
A constru��o do Cristo levou cinco anos para ser conclu�da e � considerada uma vit�ria da engenharia para a �poca. Primeiro, pelo desafio de erguer um monumento que pesa mais de 1.100 toneladas no alto do morro do Corcovado, a 709 metros do n�vel do mar. Depois, por fazer com que essa est�tua de concreto armado e pedra-sab�o com 30 metros de altura (al�m dos 8 de pedestal) suportasse os ventos, as chuvas e os raios por anos.
Nesse per�odo, o Cristo Redentor passou por algumas restaura��es. Desde o in�cio do ano, cinco pontos da est�tua passam por reforma. O Estad�o apurou, contudo, que o monumento ainda precisaria sofrer uma s�rie de interven��es nos pr�ximos anos. O motivo � o desgaste natural do tempo.
Para comemorar o anivers�rio, diversas a��es est�o programadas para os pr�ximos dias. Na ter�a, al�m de missa em a��o de gra�as com a presen�a de autoridades - tal qual aconteceu na inaugura��o, em 1931 -, haver� uma apresenta��o da Esquadrilha da Fuma�a e o lan�amento de selos e de medalhas comemorativas. No mesmo dia, ser� dado o in�cio a uma festa sustent�vel que se seguir� at� o fim de semana, na Catedral Metropolitana do Rio.
Al�m disso, o anivers�rio do Cristo tamb�m motivou outras homenagens. Uma delas, bem brasileira: a "Cacha�a Redentor", que antes mesmo de seu lan�amento oficial foi dada de presente ao Papa Francisco.
Na quinta-feira, mesmo com o tempo encoberto, o monumento recebeu centenas de turistas. Entre eles estava o casal Guilherme e Renata Fernandes, de Porto Alegre. "� parada obrigat�ria. No Rio de Janeiro, n�o tem como n�o vir ao Cristo. E somos crist�os, ent�o acho que representa muito aquilo que a gente acredita: bra�os abertos, que nos recebe e que aben�oa as pessoas", disse Guilherme, que � policial civil. "� um pouquinho menor do que imaginava, mas estou igualmente surpreso. O Cristo, a vista, o conjunto todo � surpreendente de qualquer forma."
O encantamento pelo monumento e pela vista n�o s�o acompanhados por outras op��es de um ponto tur�stico. Lojinhas de suvenir, quiosques e cantinas no alto do Corcovado est�o todos fechadas. Quem quiser alguma lembran�a ou mesmo um pouco de �gua para se hidratar precisa comprar antes de subir o morro. Banheiros tamb�m s�o raros, e pelo menos uma das duas escadas rolantes tem se mantido desativada.
H� anos, a Arquidiocese do Rio e o governo federal n�o se entendem sobre o controle dos espa�os. Oficialmente, a Igreja administra a est�tua do Cristo Redentor e o plat� do mirante, al�m da Capela de Nossa Senhora Aparecida, que fica na base do monumento. Os pontos comerciais, por sua vez, ficam em �rea pertencente ao Parque Nacional da Tijuca, vinculado ao Minist�rio do Meio Ambiente. Em 2019, o minist�rio conseguiu uma ordem de despejo dos lojistas, e desde o meio deste ano os espa�os est�o vazios.
O Estad�o questionou o minist�rio sobre o tema. Na sexta-feira, a pasta informou apenas que firmar� um acordo que dar� "direito de uso e acesso ao Cristo Redentor". Segundo o minist�rio, a medida vigorar� por tempo indeterminado "dando mais liberdade e seguran�a jur�dica aos cat�licos que acessam o Santu�rio". N�o foram informados detalhes do acordo.
Restauro
A reforma envolve uma equipe de 40 profissionais, incluindo quatro alpinistas. Um deles, Rodrigo Tavares, vai quase que diariamente ao monumento. O trabalho come�a ainda de madrugada, e ao longo do dia ele sobe e desce in�meras vezes os 12 lances de escadas instaladas no interior do Cristo. Mas o trabalho, conta, � muito gratificante. "Vou te falar: tenho 16 anos de profiss�o, mas pra mim � uma sensa��o inexplic�vel. � surreal. Eu trabalhei em quase todos os grandes projetos que tiveram no Brasil, mas trabalhar no projeto de restaura��o do Cristo Redentor � um privil�gio."
O alpinista industrial conta que a parte mais dif�cil do trabalho � lidar com a for�a dos ventos. Eles mudam a todo momento e, muitas vezes, inviabilizam a atua��o da equipe. Mas nada que abale o prazer de atuar no restauro do monumento nonagen�rio. "Estou no lugar que todo mundo gostaria de estar (interior do Cristo), e ainda recebo por isso", brinca.