O levantamento feito pelo Grupo Kantar, foi realizado em 21 pa�ses com 11.500 pessoas, entre os dias 15 a 19 de abril deste ano. Dos brasileiros entrevistados, 77% afirmaram que sentiram o impacto da pandemia em seus cotidianos.
Em todo o mundo, a m�dia de pessoas que contra�ram o v�rus ou conhecem algu�m que se infectou � de 42%, menos da metade do resultado entre os brasileiros, de 87%. Deles, 16,2% tiveram coronav�rus, 60,5% um parente pr�ximo e 50,1% um amigo pr�ximo. Globalmente esses n�meros foram 8%, 23% e 23%, respectivamente.
A preocupa��o com a situa��o foi outro ponto abordado e, novamente, o Brasil lidera em medo, com 55% dos entrevistados extremamente preocupados, contra 31% no levantamento mundial.
Um dos escapes da pandemia e maneira de deixar as pessoas conectadas s�o as redes sociais. Entretanto, a internet tamb�m � a maneira mais usada para difundir as informa��es sobre o momento, o que causa um grande fluxo de informa��es, que nem sempre s�o relacionadas � um assunto que o usu�rio queira acompanhar.
Devido � pandemia, um tema muito espec�fico e pouco falado, come�ou a ser recorrente nas rede sociais, a morte. O impedimento de realizar vel�rios e se despedir de entes queridos � um dos principais motivos para as pessoas realizarem publica��es em homenagem � algu�m que partiu.
Mas os constantes posts sobre luto, em um canal que antes era visto como forma de distra��o, passaram a desencadear sentimentos de tristeza e medo entre os usu�rios. Segundo a Funda��o Dom Cabral (FDC), essas s�o as principais rea��es encontradas na internet, diante de uma publica��o sobre mortes pela COVID-19.
Para evitar aglomera��es, a despedida de muitas fam�lias precisou ser virtual, mas segundo a psic�loga Luciana Carvalho, os vel�rios e enterros s�o essenciaias na elabora��o do luto.
"O luto se torna mais dif�cil de ser elaborado sem as missas, vel�rios ou enterros. O que a pessoa tem para expor s�o as redes sociais. Para o enlutado, � saud�vel se expressar atrav�s disso. � uma forma de homenagear o ente querido”, diz a psic�loga especialista em luto.
Apesar de ser importante para quem est� passando pela situa��o, as publica��es causam uma tens�o em quem l�. O medo e a tristeza s�o normais e, at�, esperados, segundo Luciana: “Para a pessoa que v� isso, � esperado que sinta medo e tristeza. � natural estarmos todos um pouco tristes com a situa��o. O medo existe a partir do momento que a morte se tornou muito pr�xima de todos, ainda mais na nossa cultura ocidental”.
Mas a psic�loga faz um alerta para que o comportamento de sensibilidade com a dor do outro, n�o se transforme em uma s�ndrome e cause p�nico, ansiedade e outros sintomas que fazem mal � sa�de: “At� um certo ponto, sentir medo e tristeza faz parte, � humano ter compaix�o. O que n�o pode acontecer � a pessoa viver todo o tempo voltado para olhar a situa��o da pandemia nas redes. A�, ela passa a ter um comportamento, de certa forma, patol�gico. Pode desenvolver uma s�ndrome do p�nico ou depress�o”.
Estar por dentro das not�cias sobre a pandemia � algo essencial e segundo o levantamento realizado pelo Grupo Kantar, 62% dos brasieliros afirmaram que acompanham com frequ�ncia os notici�rios, por�m o excesso de informa��es das redes soiais e ve�culos de comunica��o, podem causar as mesmas sensa��es de desespero.
Para evitar que isso aconte�a, a psic�loga deixa uma orienta��o: “Sugiro que essas coisas que est�o deixando a pessoa com medo e tristeza sirvam de incentivo para que tome os devidos cuidados, evitando que ela ou a fam�lia se contamine. O usu�rio n�o precisa, tamb�m, s� focar na quest�o da doen�a e das mortes. � necess�rio impor limites, n�o se encher de informa��es. N�o � ser negacionista, mas se afogar nas informa��es tamb�m n�o � saud�vel”.
Vacina��o
Na pesquisa realizada pelo Grupo Kantar, o Brasil tamb�m � l�der em expectativa pela vacina��o. Com 66% dos entrevistados afirmando que definitivamente se imunizar�o e 20% provavelmente. Globalmente apenas 43% responderam definitivamente sim e 27% possivelmente.
Mesmo com vontade de serem vacinados, os brasieliros ainda enfrentam uma s�rie de dificuldades e incertezas sobre quando, finalmente, ter�o direito �s doses. Segundo o balan�o dessa ter�a-feira (18/5), o n�mero de pessoas vacinadas com ao menos uma dose contra a COVID-19 no Brasil chegou a 39.897.840, o equivalente a 18,84% da popula��o total.
Com hist�rico de �timas campanhas nacionais de imuniza��o, o Brasil d� curtos passos em dire��o a aplica��o das doses contra COVID-19. Uma das principais vacinas usasdas no pa�s, a CoronaVac, fabricada pelo Instituto Butantan, passa por mais uma dificuldade para ser produzida.
Na semana passada, o instituto j� tinha anunciado outra pausa na produ��o por falta de insumos vindos da China. Em entrevista � Ag�ncia Brasil, o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria, disse que o material n�o tinha sido liberado por causa de 'declara��es desastrosas' feitas por autoridades do governo brasileiro em rela��o � China e � pr�pria vacina.
Nesta quarta-feira (19/5), o presidente do Butantan, Dimas Covas, anunciou que o pa�s asi�tico encaminhar� apenas tr�s mil litros de insumos para a produ��o, cerca de 1/3 da quantidade informada anteriormente, de 10 mil litros, o que era suficente para produzir 18 milh�es de doses.
Agora, segundo a Ag�ncia Brasil, os 3 mil litros de insumos autorizados pelo governo chin�s devem chegar entre os dias 25 e 26 de maio e s�o suficientes para fabricar, apenas, cerca de 5 mil doses do imunizante.
Enquanto a vacina n�o � para todos, a melhor maneira de se cuidar � a preven��o da doen�a, mantendo as medidas recomendadas com o uso de m�scaras, higiene das m�os e distanciamento social.
Esses cuidados pessoais tamb�m cresceram significativamente. Segundo a pesquisa da Kantar, 69% dos brasileiros se mostram muito atentos na ades�o de medidas de sa�de e seguran�a, 58% ficam bravos quando veem regras sendo desrespeitadas e outros 58% se afastam quando outras pessoas se aproximam em espa�os p�blicos.
* Estagi�ria sob supervis�o da subeditora Ellen Cristie.