
Segundo a publica��o, o inqu�rito foi determinado pelo ministro em dezembro e aberto em 6 de janeiro por um dos setores mais influentes da dire��o-geral da Pol�cia Federal em Bras�lia, a DIP (Diretoria de Intelig�ncia Policial), por meio de sua Divis�o de Contraintelig�ncia Policial. A investiga��o tem 56 p�ginas.
“Diante dos fatos narrados, requisito ao diretor-geral da Pol�cia Federal que adote as provid�ncias para a abertura de inqu�rito policial com vistas � imediata apura��o de crime contra a honra do presidente da Rep�blica", escreveu o ministro Andr� Mendon�a em 8 de dezembro.
O despacho foi encaminhado ao chefe de gabinete da dire��o-geral da PF, que o enviou para an�lise da Corregedoria. O corregedor-geral da PF, Jo�o Vianey Xavier Filho, concluiu que "est� manifestada a op��o de se conduzir eventual investiga��o do fato pela DIP/PF”.
Segundo a reportagem do portal, por meio de videoconfer�ncia, a DIP j� ouviu os depoimentos dos dois investigados, o soci�logo Tiago Costa Rodrigues, de 36 anos, que � secret�rio de forma��o do PC do B em Tocantins e mestrando na Universidade Federal do Tocantins (UFT), e Roberval Ferreira de Jesus, 58, dono de uma microempresa de outdoors que disse s� ter sido contratado para a loca��o do espa�o e n�o participado da elabora��o da pe�a. O perfil de Rodrigues na rede social Twitter foi monitorado pela DIP, que copiou 12 postagens e as incluiu na investiga��o.
A abertura do inqu�rito determinada por Mendon�a � a retomada de um procedimento, que come�ou em agosto do ano passado, a partir da iniciativa de um bolsonarista, o empres�rio do ramo imobili�rio e produtor rural Celso Montoia Nogueira, que, em 2020, foi candidato aca vereador de Palmas (TO) pelo PRTB com o nome de "Montoya Bolsonaro" - ele n�o se elegeu. Nas redes sociais, Nogueira se diz "um grande patriota, conservador e guerreiro" e "coordenador estadual da Marcha Nacional Crist�os Pelo Brasil".
“A express�o popular 'n�o vale um pequi ro�do' � bastante utilizada pelo povo tocantinense e significa pessoa sem vergonha, que n�o vale nada, algu�m que n�o presta", escreveu o advogado do empres�rio na peti��o.
Ap�s an�lise da manifesta��o, a PF opinou pelo arquivamento. O delegado corregedor regional da PF em Palmas, Hugo Haas de Oliveira, considerou que as mensagens n�o configuravam crimes previstos na Lei de Seguran�a Nacional e que as express�es utilizadas nos outdoors "n�o apontam quaisquer fatos que teriam sido praticados pelo presidente da Rep�blica, mas sim, inj�rias, xingamentos e frases ofensivas.
O procurador da Rep�blica Higor Rezende Pessoa concordou com o arquivamento "por inexist�ncia de condi��o de procedibilidade, pois ausente a requisi��o do ministro da Justi�a". Por�m, determinou que Andr� Mendon�a fosse cientificado para que, "querendo, proceda com a representa��o". Foi o que o ministro da Justi�a fez, em dezembro passado..
O soci�logo Tiago Rodrigues alega que a ideia dos outdoors surgiu porque militantes bolsonaristas espalharam placas em munic�pios de Tocantins com mensagens de apoio a Bolsonaro. Segundo ele, a ideia era fazer um contraponto. Rodrigues disse ainda que as placas custaram RR 2,3 mil, arrecadados por meio de uma “vaquinha virtual”.
Uma placa dizia: "Cabra � toa, n�o vale um pequi ro�do. Palmas quer impeachment j�". O pequi � um fruto t�pico do cerrado. "Ro�do" � o fruto sem polpa, apenas com o caro�o, que � cheio de espinhos. A outra placa pontuava: "A� mente! Vaza Bolsonaro, o Tocantins quer paz"...
“A ideia foi dizer que � um governo que n�o age no combate � pandemia. Isso do pequi � uma express�o regional. Algo que � ineficaz, n�o est� valendo para nada, n�o est� surtindo efeito. Minha opini�o sobre o que o Bolsonaro est� fazendo na pandemia � a de v�rios brasileiros. Estamos vendo as consequ�ncias disso. � um governo que n�o est� atuando de maneira eficaz, isso que o outdoor dizia", afirmou Rodrigues.
O advogado do soci�logo, Edy C�sar Passos, disse que a investiga��o da PF em Bras�lia "dever� ser arquivada, ao final, pela pr�pria PF, � o que esperamos".
Tiago Rodrigues disse que a abertura do inqu�rito em Bras�lia "� um problema grave de cerceamento de liberdade de express�o, de impedir que a pessoa manifeste sua insatisfa��o contra o governo, qualquer que seja". "Hoje s�o v�rios casos -como o dele-, at� onde eu sei. Sei de uma professora em Pernambuco que tamb�m fez um outdoor. Vejo como tentativa de cercear qualquer cr�tica de oposi��o ao governo", disse o soci�logo.
Procurado, o Minist�rio da Justi�a n�o havia se manifestado at� o fechamento desta mat�ria.
