(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

'Tratamento precoce n�o diminuir� mortes no Brasil', diz presidente da AMB

C�sar Fernandes contraria posi��o do presidente do Conselho Federal de Medicina, que em artigo na Folha de S�o Paulo defendeu autonomia para indicar kit COVID


25/01/2021 20:14 - atualizado 25/01/2021 20:43

César Fernandes, presidente da Associação Médica Brasileira, se mostra preocupado com a falsa impressão causada pelo tratamento precoce, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro(foto: Lailson Santos/Divulgação)
C�sar Fernandes, presidente da Associa��o M�dica Brasileira, se mostra preocupado com a falsa impress�o causada pelo tratamento precoce, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (foto: Lailson Santos/Divulga��o)
No mesmo dia em que o Conselho Federal de Medicina (CFM) defendeu a autonomia dos m�dicos para indicar tratamento precoce aos pacientes com coronav�rus, o presidente da Associa��o M�dica Brasileira (AMB), C�sar Eduardo Fernandes, voltou a condenar o uso de medicamentos sem comprova��o cient�fica. Em entrevista ao Estado de Minas na tarde desta segunda-feira (25/01), ele insiste que o kit COVID n�o vai diminuir o n�mero de mortes.

“Essas medica��es que incluem cloroquina, hidroxicloroquina e ivermictina n�o t�m propriedade de levar a uma atenua��o desse processo m�rbido da COVID-19. N�o vai reduzir o n�mero de mortos e nem o agravamento da doen�a, isso com base nas melhores evid�ncias cient�ficas. Portanto, somos contr�rios ao tratamento precoce. E falo isso com muita tristeza, porque gostaria de vir a p�blico dizer que ele mostrou efic�cia e que agora ter�amos uma arma muito boa para tratar as pessoas. Mas a responsabilidade com base no conhecimento me impede de fazer essa declara��o em nome de uma institui��o que tem credibilidade”, afirmou Fernandes, rec�m-empossado presidente da institui��o.

Nesta segunda-feira, um artigo assinado pelo presidente do CFM, Mauro Luiz de Britto, na Folha de S�o Paulo, atacou quem pede posicionamento do �rg�o contra o chamado tratamento precoce. Ele disse que a entidade n�o mudar� o parecer que d� direito aos m�dicos de indicar seu tratamento que julga ser o mais apropriado, o que gerou pol�mica em todo o pa�s. 

O presidente da Associa��o M�dica do Brasil afirma que as institui��es podem ter opini�es distintas ao lidar com a pandemia do coronav�rus: “Como presidente da AMB, vou tratar essa quest�o do ponto de vista restritamente cient�fico, sem qualquer vi�s que minha opini�o possa carregar. Enquanto institui��o AMB, tenho rela��o muito respeitosa com o Conselho Federal de Medicina. S�o entidades que precisam ter sinergia em diversas a��es. N�o, obrigatoriamente, n�o precisamos concordar com todas as opini�es e podemos seguir dire��es opostas. Vou falar da nossa opini�o e, claramente, voc� vai ver que ela � exatamente oposta � que o CFM expressa atrav�s de seu presidente, a quem quero dizer que respeito muito”. 

“N�o quero que minha fala pare�a leviana, de ataque frontal ao CFM, numa n�tida postura de desrespeito. E nem quero macular as rela��es da Associa��o M�dica Brasileira com o CFM. Meu conselho � estadual, que por sua vez faz parte do Conselho Federal de Medicina. Mas, na minha condi��o de m�dico e de presidente da AMB, posso manifestar minha discord�ncia. Isso n�o � desrespeitoso, faz parte do contradit�rio, o que � saud�vel”, acrescenta Fernandes.

Ele v� com certa preocupa��o a falsa impress�o em rela��o ao uso de cloroquina, hidroxicloroquina, ivermictina – m�todos adotado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “A popula��o confunde tratamento precoce com tratamento preventivo. O tratamento precoce pressup�e que o indiv�duo j� est� doente. O �nico tratamento preventino que temos � a vacina. Qualquer outro tratamento n�o tem efic�cia preventiva. Muitas pessoas est�o usando por conta pr�pria essas medica��es, sem estar doente, imaginando que elas possam n�o ficar doentes”.

“O uso dessas medica��es d� a falsa impress�o de prote��o para as pessoas e, mais do que isso, a maior parte delas vai evoluir bem – � importante que se diga isso. � s� ver os n�meros que temos no Brasil, que ainda s�o sub-notificados. N�o � que o governo esteja mentindo nos dados, mas eles n�o expressa a realidade das pessoas infectadas pela COVID. Existem estimativas que, para cada caso notificado, voc� tem cinco ou 10 casos que giram na popula��o e que n�o foram registrados. Os n�meros de �bitos s�o mais pr�ximos da realidade, embora � prov�vel que pessoas que morreram n�o foram computadas. Temos hoje quase 9 milh�es de pessoas que tiveram a doen�a e 200 mil mortos. Voc� fala de 2,5% ou 3% de �bitos. Isso quer dizer que 97% v�o se recuperar. Provavelmente elas se curariam sem o medicamento”.
  

Institui��es alinhadas 

 

Num momento hist�rico de enfrentamento � doen�a no pa�s, C�sar Fernandes defende que as institui��es ligadas � medicina defendam as mesmas diretrizes e conceitos para que os m�dicos possam ter mais seguran�a ao tratar seus pacientes. 

 

"Acho ruim que a gente emita posi��es que n�o s�o alinhadas. Seria muito melhor que n�s, como entidades m�dicas respons�veis que somos, f�ssemos on�ssonos nas posi��es. O m�dico ficaria muito mais confort�vel. Temos que ser a voz ouvida pelas autoridades legalmente constitu�das, autoridades de sa�de p�blica e autoridades governamentais".

 

Ele acrescenta que o poder p�blico deve seguir o que as autoridades de sa�de recomendam: As autoridades n�o podem falar nada de diferente do que falam o CFM e a AMB. Se n�s falarmos de maneiras opostas, voc� cria a possibilidade dessa discuss�o. O governante, que eventualmente por alguma raz�o n�o muito clara, emite uma das posi��es, ele pode fugir � linha da entidade m�dica que lhe interessa. N�o acho que seja bom".   


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)