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Estado de Minas VIOL�NCIA

Saiba tudo sobre o plano de massacre em uma escola no Distrito Federal

Jovem de 19 anos � suspeita de planejar um atentado no col�gio onde estuda. A m�e da garota afirmou que ela sofre de transtornos mentais


22/05/2021 13:39

Agentes apreenderam celulares, simulacros de armas e máscaras na casa da suspeita(foto: PCDF/Divulgação)
Agentes apreenderam celulares, simulacros de armas e m�scaras na casa da suspeita (foto: PCDF/Divulga��o)
Manh� de sexta-feira. Fabiana (nome fict�cio), 53 anos, dormia em um colch�o na sala, quando acordou assutada com a chegada da pol�cia. M�e de duas filhas, a dona de casa relatou, � reportagem, a situa��o que est� passando. A ca�ula, de 19 anos, � investigada pela Pol�cia Civil do Distrito Federal (PCDF) por arquitetar um massacre em uma escola p�blica no Recanto das Emas, vers�o contestada por Fabiana.

A opera��o Shield, deflagrada nessa sexta-feira (21/5), contou com o apoio da Adid�ncia da Pol�cia de Imigra��o e Alf�ndega dos Estados Unidos e do Minist�rio da Justi�a e Seguran�a P�blica (MJSP). Na delegacia, a suspeita prestou depoimento e foi liberada, por n�o se enquadrar na pris�o em flagrante.

Em uma casa de esquina, moram Fabiana, o marido, a jovem e a neta, de 9 anos. O endere�o n�o ser� divulgado para preservar a identidade dos envolvidos. A investiga��o come�ou ap�s policiais dos EUA apurarem informa��es sobre indiv�duos que teriam a inten��o de cometer atos graves de viol�ncia no DF. A Coordena��o do Laborat�rio de Intelig�ncia Cibern�tica do MJSP fez inquiri��es preliminares e repassou as informa��es � Delegacia Especial de Repress�o aos Crimes Cibern�ticos (DRCC/PCDF).

Por meio de nota oficial, a Embaixada e os consulados dos EUA no Brasil destacaram que contam “com uma forte colabora��o com as autoridades brasileiras em quest�es de seguran�a nacional e seguran�a p�blica de interesse comum” e que disp�em de uma s�rie de acordos de coopera��o t�cnica para combater o crime transnacional.

A partir das informa��es contidas na internet, os policiais civis do DF localizaram o endere�o da suspeita e cumpriram o mandado de busca e apreens�o na resid�ncia. Na casa, os agentes apreenderam dois simulacros de arma de fogo que estariam sendo utilizados para treinamento para o dia do massacre, duas m�scaras, celulares e dois cadernos de anota��es. “Ela (suspeita) confessou o crime, mas n�o temos como dar mais detalhes, pois as investiga��es continuam e podemos chegar a outros suspeitos e ter um novo desdobramento”, afirmou o delegado D�rio Freitas, da DRCC. O policial enfatizou, ainda, que o trabalho foi “um exemplo de coopera��o internacional”.

Perfil

Ao Correio, a m�e da jovem afirmou que a filha sofre de esquizofrenia e tem dist�rbios psicol�gicos. Contou, ainda, que sente medo de “tudo e todos”, desde o dia em que sofreu um acidente, quando voltava da escola, h� dois anos. “Ela pesava 55kg, na �poca. Hoje, est� com 103kg. Isso a abalou muito. Todos os dias, ela chora, n�o consegue andar sozinha, porque fica muito ofegante, se acha feia o tempo inteiro e pensa que todos zombam dela”, descreveu.

A jovem estuda em uma escola p�blica do Recanto das Emas e, como relata a m�e, quando as aulas estavam no modo presencial, a filha questionava o fato de um colega sofrer bullying e se sentia mal por isso. De acordo com Fabiana, a menina usou as redes sociais para desabafar com amigos de S�o Paulo e do Rio de Janeiro. “Ela dizia para os colegas que ficava com muita raiva, chateada e queria matar as pessoas que faziam isso, mas isso faz tempo. Conversa de adolescente, mas nada que indicasse que ela estava arquitetando um massacre. De forma alguma”, defende.

Questionada sobre as m�scaras e os simulacros de arma de fogo, a m�e revelou que comprou os equipamentos no pr�prio cart�o de cr�dito por meio da internet. “Ela nem mexia nessas coisas. Minha filha � bipolar e, toda hora, quer uma coisa. Esses dias mesmo, ela estava me pedindo um urso de pel�cia, depois um brinquedo. Isso foi s� para a divers�o dela”, disse a dona de casa.

Segundo Fabiana, a filha faz acompanhamento psiqui�trico e psicol�gico e toma medica��o todos os dias. “Ela n�o consegue tomar banho sozinha. Depois desse acidente, ela teve muitas sequelas e, �s vezes, chega a n�o se lembrar de muita coisa”, frisou.

Investiga��o

A apura��o policial segue na tentativa de localizar outros suspeitos que podem estar envolvidos no planejamento do atentado. Em entrevista ao Correio, Alessandro Barreto, coordenador do Laborat�rio de Opera��es Cibern�ticas do MJSP, explica que casos como esses t�m aumentado em todo o pa�s. “Temos visto um n�mero maior de ocorr�ncias nesse sentido. H� tr�s semanas, tivemos uma tentativa em Cabo Frio (RJ). A partir do ciberespa�o, conseguimos uma metodologia de buscar mais informa��es e difundir para as pol�cias estaduais e judici�rias. Temos tido sucesso”, destacou.

Coordenador-Geral de Combate ao Crime Organizado, Carlos Augusto do Prado Bock, detalha como funciona o trabalho do MJSP nesses casos. “N�o h� uma investiga��o por parte do minist�rio. N�s ligamos os pontos. Recebemos a informa��o, e o nosso objetivo � identificar quem seria a institui��o que vai cuidar desse crime. Ent�o, repassamos as informa��es, dando o apoio log�stico de que eles v�o precisar”, explica.

O secret�rio de Opera��es Integradas do MJSP (Seopi), Alfredo de Souza Lima Coelho Carrijo, complementa. “Esse fluxo de informa��es � constante e chega para n�s not�cia-crime, den�ncias an�nimas. Certos crimes inspiram outras pessoas. Ent�o, nesse contexto de assassinato em massa, voc� tem um ambiente virtual que pode incentivar esse tipo de propaga��o de ideias. Melhor trabalharmos com a preven��o do que deixar determinadas situa��es passarem”, avaliou.

Segundo Carrijo, � prematuro cravar que o caso do DF tenha liga��o com o massacre de Santa Catarina, onde tr�s crian�as, uma professora e uma monitora foram mortas a facadas. “Quando voc� tem um crime que j� foi cometido com os mesmos m�todos e vi�s, a linha de investiga��o n�o pode descartar nada. Mas, ainda � cedo para afirmar algo. Esse � um tipo de crime que n�o ocorre de um dia para o outro. Esses indiv�duos, ao longo de determinado tempo, d�o sinais”, revela.

Na avalia��o de Leonardo Sant’Anna, especialista em seguran�a p�blica, antes de acontecerem esses eventos, pol�cias pelo mundo se concentram no monitoramento de comportamentos de grupos extremistas e seus membros, em especial em redes sociais abertas, mas tamb�m nas secretas como a Deep Web. “Esse tem sido o caminho mais comum. Tudo isso precisa estar aliado � informa��o e � capacita��o de quem trabalha nos ambientes escolares, de professores e dos alunos, aos moldes do que se realiza em treinamentos para evacua��o em casos de inc�ndios, por exemplo”, argumenta.

Ele destaca, ainda, a efetividade dos sistemas para investiga��es em meios digitais. “H� meios que reconhecem palavras, express�es, c�digos e quaisquer outros mecanismos que indiquem prepara��o desses ataques. Mas, nos casos em andamento, empresas j� oferecem recursos que monitoram movimentos de agressores durante as a��es de ataque. Nesses casos, os alarmes chegam para as autoridades em tempo real com base na identifica��o das imagens das agress�es, captadas pelas pr�prias c�meras nos ambientes”, finalizou.

» Colaborou Edis Henrique Peres e Luana Patriolino


Palavra de Especialista
Ponto fora da curva

No Brasil, esse tipo de a��o em escolas � um ponto fora da curva, n�o costuma ser regra no nosso pa�s. Mesmo nos Estados Unidos, em que casos de atentados s�o mais comuns, ainda s�o considerados uma exce��o � regra. Porque, geralmente, essas a��es s�o feitas por pessoas que surtam e decidem fazer um atentado. Al�m disso, hoje, pela legisla��o brasileira, n�o podemos classificar esse tipo de comportamento como terrorismo, porque a lei define terrorismo como as a��es de causa xen�fobica ou religiosa. De forma geral, � at� mesmo dif�cil para os agentes monitorarem e tra�arem um perfil dos autores desse tipo de crime, pois s�o epis�dios espor�dicos e realizados por diferentes motiva��es.

Willy Hauffe, diretor da Associa��o Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF)


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