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Estado de Minas HIST�RIA

COVID-19: bar onde Vinicius conheceu Tom � mais uma v�tima da pandemia

Casa Villarino anunciou paralisa��o das atividades sem previs�o de volta


11/12/2020 12:25 - atualizado 11/12/2020 12:50

(foto: Reprodução)
(foto: Reprodu��o)
As paredes da Casa Villarino exalam hist�ria: neste bar no Centro do Rio de Janeiro, os lend�rios Vinicius de Moraes e Tom Jobim se conheceram e iniciaram uma amizade que mudaria o mundo por meio da Bossa Nova.


Por�m, como a pandemia do coronav�rus obrigou os cariocas a trabalharem em "home office" e esvaziou os escrit�rios do centro da cidade, o emblem�tico bar fundado em 1953 n�o teve alternativa sen�o fechar, no aguardo de uma melhora da sa�de p�blica e da economia.


"O centro parece uma cidade fantasma. Serv�amos uma m�dia de 80 a 100 refei��es por dia. No �ltimo dia 16 (de novembro), uma pessoa veio almo�ar", ilustra a propriet�ria, Rita Nava, vi�va de Antonio V�zquez, o �ltimo dos s�cios espanh�is que comandaram o lugar quase desde o in�cio.


Reduto de artistas, pol�ticos e intelectuais nos anos 1950, o Villarino preserva as cer�micas do ch�o, as mesas de m�rmore e as cadeiras de couro carmim originais, que lhe conferem um ar de bar parisiense congelado no tempo.


O poeta Vinicius de Moraes frequentava o local desde seus tempos de diplomata: ele desembarcava do aeroporto Santos Dumont e ia direto para o bar, onde tinha uma mesa reservada em um canto.


Ali, apresentaram a ele em 1956 o jovem pianista Tom Jobim, que fez a m�sica de sua obra "Orfeu da Concei��o", conta Nava, que reconstruiu as hist�rias do bar em sua decora��o, com fotografias, textos e antiguidades.


Desse encontro nasceram joias criativas, como a c�lebre "Garota de Ipanema".


Modelo obsoleto de cidade


Capital do Brasil at� 1960, quando foi inaugurada a modernista Bras�lia, o Rio abriga em seu centro pr�dios de grande valor hist�rico e arquitet�nico.


Mas, antes da pandemia, o bairro continuava como uma �rea frequentada principalmente por quem trabalha na regi�o, esvaziado � noite e nos fins de semana. Agora, exceto em sua �rea de com�rcio popular, a Saara, todo o dia parece feriado.


Em ruas como a Carioca ou a Sete de Setembro, multiplicam-se placas de "aluga-se", vendedores ambulantes, moradores de rua e pessoas dependentes de drogas.


"Antes da pandemia, isso j� era um problema. Ela s� acelerou e agravou", explica � AFP o presidente da Associa��o de Dirigentes do Mercado Imobili�rio (Ademi), Claudio Hermolin.


Segundo estudos da Ademi, o Centro j� contava com cerca de 8 mil edif�cios vazios, abandonados, ou muito pouco usados. Agora s�o 14 mil.


O principal obst�culo para povoar a regi�o, afirma Hermolin, � a legisla��o que dificulta a convers�o de pr�dios comerciais em residenciais, ou mistos.


O modelo de cidade "dividida", em que � preciso fazer longas viagens para ir ao trabalho, est� obsoleto, diz ele.


"As cidades que se modernizaram t�m v�rios centros, onde em cada um tem moradia, trabalho, com�rcio, entretenimento, sa�de, educa��o", afirma Hermolin.


A prefeitura tentou revitalizar a �rea com grandes obras na �rea portu�ria antes das Olimp�adas de 2016, mas poucas marcas grandes se instalaram por l�.


Manter a chama acesa


Assim como Hermolin e Nava, Derisvaldo Pereira, que tem uma banca de jornais no Centro, espera que o prefeito eleito, Eduardo Paes, cumpra a promessa de atrair investidores privados para recuperar "a alma da cidade".


Instalada na Cinel�ndia h� 20 anos, a banca de Pereira ficou fechada por tr�s meses e, ao reabrir, perdeu 60% das vendas.


"A economia do Centro parou. A ajuda do governo � alguma coisa, mas muito pouco. Ainda estou aqui, porque tenho casa pr�pria. Se n�o, j� teria fechado", admite o homem, cercado por v�rios grupos de pessoas em situa��o de rua.


A Associa��o Brasileira de Bares e Restaurantes estima que dos quase um milh�o de estabelecimentos existentes no pa�s antes da pandemia, que j� deixou quase 180 mil mortos no pa�s, 30% fecharam as portas de vez.


Quando a Casa Villarino anunciou que fecharia as portas, suas redes sociais foram inundadas com mensagens afetuosas de clientes e amigos.


Para honrar a hist�ria do Rio e a mem�ria do marido, um imigrante galego que come�ou como copeiro e se tornou s�cio do restaurante, Rita Nava espera reabrir quando houver uma vacina e o Centro recuperar uma certa "normalidade".


Mas, prestes a completar 80 anos e sem jovens na fam�lia que desejem prosseguir com o neg�cio, ela est� procurando investidores que abracem a causa de "manter a chama acesa" neste canto hist�rico.


"Em todas as cidades do mundo, a cultura est� no centro, que � onde tudo come�a. N�o podemos deixar isso aqui no ostracismo, esquecido", clama.


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