
Nas poucas vezes em que falou com o irm�o, Alfredo revela que as liga��es eram supervisionadas por Maruzia e feitas pelo pr�prio celular dela, pois o servidor n�o tinha telefone. Segundo ele, a fam�lia n�o tem d�vidas de que Maruzia afastou o servidor da m�e e dos irm�os, proibindo-o de manter contato com os parentes. "At� o meu sobrinho, filho deles, vive isolado em Portugal e n�o fala conosco. Ela colocou na cabe�a do filho que ningu�m quer saber dele."
Depois de toda a repercuss�o do caso, Alfredo conta que a fam�lia est� abalada e sem acreditar no que aconteceu. Ele ressalta, ainda, que Maruzia sempre foi uma mulher autorit�ria, arrogante e que tinha problemas com os parentes do marido. "N�o sab�amos da gravidade desses fatos, mas n�o temos d�vidas de que ela seja a autora do que aconteceu com o nosso parente querido."
A fam�lia do servidor contratou uma advogada para acompanhar o caso. Segundo o irm�o, a m�e da v�tima pediu a guarda do filho, mesmo que temporariamente.
O caso
Em relatos contundentes, tr�s filhos decidiram denunciar a pr�pria m�e por agress�o, maus-tratos e c�rcere privado cometidos supostamente contra o marido, o padrasto deles.
A situa��o foi piorando, at� que os filhos perceberam que o padrasto passava a maior parte do dia dopado, deitado em uma cama, sem conseguir fazer as atividades b�sicas do dia a dia, como colocar comida no prato e tomar banho.
"Ele ficou submisso a ela e falava para n�s que minha m�e s� estava cuidando dele e s� queria o bem. Mas a� iniciaram-se as agress�es. Ela j� fechou a m�o dele na porta do carro por v�rias vezes. Quando cheg�vamos em casa, tinha panela quebrada e ele sempre com marcas pelo corpo. No per�odo em que morei com eles, tinha vezes que nem �gua ela queria comprar e come�ou a faltar tudo, e n�o entend�amos o porqu�", afirmou uma das filhas.
A revela��o
Em Bras�lia, Maruzia alugou um apartamento em um condom�nio de �guas Claras, onde iria ficar com o marido at� recuperar-se da cirurgia est�tica. Enquanto estava internada no hospital, os filhos decidiram visitar o padrasto. Ao chegarem ao edif�cio, foram informados pelo porteiro que ningu�m com determinado nome morava naquele endere�o. "Liguei para o dono do im�vel e perguntei se minha m�e ainda tinha contrato com ele. Ele respondeu que sim. Expliquei toda a situa��o e o propriet�rio foi at� n�s, quando conseguimos subir at� o apartamento", afirmou a filha.
A ordem dos filhos para n�o entrarem no im�vel teria partido da pr�pria m�e. A empregada que negou a entrada prestou depoimento na delegacia. O Correio teve acesso ao interrogat�rio e, nele, a funcion�ria confessa que a patroa temia que os filhos levassem o marido � for�a. Em outro trecho do depoimento, ela afirma que o servidor tomava de oito a 10 comprimidos s� na parte da manh� e noite.
Quando soube que os filhos haviam conseguido entrar no apartamento, Maruzia fez uma chamada por v�deo ao marido. A cena foi gravada e, durante a conversa, a mulher, em tom amea�ador, diz: "Se est� trabalhando, n�o responde. Cad� sua m�e? N�o responde. Est� tomando rem�dio? N�o responde. Est� trabalhando? N�o responde. Entendeu? Para de dar conversa", diz a economista. A filmagem foi repassada � reportagem, mas para preservar a identidade da v�tima, n�o ser� divulgada.
Em 8 de setembro, um dia depois do feriado, uma viatura da Pol�cia Militar e ambul�ncia do Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncia (Samu) foram acionadas at� o endere�o. Durante o atendimento do Samu, ficou constatado pelas equipes que a v�tima estava sob efeito de superdosagem medicamentosa, como consta no pr�prio boletim policial registrado na 21ª Delegacia de Pol�cia (Taguatinga Centro), unidade que apura o caso.
No im�vel, os filhos encontraram v�rias caixas de rivotril, medicamento utilizado no tratamento de dist�rbios de ansiedade, como s�ndrome do p�nico, ansiedade social, entre outros. Caso tomado em excesso, o rem�dio pode levar a aus�ncia de reflexos (arreflexia), apneia, hipotens�o arterial, depress�o cardiorrespirat�ria e outros sintomas.