amigos, n�o podia brincar... O dia 31 de maio foi a finaliza��o do crime. Como uma crian�a pode se tornar um instrumento de �dio e vingan�a?
A pol�cia
Os investigadores chegaram ao local do crime logo ap�s os fatos, inclusive com a presen�a do delegado de pol�cia. As autoras foram presas em flagrante e, a partir daquele momento, foram colhidas todas as informa��es da cena do crime, as pessoas foram ouvidas de imediato. E isso, para a elucida��o de homic�dios, � fundamental. Quando se perde algo nas primeiras horas ap�s os fatos, a informa��o perdida talvez seja irremedi�vel.
O corpo fala
Outro trabalho de excel�ncia foi o da per�cia. Quase imediatamente, uma equipe seguiu para o Acre, onde os fatos come�aram e colheram todas as informa��es. Os laudos de exame de corpo de delito do Rhuan, detalharam todos os crimes a que a crian�a foi submetida desde o sequestro da casa dos av�s. E com isso, conseguimos imputar �s r�s responsabilidade por todos os delitos cometidos. A per�cia foi fant�stica!
M�e e madrasta no banco dos r�us
Duas coisas chamaram a aten��o. A frieza das duas durante todo o julgamento, mesmo diante da exibi��o de fotos do corpo do Rhuan - em alguns casos, � comum o autor dos fatos demonstrar alguma emo��o; n�o percebi isso em nenhum momento. Outra coisa foi o fato de elas mudarem a vers�o. A Kacyla ficou em sil�ncio, enquanto a Rosana, assumiu os crimes para tentar livrar a companheira de toda a responsabilidade.
Sanidade
Elas fizeram o que fizeram movidas por �dio e vingan�a. A perita que elaborou o laudo psiqui�trico tamb�m prestou depoimento e esclareceu que, para efeitos jur�dicos, Rosana e Kacyla s�o plenamente capazes de entender a ilicitude dos atos cometidos.
Preven��o
Penso que precisamos melhorar a preven��o. Temos relatos de que o Conselho Tutelar foi acionado. A rede de preven��o, como o pr�prio conselho e a assist�ncia social s�o fundamentais para evitar esse tipo de situa��o.
Fam�lia
� preciso destacar que o Rhuan e a irm�, filha da Kayla, foram muitos amados (e ainda s�o) pelas fam�lias paternas. Os pais e os av�s nunca desistiram deles. Buscaram pistas pelo pa�s inteiro desde que as crian�as foram sequestradas pelas m�es. Tanto o pai de Rhuan, quanto o pai da irm� do garotinho, tinham a guarda deles e foram incans�veis na busca pelas crian�as.