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Estado de Minas OPERA��O THE WALKING DEAD

'Kit Morte': homem compra atestado de �bito para n�o cumprir pena de pris�o

Pol�cia desmontou esquema de venda do 'Kit morte'. Est�o presos um m�dico, o dono de uma funer�ria e um condenado que se fez de morto para escapar da cadeia


06/03/2021 08:41 - atualizado 06/03/2021 09:38

(foto: PCDF/Divulgação)
(foto: PCDF/Divulga��o)


Agentes da Coordena��o de Repress�o aos Crimes Patrimoniais (Corpatri), em Bras�lia, prenderam cinco integrantes de uma organiza��o criminosa voltada para a venda de “kits mortes”, com atua��o no Distrito Federal e em cidades do Entorno.

Entre os presos est�o um m�dico e o dono de uma funer�ria de �guas Lindas (GO). Estima-se que 35 pessoas tenham comprado atestados de �bitos, avaliados, em m�dia, em R$ 10 mil.

Segundo o delegado Erick Sallum, o caso foi descoberto pelo acompanhamento dos processos de falsifica��o de documentos contra Aldecir Tiago de Menezes, de 37 anos. “Temos o h�bito de acompanhar inqu�ritos realizados pela coordena��o. Ao averiguarmos a situa��o do suspeito, nos deparamos com a extin��o de um dos processos em decorr�ncia do �bito desse homem. Por se tratar de uma pessoa jovem e sem hist�rico de doen�as, o fato nos chamou a aten��o”, explica.

Com a suspeita, os investigadores passaram a apurar as circunst�ncias por tr�s da morte de Aldecir Tiago. “Identificamos in�meras incongru�ncias e, ao irmos ao cemit�rio, n�o localizamos o corpo. Como ele j� era envolvido em casos de fraudes, passamos a averiguar a situa��o do acusado. Assim, conseguimos comprovar que Aldecir n�o havia morrido, mas estava, sim, vivo, residindo no Sol Nascente. Ele foi preso em janeiro na regi�o”, destaca.

Em depoimento � pol�cia, Aldecir afirmou ter comprado o atestado de �bito em �guas Lindas por R$ 10 mil. O objetivo do criminoso era n�o cumprir os 25 anos de reclus�o pelos crimes de fraude. “O homem havia assumido uma nova identidade e constru�do uma fam�lia no Sol Nascente. A nova companheira do acusado entrou em choque ao saber da verdade, pois estava casada com algu�m que sequer sabia o nome verdadeiro. Tamb�m apuramos que, ao forjar a pr�pria morte, o criminoso abandonou as filhas de relacionamentos pret�ritos, deixando-as, inclusive, sem pens�o aliment�cia”, salienta Erick Sallum.

No momento da pris�o dele, em janeiro deste ano, e do cumprimento de busca e apreens�o na resid�ncia do suspeito, os agentes encontraram centenas de documentos, como identidade, carteira nacional de habilita��o e pap�is timbrados de cart�rios. “Tamb�m localizamos computadores e impressoras de alta resolu��o, utilizadas para a falsifica��o de toda esp�cie de documento, o que demonstra que o suspeito continuou praticando fraudes. A pris�o do indiv�duo s� foi divulgada agora para que fosse apurado e comprovado o esquema criminoso voltado para a venda dos ‘kits mortes’”, informa o investigador.

“Trata-se de um recorde. Ao prendermos o ‘morto’, cumprimos, num mesmo ato, cinco mandados de pris�o condenat�ria. O mesmo criminoso tamb�m foi preso em flagrante por posse de documentos falsificados. Essa pris�o foi convertida em preventiva. Al�m disso tudo, foi deferida outra pris�o preventiva pelo Ju�zo de �guas Lindas. S�o nove pris�es contra o mesmo indiv�duo. Esse criminoso, agora, s� sai da cadeia ap�s cumprir sua pena ou se realmente vier a �bito”, frisa a delegada Isabela Albino, que tamb�m ficou respons�vel pela investiga��o do caso.

“Kits mortes”

Ap�s a pris�o de Aldecir Tiago, os policiais da Corpatri elucidaram a cadeia de produ��o dos falsos atestados de �bito. Apurou-se que o esquema era mantido por um m�dico do Distrito Federal, com apoio do dono de uma funer�ria e de dois funcion�rios do local. O quarteto foi preso na manh� de ontem, na opera��o batizada de The walking dead, em refer�ncia � s�rie estadunidense que retrata o mundo p�s-apocal�ptico, no qual os humanos tentam sobreviver lutando contra os “mortos-vivos”, os zumbis.

“Com o sigilo da pris�o de Aldecir, ficou comprovado que o m�dico por tr�s da organiza��o, com o CRM do DF e de Goi�s, inventava doen�as inexistentes e lavrava atestados de �bito falsos, que depois eram usados pela funer�ria para simular o transporte e sepultamento do corpo. Os criminosos sempre apontavam como local de enterro o cemit�rio de Girassol, no munic�pio goiano de Cocalzinho. Esse cemit�rio � comunit�rio e n�o possui qualquer controle dos corpos ali enterrados, realidade sabida pelos criminosos e usada para dificultar a elucida��o da farsa”, pontua o delegado Erick Sallum.

“Ao identificamos esse esquema, conseguimos apontar 35 atestados de �bitos suspeitos, lavrados sob o mesmo modus operandi e sem a localiza��o dos cad�veres nos respectivos cemit�rios. A nossa investiga��o se confirmou por meio da apreens�o de materiais e celulares, realizada hoje (ontem). Tudo ser� analisado pelo Instituto de Criminal�stica para auxiliar na apura��o do caso e, assim, identificarmos se h� outros envolvidos no esquema”, explica.

De acordo com o investigador, ainda n�o � poss�vel mensurar o lucro obtido, pela quadrilha, com as fraudes dos “kits mortes”. A Pol�cia Civil do DF tamb�m acionou os conselhos regionais de Medicina do DF e de Goi�s para suspender a licen�a do m�dico que integra a organiza��o.

“No mesmo sentido, as prefeituras de �guas Lindas e de Cocalzinho ser�o comunicadas das fraudes, e ser� solicitado maior rigor na fiscaliza��o e credenciamento das funer�rias da regi�o. Todos os envolvidos responder�o por associa��o criminosa, fraude processual, falsidade documental, uso de documentos falsos e falsa identidade. Especificamente em rela��o ao ‘criminoso morto-vivo’, Aldecir responder�, ainda, por abandono material, pois, ao forjar sua morte, tamb�m pretendia frustrar o pagamento de pens�o aliment�cia para suas filhas anteriores”, arremata Sallum.


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