
Imagens obtidas pelo Correio e registradas por c�meras de seguran�a pr�ximas � creche mostram o momento em que funcion�rias da escolinha colocam o corpo de Amariah dentro de um carro, pelo port�o dos fundos. Delegado-adjunto da unidade policial, Veluziano de Castro relatou que, enquanto a menina era colocada no ve�culo, o pai dela aguardava a sa�da da filha � frente da entrada principal. As monitoras teriam dito a ele que a causa da morte seria por engasgo - vers�o descartada por uma m�dica do HRPL.
Amariah chegou morta ao hospital. O laudo do Instituto de Medicina Legal (IML), que deve ajudar a pol�cia a elucidar a causa da morte, tem previs�o de sair em 10 dias. Se comprovada a responsabilidade, Marina pode responder por homic�dio com dolo eventual: "Ela se omitiu nos cuidados da beb� e tamb�m assumiu o risco da morte", afirmou Veluziano.
Suspeitas
A creche mantinha as atividades ilegalmente havia cerca de tr�s anos e n�o tinha licen�a para funcionar, segundo a Secretaria de Educa��o. O estabelecimento recebia crian�as de 4 meses a 12 anos, em meio per�odo e turmas em tempo integral. O valor das mensalidades variava de R$ 200 a R$ 300. Marina Pereira ficava respons�vel pelo cuidado com os beb�s de 4 a 12 meses e at� "sentia ci�mes" de outras funcion�rias. "Ela trancava a porta e escondia as chaves dentro da blusa para ningu�m entrar", detalhou o delegado.
No dia do crime, por volta de 12h, Amariah come�ou a chorar e Marina teria entrado no quarto nervosa, segundo relatos das outras funcion�rias � pol�cia. "Ap�s segundos, o choro da beb� ficou abafado e nada se ouviu", disse uma das monitoras. A mesma testemunha relatou que a suspeita havia dito, em outras ocasi�es, que n�o gostava da menina nem da m�e da crian�a.
Marina havia, inclusive, costurado um saco de dormir exclusivo para Amariah, que cobria at� os bra�os da menina, de modo que, se ficasse de bru�os, a beb� n�o conseguiria sair. As investiga��es tamb�m revelam que, quando a crian�a parou de chorar, a dona da creche deixou o quarto, disse que levaria duas crian�as para casa e trancou a porta do c�modo onde as crian�as ficavam.
Pouco tempo depois, enquanto a suspeita estava fora, as funcion�rias ouviram, novamente, o choro de Amariah. Com outra chave, uma das monitoras abriu a porta para ver o que acontecia e, ao entrar, encontrou a menina de bru�os, p�lida, com catarro no nariz e vestida com o saco de dormir. Assustada, a equipe ligou para Marina e pediu que ela retornasse imediatamente ao trabalho.
Uma das funcion�rias disse � pol�cia que iniciou procedimentos de primeiros socorros e levou a crian�a ao hospital. Como � poss�vel ver no v�deo, Marina chega pelos fundos da creche, pois o pai aguardava pela filha em frente ao port�o principal. Em seguida, a dona da escolinha coloca o corpo de Amariah em um carro e sai.
Conversas
Em mensagens trocadas entre Marina e uma funcion�ria da creche, a suspeita tenta atribuir a responsabilidade pelos cuidados com o beb� �s outras monitoras. "N�o precisa ir trabalhar. Amariah, ontem, foi ao hospital e faleceu. Eu e tia Cleide estamos f*didas. Ontem, eu nem mexi com a beb�", escreveu a respons�vel pela institui��o.
Apavorada, a monitora pergunta como ocorreu a morte. Em resposta, Marina diz: "Me conta tudo o que voc� fez com ela, pois terei que arranjar um advogado. Deu banho? Colocou no ber�o, essas coisas(?)". A funcion�ria responde: "Eu s� (a) recebi na hora (em) que ela chegou, e eu te entreguei na hora do parque. N�o dei banho nela ontem. Naquela hora que coloquei a comida dos beb�s, ela estava chorando e voc� foi no quarto, voc� fez algo com ela?", perguntou. A dona da creche responde: "Era s� isso que eu queria saber mesmo".
O Correio tentou contato com a defesa de Marina, mas n�o teve retorno at� o fechamento desta edi��o. Abalados, os pais da crian�a n�o quiseram dar entrevista.
Pris�o preventiva
Marina passou por audi�ncia de cust�dia na manh� de ontem e teve a pris�o em flagrante convertida em preventiva. Na justificativa, o juiz que analisou o caso considerou que os fatos apresentam "especial gravidade". "Chama aten��o o fato de a creche funcionar irregularmente. Em ato cont�nuo, tamb�m h� not�cia de que a crian�a estava chorando e a autuada foi at� a menor, momento em que o som do choro da infante passou de normal para abafado, destacando-se, ainda, que a crian�a foi encontrada em um saco confeccionado pela autuada, cobrindo todo seu corpo, inclusive os bra�os, e com pano protetor do ber�o sobre a cabe�a", escreveu o magistrado.
Caso o laudo do IML comprove que Marina teve inten��o de matar a v�tima, a suspeita poder� responder por homic�dio qualificado, segundo o delegado que apura o caso.


Palavra de especialista
Cuidados s�o complementares
A seguran�a n�o tem poder de fiscaliza��o ou observa��o que possa determinar algum tipo de a��o praticada por ela (dona da creche) em rela��o � prote��o de crian�as em institui��es privadas. Os cuidados (por parte) dos respons�veis e das institui��es t�m de ser complementares. Nesses estabelecimentos, deve-se seguir todas as normas, para que sejam regularizados. Eles dependem (da fiscaliza��o) de ambas as partes: tanto do Estado, quando v�o buscar todas as certid�es, quanto da postura pessoal em rela��o a onde (as pessoas) deixar�o os pr�prios filhos. Quando se trata da �rea educacional, cabe � Secretaria de Educa��o e a outros �rg�os buscar uma fiscaliza��o diferenciada. E � poss�vel (�s fam�lias) verificar inova��es (nas institui��es de ensino), como a obrigatoriedade de um sistema de seguran�a privada.
Leonardo Sant'Anna, especialista em seguran�a p�blica e privada