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Estado de Minas FIM DE ANO

COVID-19: medo de 'repique brutal' ap�s Natal p�e mundo em alerta

Infectologistas e ag�ncias advertem contra reuni�es familiares nas datas festivas; veja quais restri��es ao Natal est�o sendo impostas em diferentes pa�ses


08/12/2020 17:11 - atualizado 08/12/2020 17:40

Teme-se que festas de Natal e Ano Novo provoquem o aumento nas viagens e nas aglomerações pelo mundo(foto: EPA)
Teme-se que festas de Natal e Ano Novo provoquem o aumento nas viagens e nas aglomera��es pelo mundo (foto: EPA)

A proximidade das festas de fim de ano, que tradicionalmente envolvem muitas viagens, festas longas e reuni�es de grupos grandes de pessoas, t�m colocado l�deres globais e autoridades de sa�de em alerta para picos futuros de COVID-19 — potencialmente ainda maiores e mais mort�feros dos que est�o em curso atualmente.




Em diversos pa�ses, governos t�m emitido advert�ncias contra aglomera��es e deslocamentos nos per�odos festivos.

No Brasil, embora n�o haja recomenda��es oficiais espec�ficas para as datas festivas, infectologistas se preparam para a possibilidade de, poucas semanas ap�s as festas, o pa�s se ver diante de novos aumentos de casos e mortes.

"Se fossemos reproduzir os encontros natalinos da forma que tradicionalmente ocorrem, neste momento epidemiol�gico (de alta dos casos), o que espero � um repique brutal no n�mero de casos, devido � contamina��o que vai ocorrer neste momento", diz � BBC News Brasil Jaques Sztajnbok, supervisor da UTI do Instituto de Infectologia Em�lio Ribas, em S�o Paulo, sugerindo que as pessoas evitem festas de fim de ano em 2020.

"Por maior que seja o cuidado que se tome, h� sempre o risco de cont�gio."

A sensa��o de que estamos mais pr�ximos de ter uma vacina��o em massa tamb�m pode levar as pessoas a relaxarem seus cuidados em rela��o ao coronav�rus, na avalia��o dos m�dicos ouvidos pela BBC News Brasil. Mas eles alertam que a perspectiva de ter uma vacina no futuro n�o muda o cen�rio atual, de que a COVID-19 continua se espalhando e fazendo muitas v�timas.

"Estamos perto da vacina, mas infelizmente temos pessoas perdendo o jogo na prorroga��o — s�o mortes desnecess�rias", afirma Estev�o Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia. "Precisamos aguentar (em isolamento) esse �ltimo ter�o de caminhada at� a vacina."


"Se fossemos reproduzir os encontros natalinos da forma que tradicionalmente ocorrem, neste momento epidemiol�gico (de alta dos casos), o que espero � um repique brutal no n�mero de casos (de covid-19)", diz Sztajnbok (foto: Reuters)

Sztajnbok tamb�m alerta para esse risco. "A perspectiva de ter uma vacina leva as pessoas a dizerem 'ah, que bom' e relaxarem. Mas at� chegar l�, a pandemia est� a�. A gente pode morrer na praia."

Nesse cen�rio, na Europa e na Am�rica do Norte, tamb�m h� pedidos para que as pessoas restrinjam suas festas de fim de ano.

Am�rica do Norte

Nos EUA, os Centros de Controles de Doen�as (CDCs, na sigla em ingl�s) haviam pedido, em 19 de novembro, que os americanos evitassem viagens no tradicional feriado de A��o de Gra�as, que seria celebrado uma semana depois. Naquele dia, os EUA haviam registrado um n�mero recorde de 183 mil novos casos de covid-19 em um s� dia.

"� medida que os casos continuam a aumentar rapidamente pelos EUA, a forma mais segura de celebrar a A��o de Gra�as � em casa, com as pessoas com quem voc� j� mora", dizia o guia dos CDCs, com recomenda��es de seguran�a para quem mesmo assim decidisse viajar.

"Reuni�es com familiares e amigos que n�o moram com voc� aumentam a chance de transmiss�o da COVID-19 e da gripe."

O pa�s continua vivendo seu momento mais grave da pandemia: na �ltima quarta-feira (3/12), registrou um recorde de 2.760 mortes di�rias por COVID-19.

E o vizinho de cima, Canad�, foi apontado pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) como um exemplo dos riscos trazidos pelas celebra��es de fim de ano.

L�, o feriado de A��o de Gra�as � celebrado em 12 de outubro. E o Canad�, que j� vinha em uma trajet�ria de alta da COVID-19, viu o n�mero de casos di�rios bater recordes em diversas cidades e prov�ncias nas semanas seguintes � festividade.


Aeroporto nos EUA com pessoas viajando para o feriado de Ação de Graças; feriado já havia provocado alta no contágio no vizinho Canadá(foto: Reuters)
Aeroporto nos EUA com pessoas viajando para o feriado de A��o de Gra�as; feriado j� havia provocado alta no cont�gio no vizinho Canad� (foto: Reuters)

Avalia��o e minimiza��o de risco

Porta-vozes da OMS afirmam que evitar reuni�es familiares seria a "aposta mais segura" para este Natal, mas que caber� a cada pa�s pesar os pr�s e contras de se aliviar ou n�o as restri��es de circula��o de pessoas durante as festividades de fim de ano.

"Cada governo ter� de decidir sua pol�tica, baseado na avalia��o entre risco epidemiol�gico versus o risco social e econ�mico de continuar a manter as pessoas em uma situa��o de restri��o durante o per�odo de festas, o que de fato gera muita frustra��o, mais fadiga e resist�ncia", admitiu Mike Ryan, diretor de Emerg�ncias da OMS, em entrevista coletiva no final de novembro.

"A quest�o �: voc� (pa�s) tem a doen�a suficientemente sob controle e pode dar �s pessoas um pouco mais de liberdade durante o Natal, gerando senso de confian�a e alegria na comunidade — algo que as pessoas est�o precisando —, sem deixar o v�rus avan�ar novamente? � uma troca (trade-off) entre essas duas coisas."

"H� (iniciativas) de baixo risco ou alto risco — mas sempre h� um risco", agregou Maria Van Kerkhove, l�der t�cnica da COVID-19 na OMS. Ela defendeu que as fam�lias prefiram reuni�es virtuais neste ano.

"� incrivelmente dif�cil porque, principalmente durante as festas, n�s queremos muito estar com a fam�lia. Mas, em algumas situa��es, a decis�o dif�cil de n�o ter um encontro familiar � a aposta mais segura".

Pessoas e fam�lias ter�o de tomar essa decis�o, prosseguiu Kerkhove, avaliando a chance de estar, inadvertidamente, causando situa��es de alto cont�gio.

A ag�ncia tamb�m adverte contra o relaxamento por causa da imin�ncia da chegada da vacina.


Testagem da covid-19 na Escócia; OMS defende que evitar reuniões familiares seria a
Testagem da covid-19 na Esc�cia; OMS defende que evitar reuni�es familiares seria a "aposta mais segura" para este Natal, mas que caber� a cada pa�s pesar os pr�s e contras disso (foto: PA Media)

"Vacinas n�o significam zero COVID-19", afirmou Ryan, lembrando que muitos pa�ses sequer iniciar�o suas vacina��es no in�cio do ano que vem. "A vacina��o ser� uma ferramenta muito, muito poderosa. Mas sozinha n�o vai (eliminar a pandemia)."

No mundo, a COVID-19 j� infectou oficialmente 66 milh�es de pessoas e matou mais de 1,5 milh�o.

Como reduzir riscos no Natal

A mensagem dos m�dicos � clara: qualquer encontro, por mais cuidado que se tenha, representa um risco de transmitir e contrair coronav�rus.

Para quem decidir, mesmo assim, fazer um encontro presencial e quiser minimizar os riscos, especialistas ouvidos pela reportagem indicam muito cuidado principalmente com a quantidade de pessoas (menor n�mero de convidados poss�vel, evitando os que n�o coabitam a mesma casa) e com a ventila��o do ambiente.

A recomenda��o � aproveitar qualquer espa�o ao ar livre: jardim, laje, varanda. Se n�o for poss�vel, recomendam deixar todas as janelas da casa abertas.

Outros cuidados sugeridos pelos m�dicos s�o reduzir a dura��o das festas e usar m�scaras todo o tempo poss�vel, evitando gritar, cantar ou falar muito alto — para evitar espalhar mais got�culas potencialmente infectadas.

Eles tamb�m dizem para manter a maior dist�ncia poss�vel daqueles que n�o vivem na mesma casa que voc�, mesmo usando m�scara.

Na hora de comer, eles prop�em um rod�zio para sentar � mesa. Se houver duas pessoas que moram na mesma casa e outras duas que moram em outra, por exemplo, a sugest�o � que comam em momentos separados. Enquanto uma dupla que vive junto estiver comendo, sem m�scara, os demais ficam afastados e de m�scara. Depois, trocam. Se houver duas mesas e dois n�cleos familiares, a sugest�o � que sentem cada n�cleos em uma mesa, j� que ser� necess�rio retirar a m�scara para comer.


Homem passa por publicidade natalina na Itália; não se recomenda que pessoas de diferentes núcleos familiares passem as festas juntas(foto: EPA)
Homem passa por publicidade natalina na It�lia; n�o se recomenda que pessoas de diferentes n�cleos familiares passem as festas juntas (foto: EPA)

Antes do encontro, � recomendada aten��o redobrada aos sintomas. Al�m disso, ficar 14 dias antes do encontro em quarentena � o ideal, segundo os m�dicos. Se n�o for poss�vel todo esse tempo, uma semana j� ajudaria a diminuir riscos, segundo eles. Outra sugest�o, quando poss�vel, � fazer o exame PCR 72 horas antes da festa, para garantir que n�o � uma pessoa infectada assintom�tica.

A recomenda��o tamb�m � n�o viajar. Se for, priorize ir de carro.

Europa: restri��es �s viagens e ao tamanho das festas

Na Europa, alguns pa�ses impuseram restri��es para evitar uma nova alta de casos — embora alguns pa�ses planejem aliviar as medidas nos dias pr�ximos ao Natal, segundo levantamento da ag�ncia Reuters.

A Espanha determinou que s� ser�o permitidas dez pessoas reunidas por casa no Natal e no Ano Novo, e viagens entre as regi�es espanholas ser�o proibidas entre 26 de dezembro e 6 de janeiro, exceto para pessoas que v�o visitar parentes.

Haver� restri��es a viagens tamb�m na It�lia, onde a recomenda��o � de que as comemora��es sejam restritas aos n�cleos familiares. Missas de Natal tampouco ser�o abertas.

Na Fran�a, o governo planeja permitir viagens pelo pa�s a partir de 15 de dezembro s� se os novos casos di�rios ca�rem para cerca de 5 mil.

Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel entrou em acordo com l�deres dos 16 Estados do pa�s para endurecer as regras do lockdown no pa�s at� 20 de dezembro. Mas a ideia � aliviar as restri��es no Natal, para permitir que as fam�lias e amigos possam celebrar juntos. O limite � de dez pessoas (sem contar crian�as) por festa.

No Reino Unido, as quatro na��es (Inglaterra, Pa�s de Gales, Esc�cia e Irlanda do Norte) concordaram em permitir que pessoas de no m�ximo tr�s lares diferentes se juntem nas festas caseiras, entre 23 e 27 de dezembro. Ser�o permitidas comemora��es e missas em lugares abertos apenas.


Estação de trem na Alemanha, em foto de 29 de novembro; governos europeus estão adotando diferentes medidas restritivas para conter alta no contágio(foto: PA Media)
Esta��o de trem na Alemanha, em foto de 29 de novembro; governos europeus est�o adotando diferentes medidas restritivas para conter alta no cont�gio (foto: PA Media)

'Verdadeiro esp�rito natalino'

O per�odo de Natal e Ano Novo causa preocupa��o nos especialistas por serem festas que costumam congregar um n�mero grande de pessoas de diferentes casas, regi�es ou mesmo pa�ses em um s� lugar durante v�rias horas. Isso, em espa�os fechados, mal ventilados e com aglomera��es regadas a �lcool (que tende a nos fazer relaxar nas medidas de precau��o), � uma receita perigosa para o alastramento da COVID-19.

"Temos que pensar em evitar encontros com muitas pessoas. � momento para encontrarmos fam�lias nucleares. N�o � momento de fazer grandes encontros de fam�lia, com reuni�es com mais de dez pessoas", defende Juliana Lapa, infectologista e professora da Universidade de Bras�lia.

Nas festas, explica o infectologista Jaques Sztajnbok, � comum que "ao comer, todo mundo esteja sem m�scara, conversando, falando alto, rindo e pr�ximo — modos pelos quais a dissemina��o aumenta mais ainda. � um cen�rio perfeito para o cont�gio. Voc� acaba encontrando pessoas que n�o conviviam entre si, ent�o a troca aumenta."

"Se n�o houver seguran�a nesses encontros, que n�o sejam feitos. No fim das contas, o que interessa � a seguran�a e a sa�de de todo mundo. Quando um familiar diz que o Natal � muito importante e quer muito encontrar a av� que n�o v� h� muito tempo, eu falo: tudo bem, mas voc� quer que ela morra 15 dias depois, de uma doen�a evit�vel? Neste momento, quando a taxa de cont�gio est� alta, eu acho que qualquer evento social — Natal inclu�do — n�o deve ser realizado da forma como faz�amos pr�-pandemia. O risco � alt�ssimo. (...) O que eu desejo � que as pessoas sejam imbu�das do que deveria ser o verdadeiro esp�rito natalino: o bem-estar e a seguran�a de todos. Essa � maior manifesta��o de apre�o e amor que um pode dar ao outro neste momento."


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