
Nessa quarta-feira (24/3), o Hospital Nossa Senhora Aparecida, em Camaqu�, no Rio Grande do Sul, confirmou o �bito de tr�s pacientes internados com COVID-19 ap�s serem nebulizados com uma solu��o de hidroxicloroquina. Respons�vel pelo procedimento, a m�dica Eliana Scherer foi afastada da unidade e denunciada pela pr�pria institui��o ao Minist�rio P�blico e ao Conselho Regional de Medicina (CRM).
Segundo nota de esclarecimento emitida pelo hospital, Eliana Scherer foi afastada do corpo de m�dicos da institui��o no dia 10 de mar�o ap�s “tentar obrigar a equipe assistencial a administrar pela via inalat�ria uma solu��o com hidroxicloroquina, de proced�ncia desconhecida, n�o prescrita em prontu�rio, manipulada pela pr�pria m�dica”.
Por�m, ap�s certa como��o popular e sob a justificativa de o tratamento estar salvando vidas, ela voltou a ofertar o tratamento aos familiares e pacientes que eram atendidos no Pronto Socorro do hospital, bem como aos j� internados na institui��o.
“Fam�lias que, face ao seu desligamento da escala do Pronto Socorro, contrataram a referida m�dica para acompanhar os pacientes, solicitando assim, que fosse administrado o tratamento experimental. Como se tratava de terapia experimental, alguns m�dicos se negaram a prescrever o tratamento aos pacientes sob seus cuidados, raz�o pela qual as fam�lias buscaram o poder Judici�rio para permitir que fosse feito o tratamento com a inala��o da solu��o de HCQ”, informa a nota.
Nesse cen�rio, houve a libera��o, em liminar, para que o tratamento fosse administrado pela m�dica, desde que ela assumisse a integralidade da assist�ncia de seus pacientes. A partir disso, a dire��o do hospital liberou um termo de acordo para que aqueles pacientes e familiares que quisessem receber o tratamento se responsabilizassem pelas consequ�ncias da inala��o de hidroxicloroquina como tratamento para COVID-19.
Esses pacientes, segundo esclarecimento do Hospital Nossa Senhora Aparecida, eram informados de que o tratamento n�o tinha, e n�o tem, comprova��o cient�fica quanto a sua efic�cia. Assim, quatro pacientes da institui��o fizeram inala��o do medicamento. Destes, tr�s vieram a �bito nos �ltimos dias. Todos eles com quadros de taquicardia ou arritmia algumas horas ap�s receberem a nebuliza��o.
Dois deles j� estavam em estado geral grave, com insufici�ncia respirat�ria em ventila��o mec�nica e um deles estava est�vel, recebendo oxig�nio por m�scara com boa evolu��o, afirma o hospital.
“Por se tratar de um tratamento sem comprova��o cientifica, o hospital n�o pode afirmar que houve rela��o direta entre os �bitos e a inala��o com HCQ, por sua vez, n�o verifica que a nebuliza��o contribuiu para melhorar o desfecho dos pacientes. Os ind�cios sugerem que est� contribuindo para a piora, porque todos os casos (de �bito) apresentaram rea��es adversas ap�s o procedimento”, esclarece em nota.
O Hospital Nossa Senhora Aparecida afirma, por fim, que, por n�o ter experi�ncia com tratamentos experimentais e n�o ter refer�ncias seguras para a aplica��o, normalmente opta por n�o o fazer.
“Infelizmente, nesse cen�rio de desespero, polariza��o e politicagem, diante de muita press�o da sociedade, permitimos que, via judicial e, de maneira formalizada, os pacientes que desejavam receber essa terapia, assim o fizessem. Assim, o Hospital informa que continuar� envidando todos os seus esfor�os para atender os seus pacientes, respeitando os protocolos aprovados pelos �rg�os de sa�de nacionais e internacionais.”
O governo defende...
Na �ltima sexta-feira (19/3), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entrou ao vivo em um programa de r�dio e defendeu a pr�tica da “nebuliza��o da hidroxicloroquina”. Bolsonaro chegou a citar o caso da m�dica Eliane. Segundo ele, o vereador e ex-prefeito de Dom Feliciano (RS) Dalvi Soares de Freitas teria sido curado por causa da pr�tica alternativa.
“N�s temos uma doen�a que � desconhecida, com novas cepas, e pessoas est�o morrendo. Os m�dicos t�m o direito, ou o dever, no momento em que falta um medicamento espec�fico para aquilo com comprova��o cient�fica,de usar o que se chama de off-label – fora da bula. Agora, aqui no Brasil, a pessoa � criminalizada quando tenta uma alternativa para salvar quem est� em estado grave”, disse o presidente � R�dio Ac�stica.
A hidroxicloroquina n�o tem comprova��o cient�fica no que tange o tratamento para COVID-19, assim como a inala��o do medicamento.
