
O Hospital Universit�rio Get�lio Vargas, ligado � Universidade Federal do Amazonas (UFAM), ficou cerca de quatro horas sem o insumo nesta quinta, o que gerou desespero entre os profissionais, segundo relatou ao Estad�o uma m�dica da unidade, que n�o quis de identificar.
"Colegas perderam pacientes na UTI por causa da falta de oxig�nio. Eles ainda tentaram ambuzar (ventilar manualmente), mas foi mesmo para tentar at� o �ltimo recurso, porque � invi�vel manter isso por muito tempo. Cansa muito, tem que revezar os profissionais. Chamaram residentes para ajudar, revezar na ventila��o manual. A vontade que d� � de chorar o tempo inteiro. Voc� v� o paciente morrendo na sua frente e n�o pode fazer nada. � como voc� se ver numa guerra e n�o ter armas para lutar", disse.
Ambuzar � uma express�o usada para a oxigena��o mec�nica em que um profissional precisa ficar bombeando um bal�o de oxig�nio com as m�os, o que � exaustivo e precisa de revezamento constante, da� o apelo do m�dico.
O hospital recebeu, por volta das 12 horas, alguns cilindros de oxig�nio, mas a estimativa � que eles seriam suficientes para apenas duas horas.
Segundo a m�dica e outros profissionais de sa�de que postaram apelos nas redes sociais, a maioria dos hospitais da cidade sofre o mesmo problema. H� registro de falta do insumo nos hospitais Funda��o de Medicina Tropical e 28 de Agosto e nos servi�os de pronto-atendimento (SPAs) da cidade.
Diversos relatos que circulam nas redes sociais d�o conta de que a situa��o � cr�tica e centenas de pessoas internadas correm risco de morrer. “O Get�lio Vargas (Hospital Universit�rio Get�lio Vargas) est� sem oxig�nio e todos os pacientes est�o sendo ambuzados (ventila��o manual). Se algu�m puder ajudar para fazer o revezamento para ambuzar no CTI no quinto andar, por favor, estamos necessitando”, afirma um m�dico, em um alerta que circulou pelas redes sociais e confirmado ao Estad�o por profissionais que trabalham no hospital.
O procurador de Justi�a P�blio Caio Dessa Cyrino, que tinha um filho internado no Hospital Funda��o de Medicina Tropical, disse ao Estad�o que pela manh� n�o havia oxig�nio para nenhum dos pacientes. “Minha nora me ligou �s 5h, quando ela foi l� visit�-lo, avisando que tinha acabado. Ele estava no terceiro dia de UTI e evoluindo bem. Por sorte eu tinha uma ‘bala’ de oxig�nio em casa e corri para o hospital para levar para ele. Quando cheguei com a bala na m�o, vi o olhar de desespero dos m�dicos, servidores. Eles estavam em choque, sem poder fazer nada.”
Cyrino conta que o filho, de 36 anos, come�ou a se sentir mal h� quase duas semanas, mas logo no in�cio n�o achou vaga em hospital e ficou em home care, por isso ele tinha oxig�nio. “Isso aqui � uma pra�a de guerra. E esse governo irrespons�vel n�o se planejou para a guerra, apesar de saber que ela iria ocorrer”, disse.
Ele conseguiu contratar uma UTI a�rea e ia transferir o filho para S�o Paulo agora � tarde. “Eu consegui, mas quantas centenas n�o t�m como fazer isso e podem morrer hoje?”
Segundo Marcellus Camp�llo, secret�rio Estadual da Sa�de do Amazonas, as empresas fornecedoras de oxig�nio entraram em colapso por n�o conseguir atender a demanda pelo insumo, que dobrou em rela��o ao primeiro pico da pandemia, em abril e maio. "No 1º pico, o consumo m�ximo foi de 30 mil metros c�bicos de oxig�nio e, nesse momento, n�s estamos com consumo acima de 70 mil c�bicos de oxig�nio. O n�mero mais que dobrou em rela��o ao pico do ano passado. Ontem � noite fomos informados do colapso do plano log�stico em rela��o a algumas entregas que estariam abastecendo a cidade de Manaus, o que causar� uma interrup��o da programa��o por algumas horas", declarou.