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Estado de Minas PANDEMIA

Brasil segue na contram�o do mundo e tem maior alta nos �bitos por COVID-19

Pa�s lidera ranking das 10 na��es com mais mortes, al�m da lista de v�timas por milh�o de habitantes


07/03/2021 16:00 - atualizado 07/03/2021 20:57

Em Manaus (AM), houve colapso no sistema de saúde.(foto: MICHAEL DANTAS / AFP )
Em Manaus (AM), houve colapso no sistema de sa�de. (foto: MICHAEL DANTAS / AFP )
No momento em que vive a pior fase da pandemia, com recorde de v�timas e hospitais colapsando, o Brasil se v� na contram�o do mundo. O Pa�s tem hoje a maior alta no n�mero de mortes por covid entre as dez na��es com mais �bitos pela doen�a, segundo an�lise feita pelo Estad�o com base em dados do site Our World in Data, projeto da Universidade de Oxford.

Dos dez pa�ses l�deres em mortes no mundo, oito registraram queda na m�dia m�vel de novos �bitos na �ltima sextafeira em compara��o com o dado de 14 dias atr�s. No mesmo per�odo, essa m�dia subiu 30,5% no Brasil, passando de 1.037 mortes di�rias em 18 de fevereiro para 1.353 na sexta.

O �nico outro pa�s da lista que tamb�m registrou alta foi a �ndia, mas em patamar muito inferior ao brasileiro (8,9%).

Enquanto isso, o Reino Unido, que tamb�m viveu o drama do surgimento de uma variante mais transmiss�vel e da explos�o de mortes em janeiro, acumula queda de 49,4%. Os Estados Unidos tamb�m registram algum al�vio. No intervalo analisado, a m�dia m�vel de mortes baixou 8,7%. Tamb�m tiveram diminui��o Espanha (-32,1%), Alemanha (-26,8%), M�xico (24,7%), Fran�a (-13%), R�ssia (-9%) e It�lia (-7,3%). A m�dia de mortes em todo o mundo recuou 9,7% no per�odo.

Entre os dez pa�ses, o Brasil tornou-se o primeiro em novas mortes por milh�o de habitantes na quinta, superando os EUA. Na �ltima sexta, o Pa�s era respons�vel por 15% de todos os casos e mortes do mundo (considerando a m�dia m�vel).

A falta de coordena��o nacional para a resposta � pandemia, o negacionismo do presidente Jair Bolsonaro, medidas restritivas frouxas, baixa ades�o da popula��o e o surgimento de uma variante criaram uma "tempestade perfeita", nas palavras de especialistas. "Temos alta mobilidade da popula��o, resist�ncia ao cumprimento de medidas de distanciamento, variantes mais transmiss�veis, sistema hospitalar perto do limite e m� gest�o e comunica��o por parte do governo. A� se formou a tempestade perfeita", diz o m�dico brasileiro Ricardo Parolin Schnekenberg, doutorando em Oxford e colaborador do Imperial College London.

Ele relata as diferen�as na postura do governo brit�nico quando identificou uma nova cepa mais contagiosa. "Fecharam tudo em janeiro: lojas, restaurantes, igrejas, escolas. E tem puni��es pesadas para quem descumpre. Mas o que faz a maioria da popula��o aderir n�o � a puni��o, mas o entendimento de que a situa��o � grave, e isso vem com mensagens consistentes do governo, coisa que o Brasil nunca teve", diz.

Outra diferen�a � a velocidade da vacina��o. O Reino Unido j� tem 30,9% da popula��o imunizada com ao menos uma dose - quase dez vezes mais do que o Brasil, com 3,5%. "Os Estados Unidos est�o vacinando 2 milh�es por dia e acabaram de contratar mais uma vacina, a da Janssen", diz Marcia Castro, chefe do departamento de Sa�de Global e Popula��o da Escola de Sa�de P�blica da Universidade Harvard. "O Brasil poderia vacinar r�pido tamb�m. Tem experi�ncia e conhecimento, s� faltaram as doses", completa.

Alertas

A gest�o Bolsonaro tamb�m falhou ao ignorar alertas de especialistas sobre o risco da nova onda avassaladora. "A taxa de queda dos casos come�ou a desacelerar e virou estabiliza��o em outubro, o que j� indicava revers�o de tend�ncia. Em novembro come�amos a ver o aumento", diz o cientista de dados Isaac Schrarstzhaupt, da rede An�lise Covid-19.

Ele monitora diariamente os principais indicadores da pandemia no Pa�s e, em 17 de dezembro, publicou nas redes sociais an�lise que mostrava que um "tsunami" se aproximava. Ele e outros especialistas refutam o argumento de que o surgimento inesperado da variante levou ao cen�rio atual. "A pr�pria exist�ncia da variante se deu por causa do desrespeito das medidas de distanciamento. Fica parecendo que est�vamos fazendo tudo certo e demos o azar de ter uma variante que acabou com nossos esfor�os. Provavelmente, n�o haveria variante se estiv�ssemos fazendo um bom controle", diz Schrarstzhaupt.

Minist�rio diz que repassou dinheiro para Estados

Questionado, o Minist�rio da Sa�de disse manter esfor�o constante para garantir atendimento em sa�de, tendo repassado aos Estados R$ 33,2 bilh�es para a��es contra a covid-19. A pasta ressaltou que Estados e munic�pios t�m autonomia para definir medidas locais.

O minist�rio informou ainda que, como preven��o e controle, preconiza o "uso de m�scaras, bem como evitar aglomera��o, dist�ncia de pelo menos 1 metro entre as pessoas, etiqueta respirat�ria e higieniza��o das m�os".

O �rg�o afirmou que est� trabalhando para atender a todos no plano de vacina��o. At� agora, informa a pasta, mais de 17 milh�es de doses j� foram distribu�das e a previs�o � de que outras 29 milh�es sejam entregues ainda em mar�o.

Queda nos n�meros s� deve vir em 5 semanas

O abismo entre o Brasil e os demais pa�ses no controle da pandemia deve aumentar nas pr�ximas semanas, principalmente se o Pa�s seguir com uma campanha de vacina��o lenta e se os governos estaduais recuarem rapidamente das quarentenas mais r�gidas que ganharam espa�o nos �ltimos dias.

Isso porque, com um patamar ainda alto de casos, o Pa�s deve levar muito tempo para reverter a tend�ncia de aumento, enquanto outras na��es mant�m as infec��es em baixa com reaberturas cautelosas e vacina��o em massa.

"Mesmo se tivermos um lockdown nacional rigoroso no Brasil, ainda demorar�amos de tr�s a quatro semanas para ver uma queda nas hospitaliza��es e cinco a seis semanas para ter uma diminui��o das mortes", opina Ricardo Parolin Schnekenberg, doutorando da Universidade de Oxford e colaborador do Imperial College London nos estudos sobre covid-19 no Brasil.

Ele conta que, no Reino Unido, mesmo com o n�mero de novos �bitos em queda h� mais de um m�s, o lockdown come�ar� a ser flexibilizado somente nesta semana, com a reabertura das escolas a partir de amanh�. Com�rcios n�o essenciais ser�o permitidos apenas em abril. J� restaurantes e pubs poder�o reabrir em maio.

"� um processo lento e cauteloso para que o n�mero de casos tenha uma redu��o grande e qualquer surto seja mais facilmente controlado, e tamb�m para que d� tempo de mais gente ser imunizada", afirma o m�dico brasileiro sobre a estrat�gia adotada pelo pa�s.

Marcia Castro, professora da Escola de Sa�de P�blica da Universidade Harvard, concorda que uma melhora nos indicadores s� ser� permitida em semanas. "A gente chegou a uma situa��o em que nada vai fazer o problema ser resolvido r�pido. Para resolver r�pido, t�nhamos de ter come�ado antes. Mas quanto mais demorarmos para fazer algo, mais vidas perderemos. As medidas restritivas e a amplia��o da vacina��o, portanto, s�o para ontem", afirma.

Aux�lio

Para Schnekenberg, � tamb�m urgente no Brasil que ocorra a oferta de socorro a pessoas e empresas em situa��o financeira dif�cil, justamente por conta dos efeitos da pandemia alongada. "N�o tem como exigir o cumprimento dessas restri��es sem um aux�lio financeiro tanto para trabalhadores quanto para empres�rios."

Em 2020, o aux�lio emergencial foi pago a trabalhadores informais, desempregados e benefici�rios do Bolsa Fam�lia. Com o agravamento da pandemia, h� press�o por uma nova rodada de benef�cios que ainda n�o foi definida.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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