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Estado de Minas CASO L�ZARO

Buscas por L�zaro geram preju�zos para turismo e com�rcio no DF

Medo da apari��o do fugitivo derrubou movimento do com�rcio em Cocalzinho (GO). Turistas evitam passeios. Apreens�o se estende a �guas Lindas (GO)


24/06/2021 08:47

Circulação de carros e até helicópteros das forças de segurança mudou completamente a rotina dos moradores de municípios do Entorno(foto: Minervino Junior/CB/D.A Press)
Circula��o de carros e at� helic�pteros das for�as de seguran�a mudou completamente a rotina dos moradores de munic�pios do Entorno (foto: Minervino Junior/CB/D.A Press)
Antes do in�cio da persegui��o a L�zaro Barbosa de Sousa, o povoado de Edil�ndia e o distrito de Girassol — ambos no munic�pio de Cocalzinho (GO) — recebiam muitos brasilienses e moradores de outras partes do pa�s � procura de descanso, principalmente no fim de semana. Al�m da tranquilidade da regi�o, o contato com a natureza permitia aos turistas se afastar da agita��o dos centros urbanos e se refugiar nas ch�caras do munic�pio. No entanto, desde que a ca�ada pelo foragido come�ou, h� 15 dias, um fen�meno oposto predomina: habitantes deixam a �rea — at� ent�o pacata — em busca da movimenta��o das cidades maiores, onde se sentem mais seguros.

queda do movimento nos com�rcios foi uma das consequ�ncias do medo gerado pelas duas semanas de opera��o. Alguns empres�rios da regi�o registraram diminui��o de at� 60% nas vendas, em rela��o ao per�odo antes da ca�ada. M�rcio de Matos, 32 anos, dono de uma loja de artigos para celular, conta que a situa��o o fez mudar o per�odo de expediente. “Antes, abr�amos �s 8h; agora, �s 9h ou 9h30. O hor�rio de fechar tamb�m mudou. Dependendo do dia, fic�vamos at� as 18h30. Atualmente, d� 17h e come�amos a nos organizar para ir embora”, relata o comerciante.

A cautela tamb�m tem rela��o com a dist�ncia que M�rcio precisa percorrer at� chegar em casa, em Taguatinga. “Fa�o esse percurso todo dia. Preciso vir mais tarde (para Cocalzinho) e sair mais cedo, para passar pelas blitz em um hor�rio seguro e chegar aqui com um movimento maior de outros lojistas. � aquela coisa: um com�rcio puxa o outro e, como a circula��o est� baixa, quando uma pessoa come�a a fechar, todo mundo acompanha. Ningu�m quer correr o risco de ficar sozinho com o estabelecimento aberto”, observa.

As perdas nas vendas passam de 50% do registrado antes da megaopera��o na cidade. “Fazemos alguns trabalhos delivery, mas nem sempre compensa. �s vezes, o cliente mora em ch�caras longe demais da loja. Al�m do custo da gasolina, entra de novo a quest�o do perigo, porque precisamos entregar um celular, por exemplo, em um local afastado”, completa M�rcio.

Vaiv�m

A situa��o � a mesma em Edil�ndia. O gerente de um supermercado do povoado, que preferiu n�o ser identificado, relata que o movimento no fim de semana tem ficado abaixo do normal. “A maioria dos nossos clientes nesses dias � formada por pessoas que v�m da cidade passar um tempo aqui. Como eles n�o t�m vindo para a ro�a, n�o h� movimento. Al�m disso, os pr�prios moradores da regi�o evitam ficar andando. S� saem mesmo quando n�o tem jeito. At� pensamos que L�zaro poderia tomar outro rumo, mas, pelo visto, ele insiste em ficar aqui nas redondezas”, opina o gerente.

O impacto econ�mico n�o se restringe a Cocalzinho. A popula��o de �guas Lindas (GO), a cerca de 18km dali, tamb�m sofre com o medo. Os habitantes tentam manter a rotina, mas o fluxo das ruas deu lugar a um vaiv�m quase ininterrupto de carros de pol�cia, que percorrem a regi�o de cima a baixo. Dono de uma lanchonete, Igor Freire Nogueira, 18, diz que, por enquanto, a procura dos clientes sobrevive ao clima de tens�o.

“Funcionamos das 9h �s 23h. Mas as pessoas est�o preocupadas, quase n�o saem de casa. E tem muita gente falando que, caso ele (L�zaro) chegue mais perto, n�o vai nem sair mais. De um jeito ou de outro, o pessoal se prepara para o caso de precisar se isolar ou deixar a cidade”, comenta Igor. O jovem acrescenta que, apesar do movimento quase normal na lanchonete, um primo dele deixou Girassol, devido ao p�nico. “Eles (o primo e a fam�lia) foram embora para Bras�lia. Levaram o cachorro e disseram que n�o voltam enquanto L�zaro n�o for pego.”

A reportagem tentou contato com a Secretaria Municipal de Turismo, Esporte e Lazer de Cocalzinho, para questionar sobre os impactos econ�mico registrados na cidade. Contudo, at� o fechamento desta edi��o, nem o prefeito nem a pasta enviaram posicionamento

Ciclismo

Com temperaturas de at� 27°C em Cocalzinho, o �ltimo fim de semana convidava para um passeio de bicicleta Girassol adentro. Contudo, Laura Barreto Fonseca, 71, moradora de �guas Lindas, precisou mudar a rotina para evitar um poss�vel encontro com L�zaro. “No s�bado e no domingo, era sagrado eu sair com o grupo de ciclismo daqui (de �guas Lindas) para fazer trilha. Chegamos a percorrer de 40 a 45 quil�metros. Agora, com esse homem (L�zaro) solto, fica perigoso irmos e acabarmos dando de cara com ele”, afirma.

Com experi�ncia em diversos campeonatos, Laura � a ciclista mais velha da cidade. Por�m, precisou restringir a paix�o pelo pedal para apenas 5 km de percurso dentro da pr�pria cidade. “N�o tem jeito, precisamos tomar cuidado. Mesmo que saiamos com cinco ou seis pessoas, sempre h� o risco de algo acontecer. Algum pneu pode furar e, no meio do mato, se L�zaro aparece, j� era. N�o h� o que fazer”, ressalta.

Para ela, o que atrapalha as buscas pelo foragido �, especialmente, a quantidade de informa��es falsas em circula��o. Laura acredita que isso prejudica os policiais e amedronta mais a popula��o. “Houve a hist�ria de que L�zaro estaria pr�ximo ao pres�dio de �guas Lindas. Ningu�m confirmou isso, e deve ser mentira, mas, ainda assim, ficamos com medo. Mesmo sendo, provavelmente, fake news, quem vai arriscar?”, questiona.

Apesar disso, �guas Lindas passa por rondas constantes de policiais. No Parque das �guas Bonitas 1, bairro afastado da cidade, equipes monitoram o per�metro. No intervalo de uma hora em que a equipe do Correio esteve no local, apareceram quatro carros das for�as de seguran�a. Um integrante do grupo de buscas confessou: “Voc�s que est�o rodando por aqui, tomem cuidado. Nunca se sabe onde ele (L�zaro) vai aparecer. N�o fiquem se expondo demais, n�o”, alertou.

Cinco dias sem pronunciamento

O 15º dia da megaopera��o para capturar L�zaro Barbosa, 32 anos, levou as equipes de seguran�a a uma ch�cara em Girassol, distrito de Cocalzinho (GO) a cerca de 65km do centro de Bras�lia. Por volta das 18h30, policiais militares fizeram buscas em uma propriedade a 5km da base da for�a-tarefa, na Escola Municipal Alto da Boa Vista. As equipes chegaram �s pressas ao endere�o, em uma mata de dif�cil acesso. N�o houve detalhes sobre o motivo da a��o.

Pela manh�, peritos recolheram vest�gios na ch�cara onde um caseiro trocou tiros com um suposto invasor, por volta das 20h40 de ter�a-feira. O funcion�rio da propriedade, um homem de 54 anos que pediu para n�o ser identificado, n�o conseguiu ver o suspeito. “Estava escuro e ouvi algu�m tentar abrir a porta, batendo o p� nela. Dei um tiro e acendi a luz. Quando fiz isso, a pessoa fugiu. Est�vamos a cerca de 50m um do outro. N�o sei se ele queria me atingir, mas ele atirou”, relatou a testemunha.

A Secretaria de Seguran�a P�blica de Goi�s (SSP-GO) informou que os peritos t�m recolhido vest�gios em todas as �reas poss�veis da ch�cara. A pasta tamb�m comunicou que o carro queimado encontrado na ter�a-feira “possivelmente n�o tem rela��o com o caso”. Contudo, a possibilidade n�o � descartada, pois o trabalho de an�lise levar� mais tempo. Sobre os demais itens achados anteontem — um serrote e um len�ol sujo de terra —, n�o houve novas informa��es.

O chefe da SSP-GO, Rodney Miranda, est� h� cinco dias sem se pronunciar sobre as buscas por L�zaro. O que se sabe, segundo nota de quarta-feira (23/6) da pasta, � que o per�metro da �rea monitorada est� inalterado.

Colaboraram Darcianne Diogo e Samara Schwingel


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