
A m�dia de aceita��o � descriminaliza��o do aborto sempre que for o desejo da mulher foi de 46% nos pa�ses pesquisados. Atr�s do Brasil no baixo apoio a esta afirma��o ficaram apenas a Col�mbia (26%), o M�xico (24%), o Peru (15%) e a Mal�sia (14%).
Na pesquisa, havia outras tr�s op��es de resposta: "o aborto deve ser permitido em determinadas circunst�ncias, por exemplo, no caso de uma mulher ter sido estuprada"; "o aborto n�o deve ser permitido em hip�tese alguma, exceto quando a vida da m�e estiver em risco"; e "o aborto nunca deve ser permitido, n�o importando sob quais circunst�ncias". No Brasil, o apoio a estas foi de respectivamente 33%, 16% e 8%, al�m de 13% que n�o souberam ou n�o quiseram opinar.
Apesar de no quadro global o pa�s aparecer entre os menos favor�veis � legaliza��o total do aborto, em 2021 o Brasil chegou ao percentual mais alto de pessoas opinando que o procedimento deveria ser permitido total ou parcialmente (soma das respostas "o aborto deve ser permitido sempre que uma mulher assim o desejar" e "o aborto deve ser permitido em determinadas circunst�ncias, por exemplo, no caso de uma mulher ter sido estuprada). Neste ano, esse percentual chegou a 64%, enquanto em 2014, o valor foi de 53%.
Entretanto, o apoio � descriminaliza��o do aborto no Brasil n�o cresceu constantemente ano-a-ano — pelo contr�rio, oscilou bastante. Entre 2015 e 2019, variou entre 50% e 61% e, em 2020, voltou a 53%. Agora, em 2021, saltou 11 pontos percentuais.
"� um dado que oscila na opini�o p�blica porque ainda � um tema considerado tabu na sociedade (brasileira). Ele sofre bastante influ�ncia de caracter�stica culturais, de como historicamente a sociedade encara esse tema, que � delicado" explica Priscilla Branco, porta-voz do estudo e gerente de Public Affairs da Ipsos no Brasil.
A especialista aponta que fatores internos de um pa�s, como o debate p�blico sobre algum projeto de lei acerca do aborto, podem levar a altera��es nestes dados em determinados anos, assim como fatores externos. No Brasil, a movimenta��o recente de pa�ses vizinhos pode ter levado � maior aceita��o da descriminaliza��o do aborto.
No �ltimo m�s de 2020, o Senado argentino aprovou a legaliza��o do procedimento nas primeiras 14 semanas de gesta��o. Antes, a legisla��o do pa�s era t�o restritiva quanto a brasileira, prevendo aborto apenas em casos de estupro ou quando a sa�de da m�e estava em risco.

A Coreia do Sul descriminalizou o aborto no in�cio de 2021 e, assim como a Argentina, apresentou um percentual maior de pessoas favor�veis � legaliza��o do procedimento nas edi��es de 2020 e 2021 da pesquisa da Ipsos.
Priscilla Branco aponta tamb�m como influ�ncia externa para o Brasil a forma��o de uma assembleia constituinte no Chile, que embora n�o tenha como foco o aborto, est� "mais inclusiva e feminina".
J� o Brasil ainda � "conservador" na tem�tica do aborto, segundo a pesquisadora da Ipsos, o que � demonstrado pelo "medo da classe pol�tica de tratar esse tema com transpar�ncia". Entretanto, a chegada em 2021 a um percentual de 64% dos entrevistados favor�veis � legaliza��o total ou parcial do aborto pode ser reflexo de um "amadurecimento" da sociedade brasileira sobre os direitos das mulheres.
Uma outra pesquisa da Ipsos, publicada em mar�o, mostrou que o Brasil estava entre os 28 pa�ses onde os entrevistados mais concordavam que acabar com a disparidade salarial entre g�neros deveria ser uma prioridade nacional.
Homens s�o menos favor�veis
A pesquisa global sobre a permiss�o ao aborto foi realizada em plataforma online com cerca de 20 mil pessoas, 1.000 delas no Brasil. Para o pa�s, a margem de erro � de 3,5 pontos percentuais.
Na m�dia dos 27 pa�ses analisados, o percentual de pessoas favor�veis � permiss�o parcial ou total do aborto (soma das respostas "o aborto deve ser permitido sempre que uma mulher assim o desejar" e "o aborto deve ser permitido em determinadas circunst�ncias, por exemplo, no caso de uma mulher ter sido estuprada") foi est�vel entre 2014 e 2021, variando de 70% a 75% ao longo dos anos. Em 2021, o valor foi de 71%.
Nos primeiros lugares de pa�ses mais favor�veis est�o a Su�cia (88%), Holanda (85%) e Fran�a (81%); nas �ltimas posi��es, est�o Turquia (56%), Peru (53%) e Mal�sia (30%).
As mulheres se mostraram mais favor�veis � permiss�o parcial ou total do aborto (73%) do que os homens (69%).

Especificamente a afirma��o "o aborto deve ser permitido sempre que uma mulher assim o desejar" teve apoio de 50% das mulheres e de 43% dos homens. J� a frase "o aborto deve ser permitido em determinadas circunst�ncias, por exemplo, no caso de uma mulher ter sido estuprada" teve concord�ncia de 23% das mulheres e 26% dos homens.
Globalmente, quanto maior a escolaridade, maior o percentual de pessoas favor�veis parcial ou totalmente � descriminaliza��o do aborto: este foi de 74% entre aqueles com grau mais alto; de 70% no n�vel de educa��o m�dio; e 66% com grau baixo.
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