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Estado de Minas DEPOIMENTO

'Minha vida e de meu filho foram destro�adas pelo judici�rio brasileiro'

M�e relata luta de quase uma d�cada para tentar reaver guarda de filho, v�tima de abuso sexual pelo ex-marido


17/04/2021 08:00 - atualizado 18/04/2021 21:40

(foto: Arte de Soraia Piva sobre ilustrações de @devolvamfloramarelada)
(foto: Arte de Soraia Piva sobre ilustra��es de @devolvamfloramarelada)
M�e que descobriu em 2012 que o filho de apenas 3 anos tinha sinais de ter sido abusado sexualmente pelo pr�prio pai conta em primeira pessoa a saga para tentar proteger a crian�a do ex-marido e as derrotas na Justi�a devido � Lei de Aliena��o Parental.

 

O relato dela se une ao de outras mulheres de todo o Brasil, que denunciam abuso por parte de pais e injusti�a por parte do pr�prio poder judici�rio. Leia abaixo o relato completo:


"Sou m�e de um menino de 11 anos. Me separei em 2011, quando meu filho tinha um ano e meio. Apesar de eu insistir em dividir por igual a perman�ncia e os cuidados entre ambos os pais, meu filho demonstrava grande resist�ncia em permanecer com o pai. Cheguei a procurar a terapeuta do pai a fim de ajudar no estreitamento do v�nculo entre pai e filho. Ele perguntava ansioso com quem ele voltaria, quando eu o levava � escola, e chorava quando ficava sabendo que iria para a casa do pai. Ele vomitava com frequ�ncia e tinha diarreia. 

A tonalidade de suas fezes empalidecia, de forma que suspeitei de hepatite. Fizemos exames, mas nada foi constatado. Com o tempo, fui percebendo que esses sintomas aconteciam associados �s visitas. Em novembro de 2012, ele chegou visivelmente transtornado, chorando e vomitando. Ao higieniz�-lo, reparei que estava com o �nus dilatado e como um reflexo, perguntei se o pai estava mexendo no bumbum dele. Para meu espanto ele respondeu que sim, e que do�a muito.

Logo em seguida, ficou assustado com a revela��o. Perguntei com que ele mexia, mas ele apenas respondeu. "N�o, para! � s� brincadeirinha". Levei-o a um hospital em S�o Paulo especializado em viol�ncia dom�stica, em S�o Paulo, especializado em viol�ncia dom�stica e relatei o fato. L�, me encaminharam para a delegacia, dizendo que s� me atenderiam se eu lavrasse um boletim de ocorr�ncia.

Eu pedi que antes tentassem conversar com meu filho para entender se era isso mesmo que estaria acontecendo, por�m eles disseram que s� nos atenderiam ap�s lavrarmos o boletim de ocorr�ncia. Eu n�o queria acusar sem saber, ent�o tentei levar meu filho em m�dicos e hospitais particulares, mas nenhum quis fazer um exame sexol�gico no meu filho sem um boletim de ocorr�ncia.


No dia seguinte, me ligaram do hospital dizendo que eu havia sido mal orientada e que eles nos atenderiam sem o boletim. Me dirigi novamente ao hospital, e l� disseram a mesma coisa que no dia anterior, que sem o B.O. n�o me atenderiam. Pedi ent�o que me orientassem em como obter alguma prova, em caso de isso ter realmente acontecido. A recepcionista sugeriu que eu gravasse um v�deo. Ent�o pedi uma sala. L� perguntei ao meu filho como teria acontecido o "dod�i" do bumbum dele, mas ele negava a exist�ncia de qualquer dod�i.

Perguntei ent�o se ele queria que eu o protegesse ou que o pai continuasse fazendo. Ele respondeu que queria que eu o protegesse. Ent�o expliquei que para proteg�-lo eu precisava que ele contasse o que estava acontecendo. Ele relatou que o pai o incomodava muito quando ele estava dormindo.

Perguntei como, ele fez gemidos sexuais e choramingou. Depois ele pediu papel e caneta e desenhou narrando a seguinte frase: "Doi assim, �: Primeiro ele cresce, da� ele vai crescendo, crescendo, metendo, metendo...". Ao ouvir essa frase, fiquei em choque. Como poderia uma crian�a com ent�o 3 anos estar dizendo isso em rela��o a um "dod�i" que o pai teria feito nele? 

Nesse momento, a assistente social do hospital aceitou me ouvir sem boletim de ocorr�ncia. Ap�s eu narrar-lhe toda a hist�ria, ela me orientou a voltar para casa e pensar mais um pouco... N�o consegui dormir a noite inteira, e no dia seguinte, ap�s levar meu filho ao pediatra, ao conselho tutelar e a outro hospital sem ter respostas, fui � delegacia e lavrei o boletim de ocorr�ncia relatando todo o ocorrido.

Relatei na delegacia que o pai do meu filho havia me confidenciado ter sido v�tima de abuso sexual na inf�ncia. Ele relatou o fato para justificar a compuls�o que ele possui por inserir objetos no �nus. Embaixo de sua pia havia in�meros objetos como garrafas de diversos formatos e diversos utens�lios er�ticos em formatos f�licos, inclusive uma r�plica de um penis de propor��es gigantescas, o que fez com que minhas suspeitas se agravassem. Relatei tamb�m esses ind�cios na delegacia.

De l�, fomos levados novamente ao primeiro hospital que procurei, onde foi feito o exame que nada mais era do que uma fotografia do �nus do meu filho. Quando saiu o resultado do exame, veio descrito como "prejudicado". Procurei atendimento psicossocial junto ao Instituto Sedes Sapientiae e enquanto eu e meu filho est�vamos passando por triagem, fui notificada da a��o de guarda que o pai do meu filho movera contra mim.

Essa notifica��o me surpreendeu, primeiro porque esse pai nunca demonstrara anteriormente interesse algum em possuir a guarda do filho, deixando-o sempre em �ltimo plano de suas prioridades, em segundo lugar por que a inicial era de um teor fantasioso do qual nem a pior das novelas seria capaz de reproduzir. Nunca pensei que iriam acreditar em uma s� palavra do que estava escrito ali, pois as mentiras eram t�o estapaf�rdias que chegavam ao lirismo, como por exemplo dizer que eu haveria sido criada em uma comunidade nudista numa praia, no litoral paulista, onde teria sido abusada por todos durante minha inf�ncia.

Pensei que com essa inicial o pai do meu filho seria mandado direto para a cadeia, afinal eu nunca sequer morei na praia, e tal comunidade nudista jamais existiu. O boletim de ocorr�ncia deu in�cio a um inqu�rito que veio a ser arquivado por "falta de provas". A partir da�, praticamente 2 anos ap�s o fato, iniciaram-se as per�cias psicossociais no processo de guarda.

Meu filho havia passado todo esse tempo com visitas supervisionadas ao pai e em terapia, onde foi trabalhado o �dio que ele trazia pela figura paterna. Ao longo desse per�odo, sua rela��o com o pai foi se ajustando e jamais ele foi sugestionado a lembrar ou repetir o relato, de forma que esqueceu, como crian�as pequenas esquecem fatos que n�o querem lembrar. Durante as sess�es, a terapeuta do meu filho percebeu fortes ind�cios de que ele haveria sofrido abuso sexual, por�m ele jamais verbalizou o ocorrido com claras palavras. Era atrav�s das representa��es l�dicas que revelavam-se as evid�ncias.

Meu filho demonstrava avers�o � figura paterna atrav�s dos bonecos nomeados como pai nas brincadeiras. Jogava-os pela janela, enfiava espada no �nus dos bonecos, tinha horror aos bonecos sexuados e vontade de ser menina. Com o tempo, a terapeuta foi tratando todas essas manifesta��es, sempre atrav�s de brincadeiras.

Depois de quase 2 anos de sess�es semanais de terapia, o perito forense encontrou uma crian�a praticamente regenerada e tratou de fazer um estrago. Desqualificou e deturpou todo o meu relato. Definiu, porque quis, que meu filho n�o tinha uma boa rela��o com a m�e, e que a melhor rela��o era com o pai.

E disse que o tipo de abuso ao qual eu queria "dar a entender" ao relatar o tom claro das fezes seria o mais violento de todos, pois eu estaria sugerindo que haveria esperma nas fezes do meu filho, coisa que eu sequer imaginaria, pois nada tinha a ver a cor p�lida das fezes com sinais de presen�a de esperma.

O perito sugeriu a invers�o da guarda com visitas supervisionadas para mim, o que foi sentenciado pela ju�za, que aguardou o �ltimo dia do ano forense, para, em uma sexta-feira de um fim de semana em que meu filho passaria com o pai.

Neste dia, por "coincid�ncia", o pai pegou meu filho mais cedo e logo em seguida a advogada dele nos enviou e rec�m-proferida senten�a concedendo a liminar de revers�o de guarda ao pai com visitas assistidas para mim. Meu filho pensava que iria passar s� um final de semana, mas a partir daquele dia n�o mais voltou para casa. Nem � escola, nata��o, kung-fu, terapia, pediatra, dentista. Foi arrancado de sua cidade para morar em um apartamento de 14º andar sem telas de prote��o sequer vistoriado para checar a seguran�a da crian�a.

� m�e, � fam�lia materna e aos amigos mais pr�ximos restaram as visitas assistidas quinzenais. A pessoa da m�e foi desqualificada e passou a ser supervisionada por funcion�rias do pai. Por mais traum�tica que tenha sido essa mudan�a, a crian�a n�o foi colocada em terapia. Depois de dois anos pedindo pra voltar pra casa, hoje meu filho n�o mais se queixa. Aceita a vontade do pai. Seus direitos humanos foram e est�o sendo violados, mas ele n�o tem a quem recorrer.

Mudei-me para a cidade onde ele foi morar, a fim de estar pr�xima, acreditando que conseguiria, atrav�s do c�rculo social da escola e de amigos, retomar uma vida normal, mas venho sendo impedida pelo pai e pela fam�lia paterna a participar do grupo de amigos do meu filho. Contratei novos advogados que perderam o prazo para o preparo da apela��o da senten�a que me tirou a guarda e meu processo foi extinto. Depois de quase tr�s anos tentando, por via amig�vel, retomar a vida normal sem sucesso, ficou evidente que esse pai � perverso e est� se valendo do poder que lhe foi concedido para destruir nossas vidas.

Tentei mover nova a��o, apresentando todas as provas e requerendo a desobriga��o imediata das visitas assistidas com pedido de guarda compartilhada em car�ter liminar a fim de evitar novos 5 anos ou mais de lit�gio, por�m nada do que pedi foi apreciado, e assim desisti da a��o pois j� estamos sendo violentamente prejudicados por esse processo h� mais de 5 anos. Minha vida e de meu filho foram destro�adas pelo pr�prio sistema judici�rio brasileiro. S� me restou pedir apura��o das irregularidades de meu processo para que me restituam meu filho e nossa dignidade humana."


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