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Estado de Minas ENGANOSO

Checagem: m�dia de mortes em 2020 n�o foi menor que em 2019

O texto reproduzido � equivocado ao buscar reduzir impacto das mortes ocorridas pela COVID-19 no Brasil ao apresentar c�lculos errados sobre notifica��es


19/04/2021 17:58 - atualizado 19/04/2021 18:14

(foto: Reprodução/Comprova)
(foto: Reprodu��o/Comprova)

� enganoso o tu�te do cantor Roger Moreira que apresenta o print de uma not�cia de maio de 2020 alegando que a m�dia de mortes do ano era menor do que em 2019. O texto reproduzido � equivocado porque busca reduzir o impacto da quantidade de mortes ocorridas pela COVID-19 no Brasil ao apresentar c�lculos errados sobre as notifica��es.
A publica��o apresenta dados de Registro Civil, de responsabilidade da Arpen (Associa��o dos Registradores de Pessoas Naturais) e coletados nos cart�rios do pa�s, de janeiro a maio de 2020 em compara��o ao mesmo per�odo de 2019. Al�m de apresentar uma soma incompleta, sem considerar o m�s cheio, ela tamb�m distorce o atraso em registros de �bitos.

Contatado pela reportagem, Roger Moreira disse que considera “um desrespeito essa soma di�ria de mortos”. Ele criticou o trabalho de checagem e disse que, quando fez o print, buscava informa��es sobre a “taxa normal de �bitos sem pandemia”, ainda que os dados fossem do ano passado. Ele acrescentou que, para fins de compara��o, os n�meros de �bitos registrados por outras causas tamb�m deveriam ser divulgados pela imprensa.

Como verificamos?


Procuramos o cantor Roger Moreira, que se justificou sobre a postagem pelo WhatsApp.

Depois, buscamos os dados do Portal da Transpar�ncia do Registro Civil, que consolida os registros de mortes ocorridos em todo o territ�rio nacional. A busca do site permite o acesso aos dados por m�s, em diferentes regi�es e cidades do Brasil, mas n�o permite o recorte di�rio — por isso, entramos em contato com a Arpen, entidade respons�vel pelos dados fornecidos no portal, para pedir acesso aos n�meros completos.

O Comprova fez esta verifica��o baseado em informa��es cient�ficas e dados oficiais sobre o novo coronav�rus e a COVID-19 dispon�veis no dia 19 de abril de 2021.

Verifica��o


Publica��o alega que pandemia n�o afetou aumento de mortes

A publica��o � qual o print tirado por Roger Moreira se refere afirma que n�o s� a quantidade de �bitos no pa�s, entre janeiro e maio de 2020, segue a m�dia de mortes observada no mesmo per�odo em outros anos, como o total de registros era menor do que no ano anterior.

“Apesar da incid�ncia do COVID-19, o montante total de �bitos ocorridos no Brasil pelos mais variados motivos, de 1 de janeiro a 19 de maio deste ano, de 457.648, ainda s�o inferiores aos registrados em 2019, de 491.237, no mesmo per�odo, uma diferen�a de menos 33.598 mortes”, diz trecho do texto.

N�meros de 2020 n�o foram menores

No site do Registro Civil a consulta � feita apenas pelo total de �bitos apresentado no m�s inteiro, sem possibilidade de busca por dias espec�ficos. Procurada pelo Comprova, a Arpen afirmou que o levantamento de acordo com a data s� pode ser realizado por uma �rea t�cnica e que, no momento, as demandas priorit�rias s�o dos governos federal e estadual.

Os dados cheios dos meses comparados apontam o contr�rio: houve, sim, mais mortes registradas em cart�rios no ano de 2020 do que em 2019. Para que a verifica��o fosse mais precisa, o Comprova utilizou apenas os registros entre janeiro e maio, mesma base de compara��o do texto compartilhado por Roger Moreira.

Vale ressaltar que os n�meros consultados em 2021 t�m mais dias de c�lculo, j� que contabilizam �bitos at� o dia 31 do m�s, 12 a mais que a publica��o, e n�o apresentam dados atrasados, algo recorrente sobretudo em casos de COVID-19, com muitos diagn�sticos confirmados s� ap�s a morte pela doen�a.

Segundo o Registro Civil, entre janeiro e maio de 2019 foram registrados 518.455 �bitos — m�dia de 3.430 mortes por dia. J� em 2020, no mesmo per�odo, foram 558.464 mortes (m�dia de 3.674 �bitos di�rios), 40.404 a mais que no ano anterior.

O valor � maior do que a diferen�a entre 2019 e 2018 no mesmo per�odo; 2018 teve 31,5 mil mortes a menos. S� os �bitos pelo coronav�rus, entre janeiro e maio de 2020, correspondem a 39.455, sendo que a primeira morte pela doen�a, no pa�s, data de 12 de mar�o.

Ainda no ano passado, uma reportagem do UOL apontou que o m�s de maio teve mais mortes por COVID-19 no Brasil do que a soma de todos os �bitos provocados por c�nceres.

Atraso no registro de mortes

O Comprova j� havia verificado conte�dos sobre os registros de mortes no in�cio de 2020, e explicado que os dados do Portal da Transpar�ncia devem ser analisados com cautela, sobretudo quando � feita a contabiliza��o de mortes recentes em rela��o � data da consulta ao site.

Segundo a pr�pria plataforma, “a atualiza��o pelos registros de �bitos lavrados pelos Cart�rios de Registro Civil obedece a prazos legais”. Esse prazo leva em conta que “a fam�lia tem at� 24 horas ap�s o falecimento para registrar o �bito em cart�rio que, por sua vez, tem at� cinco dias para efetuar o registro de �bito”. Considera tamb�m que o cart�rio tem ainda oito dias para enviar o registro � Central Nacional de Informa��es do Registro Civil, que atualiza o portal. No total, oficialmente, s�o 14 dias.

Al�m disso, a Lei de Registros P�blicos prev� exce��es que podem aumentar esse prazo. Como destacou a Ag�ncia Lupa, se o local da morte ficar a mais de 30 quil�metros de um cart�rio, a fam�lia pode registrar o falecimento em at� tr�s meses — na pr�tica, por�m, os prazos ainda s�o, muitas vezes, descumpridos.

A agilidade no registro dos �bitos durante a pandemia tamb�m tem variado entre as regi�es do Brasil, e produzido distor��es nos dados — que se acentuam quando a consulta do Portal � feita para um intervalo curto de tempo.

M�sico diz que mortes por outras causas tamb�m devem ser divulgadas
Questionado pela reportagem se havia verificado a data da publica��o, de maio passado, Roger Moreira afirmou que havia reparado, sim, e que ele procurava qual a “taxa normal de �bitos sem a pandemia”.

“Acho um desrespeito essa soma di�ria de mortos. � um pa�s gigantesco e � claro que os n�meros ser�o altos, sempre. Est�o usando cad�veres para fazer campanha pol�tica”, disse.

No Twitter, ele j� havia declarado que era “evidente” o aumento de mortes, e defendeu que �bitos por outras causas tamb�m fossem reportados a fins de compara��o: “Se contasse os infartos, por exemplo, tamb�m ter�amos um n�mero expressivo diariamente”.

Por que investigamos?


Os dados di�rios de casos e mortes da doen�a servem para que especialistas calculem melhor as taxas de transmiss�o e mortalidade no pa�s.

Diferentemente do infarto, ocorr�ncia usada como exemplo por Roger Moreira para falar sobre altos �ndices de mortes, a COVID-19 � uma doen�a transmiss�vel pelo ar e que pode ter o cont�gio reduzido por meio de a��es p�blicas.

As autoridades se baseiam nos n�meros e para adotar pol�ticas no combate ao v�rus, trabalhando inclusive com a previs�o de superlota��o em hospitais e cemit�rios.

O total de �bitos, incluindo outras causas al�m da COVID-19, tamb�m auxilia no entendimento de que a pandemia pode ter impacto sobre outras mortes — algumas delas provocadas pela sobrecarga nos sistemas de sa�de. Em 2021, a superlota��o nos hospitais levou pacientes com COVID-19 a ocupar leitos destinados a outras doen�as.

As informa��es utilizadas pela publica��o � qual o m�sico se referiu foram apresentadas de forma incompleta e sem a devida contextualiza��o, o que prejudica o entendimento sobre a import�ncia da divulga��o de mortes por COVID-19. A postagem de Roger, at� o dia 19 de abril, j� havia ultrapassado 3 mil intera��es no Twitter.

At� a data da publica��o deste texto, o Minist�rio da Sa�de contabiliza 1.657 mortes por COVID-19 nas �ltimas 24 horas, n�meros que costumam ser menores aos finais de semana em fun��o do represamento de dados das secretarias estaduais.

O pa�s soma 373.335 �bitos e 13.943.071 casos da doen�a. Segundo o cons�rcio de ve�culos de imprensa, que faz o levantamento de notifica��es diretamente com as secretarias, a m�dia di�ria de mortes pela doen�a nos �ltimos sete dias � de 2.878.

Desde o in�cio da pandemia, em mar�o de 2020, o Comprova j� verificou diversas postagens e publica��es elaboradas a partir de registros de �bitos. Dados incompletos e descontextualizados j� foram usados para apontar o decl�nio da pandemia no Brasil e negar que o pa�s tivesse ultrapassado 100 mil mortes por COVID-19.

J� foram desmentidas mensagens que alegavam redu��o de mortes e tamb�m que �bitos por outras doen�as foram registrados como COVID-19 para inflar os n�meros — argumenta��o recorrente e reproduzida at� mesmo por parlamentares.

Enganoso, para o Comprova, � o conte�do retirado do contexto original, que usa dados imprecisos e que confunde, mesmo que n�o exista a inten��o deliberada de causar dano.


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