
Quadrilhas organizam at� sequestros para obrigar a v�tima a colocar senhas dos aplicativos de banco e fazer, ela pr�pria, a transfer�ncia via Pix para contas "laranjas", criadas s� para receber o dinheiro. Nas contas da Secretaria de Seguran�a P�blica de S�o Paulo, foram registrados 206 boletins de ocorr�ncia de sequestro rel�mpago no Estado, de janeiro a julho deste ano - 39,1% a mais que no mesmo per�odo de 2020. A pasta n�o diz quantos envolvem o Pix.
"O sequestro rel�mpago estava meio que adormecido. Mas desde que o Pix entrou no mercado, em novembro de 2020, a gente notou aumento significativo dos casos", conta o delegado Tarsio Severo, do Departamento de Opera��es Especiais de Pol�cia (Dope).
N�o que o Pix seja mais inseguro, adverte. Apenas tornou a opera��o mais veloz. "Os bandidos conseguem sacar o dinheiro antes de a pol�cia tomar conhecimento. Na hora em que a gente � acionado, muitas vezes o saque j� aconteceu faz tempo", conta o delegado. Severo j� trabalhou em casos cujas transfer�ncias por Pix chegaram a R$ 100 mil.
"O celular � uma arma. Tem tudo dentro dele: aplicativo, senha, biometria. Como ficou f�cil, os criminosos est�o adotando o sequestro rel�mpago. V�o roubar uma resid�ncia, por exemplo, e aproveitam para fazer um Pix", acrescenta Severo.
'Aterrorizante'
Foi justamente por saber da ocorr�ncia de crimes assim que Andr� Chaves diminuiu, dias antes do roubo de seu celular, o limite de transfer�ncia dos aplicativos que utiliza. Ainda assim, perdeu R$ 3,8 mil, transferidos de um banco e outros R$ 2 mil retirados de uma carteira digital de investimentos. "� uma sensa��o completamente aterrorizante", contou o banc�rio ao jornal "O Estado de S. Paulo".
Ap�s recuperar o n�mero antigo de celular, Chaves entrou em contato com as institui��es financeiras das quais � cliente. Segundo ele, o banco informou que n�o seria poss�vel fazer a devolu��o do valor, mas ele pretende recorrer. A gestora da carteira digital ainda est� analisando o pedido.
Delegado de Pol�cia da 1ª Seccional de S�o Paulo, Roberto Monteiro explica que, especialmente na regi�o central da capital, os sequestros n�o s�o t�o frequentes, mas sim os roubos. "O que temos aqui � mais a fraude a partir de celulares, que s�o levados para que pessoas que t�m conhecimento t�cnico deles extraiam dados banc�rios para que sejam aplicados golpes".
Atenta ao problema, a Pol�cia Civil de S�o Paulo realizou na ter�a-feira a Opera��o Pen-Off e deteve quatro investigados por vender ilegalmente dispositivos de armazenamento que cont�m "dados cadastrais de pessoas diversas".
Para Guaracy Mingardi, analista criminal e membro do F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica, "a pol�cia n�o est� preparada" para essas ocorr�ncias. "A �rea de investiga��o sobre inform�tica � muito pequena. Os crimes v�o acontecendo e a pol�cia vai correndo atr�s." Segundo ele, � de suma import�ncia que o Banco Central e as institui��es financeiras adotem medidas para implementar mais etapas de seguran�a. Em nota, o Banco Central disse que "todas as opera��es com o Pix s�o 100% rastre�veis", o que permite a identifica��o das contas recebedoras dos recursos.
A Secretaria da Seguran�a paulista disse que "de janeiro at� o momento, foram detidos mais de 100 criminosos, identificados outros 74 e apreendidos quatro menores de idade" envolvidos nessa modalidade.
Controle tudo e seja desconfiado
1. A Febraban alerta que, desde abril, o usu�rio pode controlar seu limite no sistema de pagamento.
2. N�o utilize a senha do banco em outros aplicativos. N�o anote senhas dentro do celular e utilize o bloqueio da tela de in�cio do aparelho.
3. Ao receber mensagens ou liga��es, � fundamental desconfiar de contatos desconhecidos, principalmente em casos em que a transfer�ncia de dinheiro � de forma emergencial.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.