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Estado de Minas POL�CIA

Beb� morre depois de ser deixada em creche no DF

Amariah Noleto, 6 meses, havia sido entregue �s respons�veis pelo estabelecimento na manh� de quarta-feira. � tarde, pais descobriram que a filha havia morrido


23/10/2021 12:14

Depoimentos de funcionários à polícia dão conta de que a criança havia chorado e ficado trancada em um quarto; ela foi encontrada de bruços, pálida e enrolada em um saco de dormir
Depoimentos de funcion�rios � pol�cia d�o conta de que a crian�a havia chorado e ficado trancada em um quarto; ela foi encontrada de bru�os, p�lida e enrolada em um saco de dormir (foto: Arquivo pessoal)
A fam�lia da pequena Amariah Noleto, uma beb� de 6 meses, n�o se conforma com a ida precoce da menina, deixada em uma creche na Vila Buritis, em Planaltina, horas antes de morrer. O pai dela - que pediu para n�o ter o nome divulgado - s� descobriu que a filha havia morrido quando foi busc�-la na escolinha e recebeu a tr�gica not�cia. A crian�a j� estava no Hospital Regional de Planaltina (HRPl). Uma das respons�veis pela institui��o, Marina Pereira da Costa, 22 anos, foi indiciada por homic�dio doloso e teve a pris�o em flagrante convertida em preventiva pela Justi�a, ontem.

O caso aconteceu na quarta-feira. O pai de Amariah, um jovem de 23 anos, saiu de casa pela manh� para levar a menina � creche, na Quadra 4 da Vila Buritis. Por volta das 17h, ao voltar ao estabelecimento para buscar a beb�, ele enviou uma mensagem ao primo e disse estar em frente � creche. Em depoimento aos investigadores da 31ª Delegacia de Pol�cia (Planaltina), o destinat�rio contou que, por volta das 18h20, recebeu outro recado do primo, afirmando que a crian�a estava morta.

Imagens obtidas pelo Correio e registradas por c�meras de seguran�a pr�ximas � creche mostram o momento em que funcion�rias da escolinha colocam o corpo de Amariah dentro de um carro, pelo port�o dos fundos. Delegado-adjunto da unidade policial, Veluziano de Castro relatou que, enquanto a menina era colocada no ve�culo, o pai dela aguardava a sa�da da filha � frente da entrada principal. As monitoras teriam dito a ele que a causa da morte seria por engasgo - vers�o descartada por uma m�dica do HRPL.

Amariah chegou morta ao hospital. O laudo do Instituto de Medicina Legal (IML), que deve ajudar a pol�cia a elucidar a causa da morte, tem previs�o de sair em 10 dias. Se comprovada a responsabilidade, Marina pode responder por homic�dio com dolo eventual: "Ela se omitiu nos cuidados da beb� e tamb�m assumiu o risco da morte", afirmou Veluziano.

Suspeitas


A creche mantinha as atividades ilegalmente havia cerca de tr�s anos e n�o tinha licen�a para funcionar, segundo a Secretaria de Educa��o. O estabelecimento recebia crian�as de 4 meses a 12 anos, em meio per�odo e turmas em tempo integral. O valor das mensalidades variava de R$ 200 a R$ 300. Marina Pereira ficava respons�vel pelo cuidado com os beb�s de 4 a 12 meses e at� "sentia ci�mes" de outras funcion�rias. "Ela trancava a porta e escondia as chaves dentro da blusa para ningu�m entrar", detalhou o delegado.

No dia do crime, por volta de 12h, Amariah come�ou a chorar e Marina teria entrado no quarto nervosa, segundo relatos das outras funcion�rias � pol�cia. "Ap�s segundos, o choro da beb� ficou abafado e nada se ouviu", disse uma das monitoras. A mesma testemunha relatou que a suspeita havia dito, em outras ocasi�es, que n�o gostava da menina nem da m�e da crian�a.

Marina havia, inclusive, costurado um saco de dormir exclusivo para Amariah, que cobria at� os bra�os da menina, de modo que, se ficasse de bru�os, a beb� n�o conseguiria sair. As investiga��es tamb�m revelam que, quando a crian�a parou de chorar, a dona da creche deixou o quarto, disse que levaria duas crian�as para casa e trancou a porta do c�modo onde as crian�as ficavam.

Pouco tempo depois, enquanto a suspeita estava fora, as funcion�rias ouviram, novamente, o choro de Amariah. Com outra chave, uma das monitoras abriu a porta para ver o que acontecia e, ao entrar, encontrou a menina de bru�os, p�lida, com catarro no nariz e vestida com o saco de dormir. Assustada, a equipe ligou para Marina e pediu que ela retornasse imediatamente ao trabalho.

Uma das funcion�rias disse � pol�cia que iniciou procedimentos de primeiros socorros e levou a crian�a ao hospital. Como � poss�vel ver no v�deo, Marina chega pelos fundos da creche, pois o pai aguardava pela filha em frente ao port�o principal. Em seguida, a dona da escolinha coloca o corpo de Amariah em um carro e sai.

Conversas


Em mensagens trocadas entre Marina e uma funcion�ria da creche, a suspeita tenta atribuir a responsabilidade pelos cuidados com o beb� �s outras monitoras. "N�o precisa ir trabalhar. Amariah, ontem, foi ao hospital e faleceu. Eu e tia Cleide estamos f*didas. Ontem, eu nem mexi com a beb�", escreveu a respons�vel pela institui��o.

Apavorada, a monitora pergunta como ocorreu a morte. Em resposta, Marina diz: "Me conta tudo o que voc� fez com ela, pois terei que arranjar um advogado. Deu banho? Colocou no ber�o, essas coisas(?)". A funcion�ria responde: "Eu s� (a) recebi na hora (em) que ela chegou, e eu te entreguei na hora do parque. N�o dei banho nela ontem. Naquela hora que coloquei a comida dos beb�s, ela estava chorando e voc� foi no quarto, voc� fez algo com ela?", perguntou. A dona da creche responde: "Era s� isso que eu queria saber mesmo".

O Correio tentou contato com a defesa de Marina, mas n�o teve retorno at� o fechamento desta edi��o. Abalados, os pais da crian�a n�o quiseram dar entrevista.

Pris�o preventiva


Marina passou por audi�ncia de cust�dia na manh� de ontem e teve a pris�o em flagrante convertida em preventiva. Na justificativa, o juiz que analisou o caso considerou que os fatos apresentam "especial gravidade". "Chama aten��o o fato de a creche funcionar irregularmente. Em ato cont�nuo, tamb�m h� not�cia de que a crian�a estava chorando e a autuada foi at� a menor, momento em que o som do choro da infante passou de normal para abafado, destacando-se, ainda, que a crian�a foi encontrada em um saco confeccionado pela autuada, cobrindo todo seu corpo, inclusive os bra�os, e com pano protetor do ber�o sobre a cabe�a", escreveu o magistrado.

Caso o laudo do IML comprove que Marina teve inten��o de matar a v�tima, a suspeita poder� responder por homic�dio qualificado, segundo o delegado que apura o caso.

Conversas trocadas entre a dona da creche e uma das funcionárias
Conversas trocadas entre a dona da creche e uma das funcion�rias da institui��o (foto: Reprodu��o)
Conversas trocadas entre a dona da creche e uma das funcionárias da instituição
(foto: Reprodu��o)

Palavra de especialista


Cuidados s�o complementares

A seguran�a n�o tem poder de fiscaliza��o ou observa��o que possa determinar algum tipo de a��o praticada por ela (dona da creche) em rela��o � prote��o de crian�as em institui��es privadas. Os cuidados (por parte) dos respons�veis e das institui��es t�m de ser complementares. Nesses estabelecimentos, deve-se seguir todas as normas, para que sejam regularizados. Eles dependem (da fiscaliza��o) de ambas as partes: tanto do Estado, quando v�o buscar todas as certid�es, quanto da postura pessoal em rela��o a onde (as pessoas) deixar�o os pr�prios filhos. Quando se trata da �rea educacional, cabe � Secretaria de Educa��o e a outros �rg�os buscar uma fiscaliza��o diferenciada. E � poss�vel (�s fam�lias) verificar inova��es (nas institui��es de ensino), como a obrigatoriedade de um sistema de seguran�a privada.

Leonardo Sant'Anna, especialista em seguran�a p�blica e privada


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