
A Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) emitiu um alerta na segunda-feira (7/12) sobre uma investiga��o em curso do poss�vel primeiro caso positivo no pa�s de Candida auris, fungo resistente a medicamentos respons�vel por infec��es hospitalares que se tornou um dos mais temidos do mundo.
Em seu alerta, a Anvisa afirmou que o Candida auris (C. auris) "� um fungo emergente que representa uma s�ria amea�a � sa�de p�blica".
A infec��o por C. auris � resistente a medicamentos e pode ser fatal. Em todo o mundo, estima-se que infec��es f�ngicas invasivas de C. auris tenham levado � morte de entre 30% e 60% dos pacientes.
Segundo o alerta da Anvisa, o fungo foi identificado em "amostra de ponta de cateter de paciente internado em UTI adulto em hospital do Estado da Bahia". A amostra foi analisada pelo Laborat�rio Central de Sa�de P�blica Profº Gon�alo Moniz (Lacen-BA), em Salvador, e pelo Laborat�rio do Hospital das Cl�nicas da Faculdade de Medicina da Universidade de S�o Paulo.
A Anvisa afirma que a amostra ainda ser� submetida a "an�lises fenot�picas (para verificar o perfil de sensibilidade e resist�ncia)" e "sequenciamento gen�tico do microrganismo (padr�o-ouro)" at� a confirma��o oficial do caso.
Diante da suspeita, a Anvisa recomendou o refor�o da vigil�ncia laboratorial do fungo em todos os servi�os de sa�de do pa�s, entre outras medidas de controle e preven��o para evitar um surto.

Obst�culos de controle e preven��o
O fungo foi identificado pela primeira vez em 2009 no canal auditivo de uma paciente no Jap�o. Desde ent�o, houve casos identificados em pa�ses como �ndia, �frica do Sul, Venezuela, Col�mbia, Estados Unidos, Israel, Paquist�o, Qu�nia, Kuwait, Reino Unido e Espanha.
Em 2016, a Opas, bra�o da Organiza��o Mundial da Sa�de para a Am�rica Latina e o Caribe, publicou um alerta recomendando a ado��o de medidas de preven��o e controle por causa de surtos relacionados ao fungo na regi�o. O primeiro surto da regi�o ocorreu na Venezuela, entre 2012 e 2013, atingindo 18 pacientes.
Al�m disso, o C. auris costuma ser confundido com outras infec��es, levando a tratamentos inadequados.
"O C. auris sobrevive em ambientes hospitalares e, portanto, a limpeza � fundamental para o controle. A descoberta (do fungo) pode ser uma quest�o s�ria tanto para os pacientes quanto para o hospital, j� que o controle pode ser dif�cil", explicou a m�dica Elaine Cloutman-Green, especialista em controle de infec��es e professora da University College London (UCL).
Nem todos os hospitais identificam o C. auris da mesma maneira. �s vezes, o fungo � confundido com outras infec��es f�ngicas, como a candid�ase comum.

Em 2017, uma pesquisa publicada por Alessandro Pasqualotto, da Santa Casa de Miseric�rdia de Porto Alegre, analisou 130 laborat�rios de centros m�dicos de refer�ncia na Am�rica Latina e descobriu que s� 10% deles t�m capacidade de detec��o de doen�as invasivas de fungos de acordo com padr�es europeus.
Segundo a Anvisa, o surto em 2016 em Cartagena, na Col�mbia, � um exemplo de como o micro-organismo � dif�cil de identificar. Cinco casos de infec��o foram identificados como tr�s fungos diferentes at� um m�todo mais moderno de an�lise diagnosticar o pat�geno corretamente como C. auris.
Al�m disso, o C. auris � muito resistente e pode sobreviver em superf�cies por um longo tempo.
Tamb�m n�o � poss�vel elimin�-lo usando os detergentes e desinfetantes mais comuns.
� importante, portanto, utilizar os produtos qu�micos de limpeza adequados dos hospitais, especialmente se houver um surto.
Em alerta emitido em 2017, a Anvisa explicou que n�o se sabe ao certo qual � o modo mais preciso de transmiss�o do fungo dentro de uma unidade de sa�de. Estudos apontam que isso pode ocorrer por contato com superf�cie ou equipamentos contaminados e de pessoa para pessoa.
O maior surto ligado ao C. auris ocorreu em 2015 em Londres, com 22 pacientes infectados e outros 28 colonizados.
Resist�ncia a medicamentos
A resist�ncia aos antif�ngicos comuns, como o fluconazol, foi identificada na maioria das cepas de C. auris encontradas em pacientes.

Isso significa que essas drogas n�o funcionam para combater o C. auris. Por causa disso, medica��es fungicidas menos comuns t�m sido usadas para tratar essas infec��es, mas o C. auris tamb�m desenvolveu resist�ncia a elas.
"H� registro de resist�ncia � az�licos, equinocandinas e at� polienos, como a anfotericina B. Isso significa que o fungo pode ser resistente �s tr�s principais classes de drogas dispon�veis para tratar infec��es f�ngicas sist�micas", explicou o epidemiologista e microbiologista Alison Chaves, no Twitter.
An�lises de DNA indicam tamb�m que genes de resist�ncia antif�ngica presentes no C. auris t�m passado para outras esp�cies de fungo, como a Candida albicans (C. albicans), um dos principais causadores da candid�ase (doen�a comum que pode afetar a pele, as unhas e �rg�os genitais, e � relativamente f�cil de tratar).
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