
Os �bitos ocorreram entre segunda (22/3) e esta quarta-feira (24/3), ap�s o tratamento experimental ministrado pela m�dica Eliane Scherer. Todos os pacientes haviam assinado termo concordando em fazer o tratamento.
Os protocolos cl�nicos do Hospital Nossa Senhora Aparecida preveem a prescri��o da droga via oral, assim como indicado na bula do medicamento. Mas Scherer passou a aplicar a t�cnica experimental da nebuliza��o do f�rmaco dilu�do, o que n�o � previsto pelos regulamentos medicinais.
A dire��o do hospital n�o faz conex�o direta entre as mortes e o tratamento alternativo, mas avalia que a t�cnica vem contribuindo para a degrada��o da sa�de dos doentes.
Demiss�o e den�ncia
Eliane foi contratada em mar�o de 2020 para atuar no pronto-socorro da institui��o, mas, por causa do descumprimento dos protocolos, foi demitida no dia 10 de mar�o deste ano. Segundo a assessoria jur�dica do hospital, a m�dica "descumpria protocolos [de seguran�a] de forma contumaz".
"A profissional em quest�o tinha um hist�rico de muitas dificuldades no trato pessoal com a equipe. As amea�as eram frequentes", justificou o assessor jur�dico do Hospital Nossa Senhora Aparecida, Maur�cio Rodrigues, ao jornal Ga�cha ZH.
Nesta segunda-feira (23/3), o hospital denunciou a profissional ao Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) por 17 supostas infra��es m�dicas. A pe�a tamb�m foi encaminhada ao Minist�rio P�blico. O Correio tentou contato com a m�dica pelo telefone dispon�vel nas redes sociais do consult�rio dela, mas as liga��es n�o foram atendidas. O espa�o segue aberto para manifesta��es.
Continua��o do tratamento
Apesar de ter sido afastada, Eliane continuou com o tratamento experimental em alguns pacientes do hospital. Alguns possu�am autoriza��o judicial para isso, outros assinaram um termo em que autorizavam a abordagem. Contudo, n�o h� comprova��o cient�fica de que o f�rmaco � eficaz no combate ao v�rus. A Associa��o M�dica Brasileira (AMB), inclusive, defende que a utiliza��o do rem�dio aos pacientes portadores do v�rus “deve ser banida”.
Apesar disso, o assessor jur�dico disse que, por ora, a decis�o do hospital � por n�o impedir o tratamento experimental quando as fam�lias expressarem o desejo e assinarem o termo de concilia��o - este exime a profissional e o hospital de qualquer responsabilidade por eventuais consequ�ncias.
“Vamos comunicar ao Cremers e ao MP sobre esses fatos para que eles possam apurar se essa conduta teve ou n�o rela��o com os falecimentos. E para que possam tomar medida cautelar para impedir esse tipo de prescri��o”, finaliza Rodrigues ao portal.
Bolsonaro defende a pr�tica
Na manh� desta �ltima sexta-feira (19/3), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entrou ao vivo em um programa de r�dio e defendeu a pr�tica da “nebuliza��o da hidroxicloroquina”.
“N�s temos uma doen�a que � desconhecida, com novas cepas, e pessoas est�o morrendo. Os m�dicos t�m o direito, ou o dever, de que, no momento que falta um medicamento espec�fico para aquilo com comprova��o cient�fica, ele pode usar o que se chama de off-label – fora da bula”, disse o presidente, � R�dio Ac�stica.
Bolsonaro chegou a citar o caso da m�dica Eliane. Segundo ele, o vereador e ex-prefeito de Dom Feliciano (RS), Dalvi Soares de Freitas, teria sido curado por causa da pr�tica alternativa.
“Agora, aqui no Brasil, a pessoa � criminalizada quando tenta uma alternativa para salvar quem est� em estado grave – e quem est� em estado grave e uma vez � intubado, chega pr�ximo a 70% que n�o h� mais retorno, vai a �bito”, disse Bolsonaro.