
� reportagem, Jos� relatou que havia tr�s pessoas na parada de �nibus - dois rapazes e uma idosa. A mulher, sentada na beirada do assento, foi a primeira a ser atingida e morreu na hora. Um dos homens estava no meio do banco e foi arremessado. O terceiro pedestre, segundo Jos�, chegou a se desviar um pouco, mas, ainda assim, foi atingido.
A cena do corpo de uma das v�timas sendo jogado para o alto e caindo na ribanceira, atr�s do asfalto, � algo que ele n�o esquecer�. "Foi horr�vel, eu vi tudo, o carro passando debaixo da parada, batendo a parte da frente e capotando, duas vezes. Vi, tamb�m, o rapaz voando e caindo em uma vala. Na hora, fiquei sem entender como o corpo poderia ter sa�do de dentro do carro, mas depois percebi que era de um dos rapazes que estavam na parada. Eu n�o tive coragem, no momento que aconteceu, de ir l� perto ver, fui depois. Foi feio, n�o gosto nem de lembrar, � uma situa��o muito triste", lamenta a testemunha.
Impactado pela trag�dia, Jos� presenciou o socorro chegando e voltou para casa. "Fico imaginando, as pessoas fizeram planos. A mulher poderia estar indo para a casa dos irm�os ou dos filhos. Estou, at� agora, meio abalado, sem entender como isso p�de acontecer. Em poucos segundos! Nossa vida n�o vale nada, � um sopro. Os �culos quebrados da idosa ficou onde ela estava", impressionou-se o homem.
Socorro
Al�m do Corpo de Bombeiros, que empregou oito viaturas e 27 militares no resgate, agentes da Superintend�ncia da Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF-DF) estiveram no local. De acordo com o �rg�o, o condutor realizou o exame do baf�metro, que deu negativo para alcoolemia. O ve�culo transportava seis pessoas, n�mero acima da capacidade permitida - tr�s adultos, uma adolescente e duas crian�as. O condutor � amigo dos demais passageiros, que s�o familiares. Eles voltavam da Bahia e estavam em dire��o a �guas Lindas (GO), onde moram. (veja ao lado - quem s�o as v�timas e infra��es cometidas)
Cerca de sete horas ap�s a colis�o, a cena ao redor da parada, localizada pr�ximo ao Condom�nio Priv�, ainda impressionava. O carro, segundo a PRF, teve perda total e foi retirado por um guincho particular.
Peda�os do ve�culo, como parte de uma das calotas e fragmentos da lataria e do parachoque, ficaram espalhados na pista e na �rea de cerrado onde o caro parou. Com o impacto, o banco no qual as v�timas esperavam pelo transporte rachou ao meio. Peda�os de concreto ficaram espalhados pelo ch�o. Na parede e ao redor da parada, marcas do �leo derramadas pelo ve�culo.
Entre janeiro e julho deste ano, aconteceram 77 acidentes fatais, 19 nas rodovias federais que cortam o Distrito Federal. Desses, tr�s foram na BR-070, entre Ceil�ndia e Taguatinga. No mesmo per�odo, 81 pessoas perderam a vida para a selvageria do tr�nsito na capital federal. Os dados est�o no boletim divulgado pelo Departamento de Tr�nsito do Distrito Federal (Detran-DF).
Investiga��o
A trag�dia � investigada pela Pol�cia Civil. O desafio dos agentes da 24ª Delegacia de Pol�cia (P Norte) � descobrir o que levou o condutor a perder o controle da dire��o, invadir a parada e capotar em seguida. At� o fechamento desta reportagem, o motorista, identificado pelo Corpo de Bombeiros apenas como Ildemar, 43 anos, n�o havia prestado depoimento. � reportagem, os agentes informaram que o homem ainda estava hospitalizado e que s� ser� ouvido, ap�s ser liberado pelos m�dicos.
Para a professora Michelle Andrade, coordenadora do programa de p�s-gradua��o em transportes do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Bras�lia (UnB), o poder p�blico tem parte da culpa nos desastres recorrentes. "Claro que o motorista tem responsabilidade, porque o excesso de velocidade agravou a situa��o. Por�m a estrutura prec�ria foi decisiva para o desfecho tr�gico. Uma via cuja velocidade permitida � de 80 km/h n�o � local para paradas de �nibus. A rodovia deveria ter um recuo maior e prote��es, para um carro n�o atingir pedestres, caso perca a dire��o. A sa�da de pista, como nesse caso, � uma ocorr�ncia comum em rodovias, mas a consequ�ncia foi fruto do abrigo de pedestres � espera de �nibus em lugar indevido e da falta de prote��o", explicou.
A reportagem entrou em contato com o Governo do Distrito Federal, por meio da Secretaria de Transporte e Mobilidade, e com a PRF, para saber da legisla��o a respeito de paradas de �nibus em rodovias federais e de alta velocidade. O GDF tamb�m foi questionado acerca da falta de recuo adequado para o embarque e desembarque de passageiros do transporte p�blico. N�o houve retorno.
"Foi horr�vel, eu vi tudo, o carro passando debaixo da parada, batendo a parte da frente e capotando, duas vezes. Vi, tamb�m, o rapaz voando e caindo em uma vala"
Jos�, nome fict�cio da testemunha
» V�timas
Ve�culo
» Ildemar, 43 anos, motorista, transportado ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT) com dores na nuca.
» Adriana, 28 anos. Apresentava dores nas pernas e escoria��es no rosto. Foi atendida no HRT.
» Evando, 26 anos: sofreu um corte na testa e foi levado ao Hospital Regional de
Ceil�ndia (HRC).
» Adolescente de 17 anos: queixou-se de dores no peito e na parte de cima da cabe�a. Recebeu atendimento no HRT.
» Menino de 4 anos: foi levado ao HRT com hematomas na cabe�a e escoria��es no rosto.
» Menina de 6 anos: com edema na cabe�a, foi transportada ao HRC.
Parada de �nibus
» Idosa de 65 anos: estava sentada na ponta do banco e foi a primeira a ser atingida. Morreu no local. O nome n�o foi divulgado.
» Homem sem idade nem identidade reveladas. Foi atingido pela parte da frente do carro e arremessado para tr�s da parada de �nibus. Morreu no local.
» Homem sem idade nem identidade reveladas. Foi transportado pelo Servi�o M�vel de Urg�ncia (Samu) ao HRC, com traumatismo craniano grave.
Infra��es
» Circular em velocidade superior � m�xima permitida para o local: infra��o de m�dia a grav�ssima, com multa de, at�, R$ 880,41. O condutor pode perder a carteira de habilita��o e o direito
de dirigir.
» Transitar com passageiros excedentes � lota��o do ve�culo: infra��o grav�ssima, com multa e remo��o do carro.
» Transportar crian�as sem assentos especiais: infra��o grav�ssima, com multa de
R$ 293,47 e reten��o do ve�culo, at� que a irregularidade seja sanada.
Fonte: C�digo de Tr�nsito Brasileiro e professora Michelle Andrade