
Moradores da ecovila Condom�nio Habitat se mobilizaram para fazer a primeira etapa do trabalho de combate ao fogo, no fim da tarde de segunda-feira (12/7). � noite, receberam apoio de agentes do Corpo de Bombeiros Militar de Goi�s e da Rede Contra Fogo, grupo de volunt�rios treinados para essas situa��es que trabalha pela prote��o e preserva��o da Chapada dos Veadeiros, assim como do Cerrado brasileiro.
O combate �s chamas se estende pela madrugada. Uma base foi montada em uma das ch�caras amea�adas pelo inc�ndio. As equipes de bombeiros e volunt�rios se dispersaram no in�cio da manh� de ontem e, no fim do dia, prometeram voltar ao local do inc�ndio com refor�os. Moradores da comunidade tentaram controlar o fogo, mas, com poucas pessoas dispon�veis e sem equipamentos apropriados, viram as labaredas ganharem for�a.
Apesar disso, a popula��o n�o interrompeu os esfor�os. Com uma ativa rede de comunica��o via WhatsApp, os habitantes de S�o Jo�o d'Alian�a articularam mutir�es para alimentar pessoas que atuam na linha de frente do combate �s chamas; organizaram o transporte de brigadistas da Rede Contra Fogos - sediada em Alto Para�so (GO), a cerca de 60km do foco de inc�ndio; convocaram mais pessoas; e compraram equipamentos necess�rios.
Nesta �poca do ano, a seca severa favorece a ocorr�ncia de queimadas, muitas vezes iniciadas ilegalmente. Ainda n�o se sabe a origem do inc�ndio na regi�o, mas, para o engenheiro florestal Felipe Stock, descobrir a causa em situa��es assim � complexo. "Pode ser um descuido antr�pico, uma limpeza ou queima de �rea e at� (ato) criminoso. Tamb�m pode ser natural. Estamos em uma �poca de clima seco. A vegeta��o fica mais propensa a esse tipo de ocorr�ncia. � muito dif�cil identificar", ressalta.
O engenheiro destaca o perigo da trag�dia para a biodiversidade local. "Podemos perder animais, vegeta��o, h� intensa libera��o de carbono e altera��o na paisagem. � uma �rea tur�stica. Ela perde o atrativo de visita e a beleza c�nica", pontua. "Em termos de popula��o, h� amea�a �s casas e � integridade das pessoas, que precisam fazer uma organiza��o comunit�ria para combater o fogo. Nessas propor��es, � muito perigoso", afirma Felipe.
A regi�o � rica em biodiversidade, tem in�meros vegetais t�picos do Cerrado - bioma extremamente amea�ado de extin��o -, al�m de centenas de esp�cies de animais silvestres, como lobos, antas, veados, porcos-espinhos e uma infinidade de aves.

Cachoeira fechada e plano em estudo
Propriet�ria do Complexo Veadeiros, uma das cachoeiras mais visitadas da regi�o, Eleusa Teles preferiu fechar o espa�o para visitantes ontem, devido ao risco decorrente do inc�ndio florestal. Ela conta que decidiu ajudar no combate �s chamas na regi�o durante boa parte do dia, acompanhada da fam�lia. "A p� e a cavalo, nosso grupo conseguiu debelar o fogo que vinha em nossa dire��o. Ainda assim, vamos aguardar at� quinta-feira para retomar a atividade com o p�blico. Esperamos estar em seguran�a, se Deus quiser. Tem sido um grande sufoco, especialmente para a comunidade do condom�nio", comenta.
Secret�rio de Meio Ambiente de S�o Jo�o d'Alian�a (GO), Geraldo Bertelli considera que a situa��o provoca bastante apreens�o. "O munic�pio ainda n�o conta com uma brigada contra inc�ndios. Em parceria com o Corpo de Bombeiros de Planaltina de Goi�s, temos um plano em estudo que aponta fontes de �gua para capta��o, em caso de queimadas florestais. Esse mapeamento est� feito, mas faltam recursos materiais e humanos para remediar essa situa��o mais facilmente. No momento, o que podemos oferecer s�o alguns abafadores e um soprador para combater as chamas", detalha.
Enquanto uma estrutura oficial n�o se estabelece para esse tipo de emerg�ncia, o trabalho pesado fica a cargo dos volunt�rios da Rede Contra Fogo. Contudo, isso n�o � suficiente, segundo o coordenador do grupo, Amilton S�. "A sociedade civil pode fazer a diferen�a. Com recursos pr�prios, conseguimos evitar uma trag�dia maior, agindo por mais de 24 horas, mas � preciso que o Estado mobilize as for�as de seguran�a necess�rias para resolver a situa��o definitivamente. Por enquanto, n�o h� previs�o de quando as chamas ser�o controladas, pois faltam combatentes e mais equipamentos", refor�a.
Mem�ria
Maior inc�ndio da hist�ria
Em 2017, o agravamento de queimadas no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros fez a Prefeitura Municipal de Alto Para�so de Goi�s (GO) declarar situa��o de emerg�ncia na cidade. � �poca, um inc�ndio consumiu uma �rea com mais de 35 mil hectares - o equivalente a 49 mil campos de futebol. A trag�dia colocou em risco fauna, flora, al�m da popula��o das �reas rural e urbana, segundo o Instituto Chico Mendes de Conserva��o da Biodiversidade (ICMBio), �rg�o federal gestor da reserva ambiental.
O fogo culminou no fechamento do PNCV para visita��o. Moradores e volunt�rios de outras cidades presenciaram o caos na regi�o, tomada pelas chamas e por intensa fuma�a durante nove dias. Na ocasi�o, o ICMBio informou que a origem do inc�ndio foi criminosa. A queimada foi considerada a maior da hist�ria do parque.